Capítulo 12- A história não contada

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1986

— Mamãe! O papai vai poder vir no meu aniversário?

— Claro, filho— ela se abaixou na minha altura— ele tirou uma folga só para você — seu sorriso gentil acalmou meu coração

Naquele dia, me encarreguei de arrumar o local onde seria a festa, eu queria que meu pai se orgulhasse de todo o meu trabalho.

Aprontei tudo o que precisava, as bexigas azuis e branco, o pano que cobria a mesa e todos os docinhos. Minha mãe decorou o bolo com o símbolo da polícia japonesa, e os brindes seriam pequenos carrinhos, que eu tinha escolhido.

Eu me orgulhava do meu pai, e desejava que ele também sentisse orgulho de mim.

— Pai! A festa está quase pronta, cadê o seu uniforme?— perguntei correndo até o homem que estava sentado no sofá

— James, o papai vai ficar com você hoje, porque eu usaria o uniforme?— ele riu

— Porque o tema da minha festa é polícia, papai!— falei sorrindo e ele assentiu

— Você vai ser policial quando crescer?— assenti animado

— Igual a você!— ele me pegou no colo e me girou no ar

— Então eu vou me trocar e você ficará com o meu chapéu!

— Eba!!!

[...]

Alô?— vejo meu pai falando preocupado no telefone — Sim… Eu tirei uma folga hoje, mas eu posso ficar encarregado deste caso… Já estou indo!

— Papai…— saí de trás do sofá, indo até ele com um rosto desanimado — O senhor não vai ficar na minha festa? Os convidados estão chegando

— Oh, meu filho… O policial precisa estar sempre pronto para combater o crime, não se orgulha de mim?— ele sorriu e eu assenti, ainda inconformado

— Qual é o crime que você vai combater?

— Violência contra a mulher — ele bagunçou o meu cabelo e saiu de casa

— Venha filho, seus amiguinhos já estão aqui!— minha mãe me chamou, sequei as lágrimas e fui até a porta de entrada receber as crianças.

Se passaram meia hora de festa e o Leon ainda não tinha chegado, olhei ao redor vendo todos se divertindo e fui até a cozinha pegar o telefone para ligar para ele.

— Leon! Cadê você?

O meu pai disse que vai matar a minha mãe!! James, socorro! Eu estou com muito medo!— A voz chorosa do menino, atravessava o aparelho telefônico — O seu pai veio tentar ajudar, mas não sabia que o meu pai estava armado— ele continuava chorando — eu estou com muito medo…— a ligação ficou em silêncio por um tempo— JAMES! Meu pai atirou! Eu acho que vou morrer, por favor, eu não quero morrer

Fiquei desesperado e me afastei do telefone, o deixando pendurado pelo fio. Meu olhar estava estático para a parede, o fio se movia em movimentos circulares até parar por completo e a voz de Leon continuava a ecoar.

— Filho, vamos cantar o parabéns!— minha mãe entrou na cozinha alegre, porém sua expressão mudou drasticamente ao me ver daquele jeito— filho?

— O papai! O papai morreu! Mãe!!— minha mãe me abraçou sentindo a minha angústia, ao ouvir os meus gritos, as outras crianças se aproximaram de nós. Ninguém sabia o que estava acontecendo.

𝐎𝐧𝐝𝐞 𝐦𝐞𝐮 𝐚𝐧𝐣𝐨 𝐦𝐨𝐫𝐚 - Dori Sakurada Onde histórias criam vida. Descubra agora