O suéter vermelho (Imagine Kyojuro Rengoku)

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Era dia vinte e quatro de dezembro, a tão esperada véspera de natal. Você andava pela Kimetsu Academy, atenta ao que os alunos estavam fazendo, pois fora acordado que fariam uma festa de natal naquela noite. O diretor da escola, senhor Ubuyashiki, concordou com a ideia e mencionou que apareceria mais tarde para ajudar também.

Os professores estavam juntos aos alunos, todos bem animados com a calmaria após o fechamento das notas. Até os alunos mais difíceis de lidar passaram, o que alegrava seus companheiros de equipe.

Estava tão focada em seus afazeres, que não notou quando um homem alto, com cabelos num misto de amarelo e vermelho, olhos dourados expressivos e rosto expressando uma felicidade intensa; trajando uma camisa social branca, calça social preta e sapatos sociais pretos, passou a caminhar ao seus lado.

— Está precisando de ajuda, [Nome]?

— Kyo! — exclamou assustada, dando um leve pulinho. — Por aqui tá tudo ok!

— Você ficou encarregada de cuidar dos alunos, né?

— Sim, sim! Mas eles estão só curtindo tudo, então tá tranquilo.

— Durante o ano parece tão mais difícil lidar com eles — ele comentou, sorrindo.

— Isso é verdade... mas acho que é porque estão sob pressão. Agora que estão mais relaxados, nem parecem tão difíceis assim de cuidar — comentou pensativa.

— Tem razão — Kyojuro concordou, ficando em silêncio por alguns segundos. — Vai ficar na festa até que horas?

— Não posso ficar até muito tarde... Eu não tenho carro e, sabe, de noite é perigoso uma mulher andar sozinha na rua...

— Eu posso te acompanhar até sua casa no final da festa, o que acha?

— Mas vai ficar perigoso pra você também.

— Minha casa é perto da sua, esqueceu?

— Mesmo assim! Ontem eu estava ouvindo um podcast sobre crimes reais. Tem gente que some a duzentos metros de casa!

— Vai dar tudo certo, [Nome]. E aí, topa?

Você ficou relutante em aceitar o convite, mas queria tanto aproveitar a festa com todos, que acabou cedendo. Mais tarde, pensaria em alguma forma de ficar mais tranquila com a volta do amigo para casa.

Enquanto conversavam, não notou que um garoto de cabelos azuis escuros, olhos verdes claros e que usava o uniforme da escola estava pendurado no teto, colocando enfeites de natal pelo corredor. Só foi notar sua presença quando ele caiu de pé ao seu lado, gritando que tinha acabado de decorar aquela região.

— Inosuke! Quantas vezes vou precisar falar para não se pendurar no teto desse jeito? — gritou com o garoto, que se assustou.

— Eita, professora, que cara é essa de quem comeu e não gostou?

— Se eu te ver pendurado no teto de novo, terá que fazer uma lista de exercícios extra como castigo, ouviu?

— Nem a pau — respondeu e, logo em seguida, saiu correndo para longe.

— Inosuke, volte aqui! Não terminei ainda!

Você saiu correndo atrás dele, deixando Rengoku para trás, rindo da situação. Não se incomodou em ter ficado sozinho, pois amava esse seu jeito de lidar com Inosuke. Às vezes, parecia até uma mãe para o garoto.

[~~...~~]

Você combinou com Kyojuro que iria com ele para a festa. Quando o relógio bateu oito horas da noite, a campainha de sua porta soou, fazendo-a dar mais um pulinho de susto. Rapidamente foi atender e, após ver seu acompanhante, ficou o olhando por alguns segundos e com as bochechas coradas. Ele trajava uma camiseta preta, calça jeans azul escura e tênis brancos com detalhes em vermelho queimado. Rengoku, por sua vez, ficou igualmente corado ao ver seu vestido [cor favorita] que ia até os joelhos, suas sapatilhas [cor favorita] e a maquiagem leve em seu rosto. Quando se deram conta, desviaram o olhar um do outro, sem graça pelo que aconteceu.

— Você ficou linda de vestido — ele comentou sem jeito.

— Acho que nunca usei um vestido na escola, não é? — respondeu sem saber o que dizer.

— Bom, é a primeira vez que a vejo assim — sorriu, lhe estendendo a mão. — Vamos?

— Sim!

