19. Amavel | +18

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S/N
Mansão Hichello-Richards, Los Angeles
6 de março de 1987, 09:17

 — Katlyn! — falo com um enorme sorriso no rosto para a minha assistente pessoal — Você pode por favor entregar isso para a delegada de Santa Barbara? — Katlyn acena positivamente com um aceno assim que pega a caixa com a arma que entrego a ela — Preciso que ela me ligue assim que tiver as informações que pedi no documento!

 — Tudo bem! — abre um sorriso e se retira fechando a porta logo atrás dela.

 Daniel não costuma deixar armas pela casa, mas, se eu descobrir que é dele bem, parece que ele pensou em me matar.

 É horrível pelo menos pensar na possibilidade, mas, ele foi traído e ele é um homem apaixonado, até consigo entender se eu olhar de certo ponto. Certo não é, mas, até compreendo.

 Sem dúvida se ele quis mesmo me matar foi antes de eu "contar" a ele sobre tudo. Desde que contei tudo sobre meu namoro com os dois, ele está muito feliz e mais tranquilo, ele está feliz por não precisar mais lutar para me odiar.

 — S/N — Michael bate levemente na porta — Quero me desculpar por ontem — diz baixinho — você nem desceu para jantar. Comeu alguma coisa?

 — Está desculpado, não foi nada! — digo ríspida me fingindo de ofendida. Eu já esqueci e nem ligo, já passou.

 — Não respondeu a minha pergunta — sua voz está mais alta agora.

 — Que pergunta Michael? — me aproximo da porta e encosto meu ombro direito.

 — Se você já comeu alguma coisa — seu tom abaixa novamente.

 — Não, depois eu como! — me afasto da porta e a encaro por alguns segundos.

 — Vem comer algo comigo — sussurra contra a porta.

 — Não sei — digo tão baixo quanto e em um tom frio — O que você tem em mente?

 — Abra a porta e veja por si mesma — sua voz está mais animada agora.

 Abro a porta e sou surpreendida com um sorriso e uma bela cesta de piquenique.

11:52

 — NÃO! VOCÊ SIMPLESMENTE SE JOGOU NA LAMA E ROLOU ATÉ O OUTRO LADO DO ESTÁBULO! — Michael fala entre gargalhadas sobre a vez que tive que pagar uma aposta que fiz com ele. Estávamos bêbados, mas, pelo jeito, eu estava mais que Michael porque me lembro de pouquíssimas coisas dessa noite, mas, desse momento, eu me lembro bem.

 — Fiquei tão fedida depois — digo entre risos. Pego mais uma uva e levo até a boca. Michael abre uma das garrafas de vinho e começa a nos servir.

 Ele trouxe três garrafas de vinho e bastante comida, parece que passaremos o dia aqui. Estamos em um ponto distante de tudo. É maravilhoso.

 Estamos cercados e cobertos por árvores de todos os tipos e tem centenas de frestas de luz aqui. É lindo. De encher os olhos.

 Nossa toalha de piquenique é a clássica toalha vermelha e branca quadriculada. A cesta de palha é um detalhe muito bonito que ele fez questão de pensar.

 Estamos conversando sobre tudo o que já passamos desde a hora que chegamos aqui. Michael me lembra com muito carinho de tudo o que já passamos de bom e de ruim.

 Ele é tão doce e romântico. Estava com saudade desse Michael. Que bom que ele voltou para mim!

 — Você se lembra de quando fizemos amor na roda gigante? — ele pergunta em um tom tranquilo enquanto me entrega minha taça completamente cheia. É, ele quer me embebedar ou quer ficar bêbado comigo. Ele raramente bebe e quando bebe é apenas comigo.

 — Sim — tento conter um enorme sorriso — Nunca sentei tanto!

 — É, foi memorável — ele vira sua taça de vinho — Adoraria ter aquilo de novo!

 — Transar na roda gigante? — pergunto entre risos. Tomo um pequeno gole do vinho e olho diretamente para ele. Michael tomba a cabeça para o lado e suspira. Posiciona as duas mãos em cima dos pés. Ele está sentado em posição de ioga e eu estou deitada de lado apoiada no meu cotovelo esquerdo.

