Os alunos da Kimetsu Academy estavam animados para a Golden Week este ano. Aparentemente, todos haviam arrumado coisas interessantes para fazer nos dias livres. Isso preocupava um pouco os professores, afinal, ter coisas legais para fazer é igual a poucos alunos entregando os deveres de casa.
Enquanto via os colegas de trabalho animados, você não parecia estar no mesmo ritmo. Muito pelo contrário, parecia estar no mundo das nuvens, igual um dos alunos da escola: Muichiro Tokito. Não era culpa sua, pois não conseguia controlar alguns pensamentos invasivos que surgiam em sua mente do nada. A paranoia da vez era seu corpo. Você sempre foi sedentária e, por conta de sua tireoide, tinha o corpo mais cheinho que as outras meninas. Já tentou fazer exercícios, mas logo parava. Essas coisas não a atraíam de jeito nenhum.
O que a deixava mais triste era se lembrar das palavras de sua amiga de infância: "Se não perder peso, nenhum garoto vai querer ficar com você". Essas palavras grudam em sua mente, assim como as confissões de amor dolorosamente rejeitadas. Em todas as três, quem tomou a iniciativa foi você, então começou a pensar que os fracassos eram uma junção de coisas: primeiro, era gordinha; segundo, foi a primeira a se confessar; terceiro, tinha que parar de ser tão legal com todo mundo. Deduziu isso porque os paquerinhas diziam que só a viam como amiga.
Por estar distraída marcando os pontos em uma folha, não percebeu a chegada de Tomioka Gyuu, um professor de Educação Física de cabelos compridos e pretos, presos em um rabo de cavalo, olhos azuis escuros, altura mediana, pele clara, trajava uma calça e blusa de moletom azuis claros e portava um apito pendurado no pescoço e uma prancheta vazia.
Se assustou quando ele se sentou ao seu lado, fazendo-a dar um pequeno pulinho. Não esperava vê-lo ali naquele horário, ainda mais com um lanche em mãos, que você não sabe de onde surgiu. Geralmente, costumava lanchar em algum lugar escondido, então não entendeu o que ele queria. Preferiu ignorar isso e voltou aos seus pensamentos, sem perceber que o homem estava olhando sua folha enquanto comia.
— O que vai fazer no feriado? — perguntou, após terminar de mastigar um pedaço do lanche.
— Acho que vou tentar fazer academia lá no prédio onde moro — respondeu assustada, afinal, Gyuu nunca começava uma conversa.
— Você está incomodada com seu corpo? — questionou, dando mais uma mordida no lanche.
— Hey, tá lendo minhas coisas! — exclamou enquanto escondia o papel. — Bom... Eu nunca tive problemas com ele, mas esses dias estão sendo tortuosos — desabafou.
Gyuu ficou em silêncio enquanto você falava. Isso estava preso em seu peito há dias, o que lhe rendeu vários trabalhos precisando serem refeitos por conta de sua distração. Contou que tentou ignorar esses pensamentos, mas eles sempre voltavam, dizendo que ninguém iria lhe querer por ser daquele jeito. Enquanto comia, ele ouvia suas reclamações com atenção. Nunca imaginou que um dia estaria desabafando com Gyuu. Ficou até feliz com esse momento, pois significava que se importava com os outros. Quando terminou, ficou em silêncio e esperou para ouvir o que ele tinha a lhe dizer.
— Rengoku está preocupado com você — falou e, logo em seguida, se levantou e saiu andando.
Sinceramente, não era isso que esperava ouvir. O que quis dizer com isso? Era para ir falar com Kyojuro? Mas e todo o desabafo que fez? Só tinha gastado saliva à toa? Muitas perguntas surgiram em sua mente e, antes que pudesse sair correndo atrás dele, Kyojuro adentrou a sala. O homem de cabelos longos e amarelados com vermelho, olhos dourados e expressivos e alto tinha um semblante preocupado no lugar do sorriso contagiante. Isso a fez sentar-se novamente. Iria atrás de Gyuu mais tarde. Você apontou para a cadeira ao seu lado, indicando que se sentasse, o que ele fez rapidamente.
