Prazer em te conhecer (Imagine Kyojuro Rengoku)

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Apesar de o dia estar ensolarado, com os pássaros cantando, as árvores floridas por causa da primavera e uma brisa fresca soprando entre as folhas, Kyojuro ouviu um soluço choroso e baixinho, quase imperceptível. Como uma criança curiosa, decidiu ver o que estava acontecendo.

Seguindo o choro até uma grande moita, percebeu uma garota encolhida que parecia não ter notado sua presença, até chamar-lhe a atenção.

— Por que está chorando? — perguntou preocupado.

— Como me achou aqui? Vai rir da minha aparência também? — Após o susto, encheu o garoto de perguntas.

— Fique calma, por favor! Eu nunca daria risadas de alguém assim.

— Não confio! As pessoas são todas iguais!

— Mas eu quero entender o que fizeram com você...

De repente, algumas crianças começaram a se aproximar da grande moita. Estavam rindo de um jeito maldoso, que Kyojuro percebeu ser direcionado à garota.

— Olha só o que achamos aqui — um garoto alto, de cabelos raspados, olhos castanhos e olheiras fundas, falou.

— A rolha de poço conseguiu um lugar para se esconder? Não acredito — a única garota do grupo, que tinha cabelos compridos e pretos, olhos azuis claros, pele clara, magra e altura mediana, falou em tom de deboche.

— Não adiantou muito, né? Acabamos a encontrando até que fácil! — o outro garoto de cabelos curtos e castanhos, da mesma altura da garota, olhos castanhos claros e uma cicatriz na bochecha, falou.

— Hey, por que estão fazendo isso com ela? — Kyojuro se intrometeu ao ver os olhos da menina cheios de lágrimas.

— Não tá vendo que ela é feia e gorda? — a garota do grupinho questionou debochada.

— Ninguém quer uma pessoa dessas por perto — cuspiu o primeiro garoto.

— Kyojuro, saia de perto! Vai acabar pegando a banha dela! — o segundo garoto gritou, dando risada logo em seguida.

A menina, que ainda estava encolhida na moita, se levantou, mostrando ser mais baixa que Kyojuro. Começou a andar na direção oposta das outras crianças. Só queria sumir dali o mais rápido possível.

Kyojuro percebeu isso e a puxou pelo braço, trazendo-a para perto de si. Para uma criança, ele era bem forte. Isso não passou despercebido pelo grupinho desordeiro, que começou a atacar a menina novamente.

— Cuidado, Kyo-san! Se ela cair em cima de você, vai te amassar todinho! — a garota debochou ao ver a menina quase cair.

— Vocês querem parar com isso? — ele vociferou.

— Que isso, Kyo? Vai ficar do lado dessa gorda? — o garoto de cabelos raspados questionou enfurecido.

— Não fala assim com ela!

Ver Kyojuro a defendendo surpreendeu a menina. Sempre teve que lidar com isso sozinha até agora. Não estava acostumada com alguém lhe defendendo assim. Assustou-se mais ainda quando os garotos começaram a brigar. Aquilo estava indo longe demais.

— Parem, por favor! — implorou e, após um soco desferido no rosto de Kyojuro, tudo parou.

— Amanhã a gente acerta as contas, rolha de poço — o garoto de cabelos pretos falou.

— Só por cima de mim! — Rengoku gritou, furioso.

O grupinho foi embora rindo da situação. A garota abaixou-se para ver como ele estava. Quando viu a bochecha inchada, pousou uma das mãos em cima e começou a acariciar, pensando que assim resolveria um pouco o problema.

Kyojuro, mesmo corado, deixou-a continuar o carinho. Sua bochecha doía muito, mas estava realmente aproveitando o momento. Foi tirado de seus pensamentos quando ouviu a voz dela.

— Tenho que te levar para sua casa — comentou, se levantando.

— Tá tranquilo, eu consigo ir sozinho.

— Eu sei, mas preciso dizer a sua família que a culpa foi minha por você estar assim...

— Eu tô assim porque quis te proteger! Não é sua culpa.

— Você nem me conhece! Por que quer tanto me ajudar? — Uma lágrima escorreu de seus olhos.

— Porque é chato ficar sozinho. E eles implicam com você porque nada de interessante acontece na vida deles. E essa coisa de uma se conhecer... podemos quebrar isso agora! — O garoto levantou e estendeu a mão. — Prazer, sou Kyojuro Rengoku! Qual o seu nome?

Aquilo parecia surreal. Passou por maus bocados a vida inteira, apesar de curta. Nunca teve um amigo, as crianças só zombavam de seu tamanho e peso, os adultos sempre lhe diziam para emagrecer, porque gente gorda é feia. Agora estava aqui, de frente a um menino fofo, querendo ser seu amigo. Com um sorriso no rosto e um pouco de receio, estendeu a mão e o cumprimentou.

— Meu nome é [Sobrenome] [Nome]. Prazer em te conhecer também.

Imagines de Kimetsu no YaibaOnde histórias criam vida. Descubra agora