O Escritor

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⚠️Aviso de GATILHOS⚠️
Essa história contém material potencialmente sensível,  não indicado para pessoas sensíveis. 🚫🚫🚫🚫🚫🚫🚫🚫🚫🚫🚫🚫🚫🚫

O relógio cuco pendurado na sala entre os retratos do pai e da mãe soou com seu barulho melancólico ás onze e meia naquela quarta feira. Quando casos semelhantes aquele são descritos em romances ou contos psicológicos sempre existe uma atmosfera sombria pairando sobre a cidade ou pequeno vilarejo. Às vezes pode ser uma fazenda ou uma ilha deserta. Mas quase sempre acontecia em uma cidade, grande ou pequena.

Mas não é assim que essa história começa e muito menos assim que ela termina.

Seu nome era Gilberto Relojoeiro, da cidade de São Paulo.

Isso mesmo. Você não entendeu errado.

Essa história guarda uma certa semelhança com os famosos contos do Sr. Poe.

Talvez ele reprovasse a pequena referência à sua persona, mas como sendo o mestre dos contos de horror psicológico, apesar de alguns acadêmicos o tacharem de escritor de contos de horror e da semelhança notável entre aqueles relógios que pareciam marcar eventos de infortúnio, não consegui me conter e fiz essa citação..

Mas você não quer saber sobre isso. Poderia ler algum comentário sobre o autor em artigos de revistas do gênero de terror ou ler um resumo bem preguiçoso no Google.

Você a essa altura já deve ter pulado essa história por não entender nada do que esse que vos fala esta dizendo, se é que está realmente dizendo algo. Mas existe um contrato implícito entre o autor que coloca e organiza suas ideias no papel ou na tela azul que o cega aos poucos, e o leitor, seja qual for a forma que ele entrou em contato com a obra.

Mesmo quando feita através de um download ilegal na internet ou de um livro emprestado de uma biblioteca.

Quem ainda pega livros emprestados na era digital?

Que seja!

O leitor se compromete a dar seu tempo em troca de um bom entretenimento ou informação e o autor se compromete a fornecer informações ou entretenimento.

Acho que já abusei demais.

Voltemos ao Sr. Relojoeiro.

Ele se sentou sobre a velha máquina de datilografia do seu avô. Um presente que chegou até ele passando pelos dedos habilidosos dos seus antepassados de mente afiada.

Ele não sabia ao certo como ela chegou a sua família mas o fato era que estava lá há muito tempo apesar de não ter marcas de uso.

Era tão bem conservada que se voltasse o tempo como o Dr. Strange fez com a maçã no seu primeiro filme solo, o mago que lançou o feitiço não veria nada mudar nela além do movimento rápido de descida da tecla com o signo (esse é o nome genérico dado aos caracteres que qualquer linguagem se utilize) e a elevação da sua correspondente em maiúscula ou minúscula dependendo da configuração escolhida em outro botão que elevaria uma seção inteira da trava que mantinha a folha de papel presa a máquina.

Muito fascinante se você é um mecânico apaixonado por relíquias de mais de sessenta anos.
Você não é. Suponho porque esse tipo de pessoa está tão em falta quanto vendedores porta a porta de videocassetes ou até mesmo CDs.

Mas o nosso Sr. Relojoeiro era.

Assim como seu pai e seu avô ele sabia como desmontar e montar novamente cada peça daquela máquina. Eu sei o quanto isso é difícil porque já tentei e a máquina que tinha um pequeno probleminha ou talvez não tivesse problema algum nunca mais foi remontada.

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