— Aconteceu alguma coisa, Kyo? — perguntou preocupada.
— Essa é minha pergunta. Você tá estranha desde o começo da semana. Nunca te vi tão distraída e tão triste antes — respondeu seriamente.
— T-triste? É-é só impressão sua! — exclamou rapidamente. Não estava acreditando que tinha dado tão na cara assim.
— Você trocou as notas do Kamado e do Hashibira. Claro que não é só impressão — comentou olhando-a nos olhos.
— I-isso foi só um descuido...
— Você também trocou o sal pelo açúcar na sua comida. Teve que gastar comprando lanche para almoçar.
— E-eu estava pensando nas notas que troquei enquanto cozinhava — respondeu desesperada.
— Mas isso aconteceu um dia antes — pontuou pensativo. — O que quero dizer é que, se quiser conversar, pode se abrir comigo.
Algum tempo se passou, com o silêncio reinando na sala. Kyojuro começou a arrumar alguns materiais para a próxima aula, enquanto você estava pensativa em seu canto. Sentia-se mal por preocupar os outros com esses problemas tão bobos. Até Gyuu, que não era de conversar, veio lhe perguntar o que houve. O sentimento de culpa e vergonha tomou conta de seu peito, juntamente com a ansiedade, fazendo-a respirar descompassadamente. Ele percebeu e se virou preocupado, querendo lhe acudir.
— Vou buscar uma água — falou se levantando, mas foi impedido por você, que segurou a barra de sua camisa.
— Eu... Kyo, o que acha de mim? — perguntou encarando o chão, sem soltá-lo.
— Ahn... Te acho uma pessoa legal, engraçada, esforç- — foi interrompido por sua fala.
— N-não! Não desse jeito! O-o que acha de mim como mulher? — A última parte saiu quase inaudível. Suas bochechas ardiam pela vergonha.
— Ah! Bom... — Um silêncio se instaurou no local. Kyojuro sentiu a face queimar, pois foi pego de surpresa. — E-eu te acho uma mulher bonita e atraente — respondeu de forma rápida.
Mais silêncio. Não sabia como reagir a essa resposta, afinal, nunca lhe disseram isso antes. Sentiu os olhos encherem de lágrimas, e começou a tremer de vergonha e felicidade. Nunca havia sentido isso antes, então estava começando a ficar ansiosa de novo. Devido a isso, soltou a camisa dele e se levantou, pronta para sair correndo, quando sentiu a mão do homem segurar a sua. Seu coração disparou.
— E-espera. Caramba, você foi a única mulher que me deixou desarmado, sem saber o que fazer — falou, dando uma pausa para se recompor. — Ainda tem dúvidas de que é uma pessoa incrível?
— F-foi sem querer... Esses dias não estou me sentindo confortável com meu corpo.
— Pois deveria! Você é linda e tem um jeitinho cativante — falou sorrindo.
— T-tá falando sério?
— Claro!
Você nunca se sentiu tão bem na vida quanto agora. Saber que ele não te achava feia ou esquisita lhe deixava com o coração quentinho.
O sinal para as aulas tocou, fazendo o clima voltar ao normal aos poucos. Ambos pegaram seus materiais para ir para as salas de aula, porém, antes de irem, Kyojuro lhe chamou.
— Hey, vai fazer algo nesse feriado?
— B-bom, eu... — Fez uma pausa, pensando se realmente faria exercícios nos dias livres. — Acho que não...!
— Que tal irmos ao cinema? — perguntou sorrindo, o que a fez corar. Quando não estava sem graça, ele tinha muita atitude. Essa era uma das coisas que mais gostava nele.
— Eu aceito! — exclamou feliz.
— Depois a gente combina a data então. Preciso correr.
Ele saiu rapidamente da sala, pois estava um pouco atrasado. Você também foi para sua aula, pensando em como existiam pessoas boas, que gostavam de você como era, independente de seu corpo. Falando em pessoas boas, precisava agradecer Gyuu por tê-la ouvido também. Mesmo não lhe aconselhando, ele foi um grande ouvinte.
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Imagines de Kimetsu no Yaiba
FanfictionImagines de Kimetsu no Yaiba escritas pelo projeto ImaginesLand