Capítulo 50: "Será que ele é?"

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Nico

Acordar sendo abraçado nunca foi uma coisa que eu gostava de fazer. Odiava a carência das mulheres, a forma como insistiam em ter um relacionamento comigo mesmo depois de dizer que só queria transar. Odiava a hipocrisia escondida atrás dos sorrisos delas. Não odiava as mulheres, mas porra, desprezava a falsidade. Devia conhecer só as mulheres erradas, só que nada dessa merda importava.

Olhei para Frederico, apagado, com os braços na minha cintura e as pernas em cima das minhas. Ele não parecia entender o significado de espaço pessoal. Eu tava bem fodido com esse gato de rua. Passei a mão pelos seus cabelos bagunçados. Meus olhos desceram em direção ao seu pescoço e admito que estava orgulhoso das marcas que tinha feito.

Frederico era um gato e eu tava me tornando a porra de um cachorro, ansioso pra marcar território. Suspirei ficando cada vez mais preocupado com o meu futuro. Só conseguia ver o quão fodido eu tava.

— Ei, bom dia. — A voz sonolenta e preguiçosa do gato de rua surgiu. Desviei o olhar das marcas em seu corpo e olhei para seus olhos. Sua expressão era a mesma de um gato carente.

Levantei a mão, tocando ao lado de seus olhos, lembrando de suas lagrimas enquanto enfiava nele. Foi uma puta experiência. Deveria fazer isso todas às vezes e adivinhando meus pensamentos, Frederico ergueu uma sobrancelha em desagrado ao me encarar. Ri alto, divertido com sua expressão. Abaixei minha cabeça, beijei seus lábios levemente.

— Você estava há muito tempo em abstinência? — Ele perguntou ao fazer uma careta. Neguei ao afirmar que a ultima vez tinha sido um tempo antes de irmos para a ilha. — Então estou considerando te devolver.

Gargalhei.

— É tarde demais.

Virei, o pressionando e fiquei cada vez mais satisfeito. Abaixei a cabeça, mordendo seu ombro, o suficiente para deixar uma marca vermelha, quase roxa. Prestes a ter uma manhã relaxante, escutei a campainha tocar. Comecei a xingar o filho da puta quando levantei, coloquei minha cueca que tinha sido jogada no chão e fui abrir a porta.

— Espero não estar atrapalhando.

A voz educada e aparentemente gentil da minha mãe apenas me fez bufar. Cruzei os braços, a encarei sem evitar a admiração. Minha mãe, a senhora Arianna Palias, em seus sessenta e dois anos não parecia aparentar sua idade. Seus cabelos pretos bem arrumados e suas roupas ajustadas ao corpo lhe davam um aspecto de mulher de alta classe.

Apesar de amar meus pais era difícil suportar as escolhas deles, considerando a forma de merda como fui criado. Minha mãe não costumava aparecer sem avisar em meu apartamento especialmente depois de me tornar policial, algo que para ela era inadmissível. Se bem que depois do pervertido do meu irmão mais velho qualquer coisa tava bem pra eles. Era melhor ser um policial a ser o dono de um puteiro.

— Não vai me convidar para entrar? — Seu rosto suave tinha um sorriso, mas algo frio brilhava em seu olhar. Algum fodido deveria ter mencionado o fato de estar com um cara. Tinha certeza dessa merda. Deve ter sido Eros. Aquele filho da puta se divertia em me meter em problemas.

— Agora não dá.

Entre nós não havia uma falsa gentileza ou algo assim. Desde minha adolescência, me tornei distante emocionalmente deles e falava pouco, sempre com respostas diretas. Quando você não é o filho preferido ou o que dá mais orgulho, as formas de chamar a atenção se tornam cada vez mais extremas até perceber que tudo é inútil.

— Sou sua mãe. Acredito que entrar em sua casa é o mínimo, certo?

— O que o Eros disse? —Não tava com paciência pra jogar os jogos mentais que ela curtia assim como o meu pai. Aos olhos deles não era tão inteligente para suportar essas merdas.

Quando você sorriuOnde histórias criam vida. Descubra agora