Capítulo 4- Amizade colorida

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— O-o que você está fazendo?— ele passou a língua nos lábios e sua respiração ficou ofegante

—Eu pensei que você fosse…

—Eu estava brincando com você…

—Desculpa…— falei me sentindo completamente constrangida — Desculpa! — me levantei, peguei minha mochila e desci as pedras rapidamente

—Kaira, espera!

Ignorei o chamado dele e sai da praia, ao chegar no morrinho parei me sentindo perdida, talvez fosse melhor voltar para casa, ou talvez fosse melhor ficar sozinha em algum lugar, eu não deveria ter feito aquilo, eu sou uma completa idiota, pensei.

Corri para dentro do parque e atravessei a floresta, indo até o lago, ali seria um dos últimos lugares que eu deveria estar, era o lugar secreto dele. Meus olhos se encheram de lágrimas pela ansiedade e eu corri para cima das pedras, até a casinha. Deitei no chão de madeira, de uma forma que não daria para me ver pela janela.

Abracei meu corpo e fechei os olhos com força, eu não tinha cometido um crime, não precisava estar tão nervosa, nem precisava ter fugido, mas eu estava ansiosa, em meio a uma crise, arrependimento e tristeza tomaram conta de mim, eu estava indo tão bem semanas atrás…

[...]

—Kaira! Onde você estava?— Cristina foi até a porta e me recebeu— são 23 horas! Você me deve uma explicação, não dormi até agora esperando você!— ela gritou

Me encolhi envergonhada e evitei encará-la nos olhos.

—Temos horários nessa casa, e você deve cumpri-los, não pode chegar essa hora em casa sem sequer avisar onde estava!

—Desculpa…— ela bufou e cruzou os braços

—Onde você estava? O Dori te procurou por toda parte

—Eu estava no parque, acabei dormindo e não vi a hora— ela fechou os olhos irritada

— Vá dormir… Que isso não se repita!— obedeci e fui até meu quarto. Todos já estavam dormindo, inclusive Dori, apenas Cristina ficou acordada me esperando.

Um sentimento de culpa me atingiu em conjunto, eu não deveria ser tão imprestável e inútil. Tranquei a porta e me sentei no chão, por conta do ódio que eu sentia, minhas mãos passaram a apertar minha pele fortemente, deixando a marca dos meus dedos e unhas contra ela, estava claro: eu havia voltado para a estaca zero.

Toda a esperança que eu tive era inútil, eu nunca seria como antes, nunca melhoraria, nunca deixaria de ser como eu era. Me deitei na cama e cobri meu rosto, não sei ao certo quando dormi, só que chorei até conseguir, aquele dia tinha sido horrível, por culpa minha.

Ao amanhecer, permaneci deitada, meus olhos estavam pesados e a última coisa que eu queria era sair dali, mas eu tinha um trabalho a fazer, um dos mais exigentes, onde eu não poderia estar triste, ou pelo menos não aparentar estar. Me levantei e vesti um shot jeans e uma blusa branca, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e passei um pouco de corretivo embaixo dos meus olhos, na intenção de disfarçar um pouco as olheiras.

Sai do quarto e não vi ninguém, todos já estavam nos próprios trabalhos, sai de casa deixando o café da manhã de lado e me dirigi até a creche.

Recebi os alunos como de costume e me esforcei ao máximo para camuflar meus sentimentos e transpassar felicidade à eles. Ao final do expediente, sai da creche em direção à casa até que alguém me chamou.

—Kaira.. — me virei para trás e vi Dori Sakurada — pode me encontrar no lago?

Desviei o olhar ainda envergonhada e assenti, ele sorriu para baixo e foi para um caminho contrário ao meu.

𝐎𝐧𝐝𝐞 𝐦𝐞𝐮 𝐚𝐧𝐣𝐨 𝐦𝐨𝐫𝐚 - Dori Sakurada Onde histórias criam vida. Descubra agora