Ele abriu a porta do carro para que você entrasse, e, durante todo o caminho até a escola, ficaram em silêncio. Não estava desconfortável, pois gostavam de apreciar a companhia um do outro.

Chegando no local, perceberam que já estava cheio e muita música e bagunça rolavam por lá. Alguns alunos estavam do lado de fora do ginásio, apreciando a noite. Haviam muitas estrelas no céu, a lua estava linda e brilhante, servindo como luz para alguns amantes sentados na grama. Outros alunos brincavam de amigo oculto em um canto mais afastado, mas a maioria estava dançando e tomando refrescos e refrigerantes.

Vocês resolveram ficar admirando o céu sentados debaixo de um ipê amarelo, que estava florido nesta época do ano. O clima estava ótimo, com uma leve brisa soprando em seus rostos. Um sorriso sereno brotou em seus lábios e, sem perceber, encostou-se no homem ao seu lado.

— Hoje o tempo tá bom, não é?

— Sim, sim! Mas ouvi na televisão que pode fazer frio mais tarde... — você respondeu pensativa, lembrando que esqueceu sua blusa em casa.

— O que aconteceu? — Kyojuro notou sua leve mudança de humor.

— Eu esqueci minha blusa em casa! Sabia que tava esquecendo alguma coisa!

— É só isso?

— Eu tenho muito frio, Kyo!

— Eu te empresto minha blusa — ele sugeriu sorrindo.

— M-mas... você vai ficar com frio.

— Nah, tenho menos frio que você, pelo visto. — Após dizer, tocou levemente em seu braço para lhe mostrar que estava arrepiada pela brisa.

— Ah... acho que vou aceitar sua oferta — respondeu com vergonha.

— Vou buscá-la, só um momento!

Ele se levantou e foi correndo para o carro, que estava estacionado na rua em frente a escola. Enquanto isso, você ficou olhando-o de longe e sorrindo. Não sabia o quê, mas algo nele fazia seu coração palpitar toda vez que estava por perto. O jeito de falar, sempre entusiasmado na hora de ensinar os alunos, sempre lhe dando atenção quando estava reclamando de algo ou simplesmente jogando conversa fora... Nunca havia se sentido assim antes, então isso a assustava um pouco. O que será que ele achava de você? Será que sentia as mesmas borboletas no estômago que você? Não queria admitir, mas estava parecendo uma adolescente boba apaixonada. Isso não era ruim, só era esquisito.

Quando ele voltou, entregou-lhe um suéter vermelho dobradinho. Pegou-o nas mãos e desdobrou-o, ficando surpresa com a vestimenta. Havia uma arvorezinha de natal no canto esquerdo, perto do coração. O suéter, incluindo a decoraçãozinha, era todo feito de tricô, o que a deixou com brilho nos olhos de tão fofo.

— Foi minha mãe que me deu de presente no ano passado — ele explicou, sem graça por não saber o que você pensava sobre isso.

— Sua blusa é muito fofa! — respondeu enquanto a colocava. — E cheira tão gostoso...

Essa frase pegou os dois de surpresa. Você não pretendia falar aquilo, mas acabou saindo sem querer. Seu rosto esquentou automaticamente e, no desespero, puxou a blusa um pouco para cima, a fim de esconder a face corada.

Num impulso, Rengoku segurou seu braço, a impedindo de se esconder. Apesar do rosto igualmente corado, seu olhar era intenso, como sempre. Isso a intimidou um pouco, mas logo relaxou. Não tinha o que temer, afinal, era Kyojuro ali, não um estranho.

Estavam se aproximando lentamente um do outro, mais e mais. Parecia perdida naquela imensidão dourada dos olhos dele. Sempre os achou lindos, mas agora pareciam mais lindos que o normal. Afundada nesses pensamentos, sentiu os lábios se chocarem em um tímido beijo. O momento foi mágico aos seus olhos. Sentiu o corpo leve, porém, o coração estava palpitando mais que o normal, parecendo que iria saltar de seu peito. O quentinho do suéter apenas tornou tudo mais especial.

Após se separarem, pousou uma das mãos na bochecha dele e sorriu. Ele estava corado, mas retribuia o sorriso, enquanto pousava a mão em cima da sua. Naquele momento, só existiam vocês dois. Os barulhos dos alunos, a música, as conversas paralelas... nada disso existia. Só você, Kyojuro e o ipê amarelo na noite iluminada pelas estrelas.

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