 — A sensação de ser o único em sua vida — sua resposta me pega de surpresa e é como um tapa na cara nesse momento.

 Por alguma razão suas palavras pesam em mim agora. Me sinto a pior pessoa do mundo, sei que essa não era a intenção dele, mas, ele chegou lá.

 — Sinto muito — digo quase que no automático. Olho para uma das árvores ao longe. Eu não senti isso até agora, esse peso.

 — Me desculpe, eu não queria te deixar triste! — ele fala em um tom fofo, me tirando dos meus pensamentos. Arqueio uma das sobrancelhas para ele que acaba de se inclinar em minha direção. Com a ponta dos dedos ele seca as lágrimas que eu nem tinha sentido cair dos meus olhos — Me desculpe — sussurra.

 — Tudo bem, isso foi poeira! — digo entre risos para ele que abre um sorriso fraco — Eu estou ótima! — não estou não.

 — Tudo bem não ser forte o tempo todo — ele engatinha até mim — Tudo bem deixar essa casca-grossa de lado — sussurra — Tudo bem me deixar carregar um pouco esse fardo, tudo bem. Eu aguento! Não carregue sozinha o peso do mundo, eu estou aqui para te ajudar nessa caminhada, estou aqui para você! — sinto as lágrimas descerem por minhas bochechas.

 — É tão difícil — ele acena positivamente — Eu quero você, mas, também amo ele! — respiro profundamente tentando afastar o choro — Eu quero os dois, mas, eu acabo de me dar conta que, não posso ter os dois!

 — Não pode — ele sussurra com um tom brando e tão doce — Não pode, minha pequena — passa o polegar embaixo dos meus olhos — Não importa o que faça, não pode!

 — O que eu vou fazer? — me entrego as lagrimas. Michael tira a taça da minha mão e a coloca em cima da cama. Me deito de costas para a toalha e ele se deita ao meu lado me puxando para ele. Deito minha cabeça em seu peito enquanto ele acaricia meu couro cabeludo.  

 — Você vai decidir o que é melhor para você. Para seu futuro — diz baixinho — Quem vai ser o melhor pai, quem vai ser o melhor parceiro de todas as horas — beija o topo da minha cabeça — Quem vai de fato envelhecer ao seu lado — os dois podem. Os dois.

 — Não estive com Daniel desde que você me pediu em casamento ou provavelmente antes disso — digo como se estivesse confessando algo — Eu e Daniel não temos nada há muito tempo! — vou me acalmando aos poucos.

 — Então, você precisa disso para se desprender dele — o quê? Não. Eu só vou o machucar. Não. Até eu ter certeza não terei nada com ele.

 — Não, isso vai ferir os sentimentos dele! — minha visão embaça com tantas lagrimas. Fecho os olhos com força e respiro fundo de novo. Nunca chorei tanto em toda a minha vida.

 — Vai ser bom para os dois, como uma despedida caso você me escolha! — me sento na toalha e me recomponho. Levanto meu vestido de alças finas, branco florido, que vai até meus joelhos e subo em cima de Michael com uma perna de cada lado. Me inclino para o beijar com ternura.

 Assim que nossos lábios se encontram, Michael leva as duas mãos até a minha cintura. Após um beijo intenso e cheio de emoções, desabotoo sua calça tirando seu pênis para fora. Afasto minha calcinha para o lado e me sento completamente nele. Olhando sempre nos olhos dele, eu me movimento. Rebolo lentamente para ele. Como ele gosta. Lentamente. Memorizando cada detalhe. Após muito tempo assim ele aperta minha cintura com as duas mãos. Me inclino para o beijar. Em meio a um beijo doce, Michael se desfaz dentro de mim. Nos beijamos por mais algum tempo até que eu distancio meus lábios dos dele e nos encaramos por mais um tempo.

 — Você o escolheu, por isso fez amor comigo agora? — pergunta com uma voz chorosa, com os olhos marejados e com uma carinha triste. Sem dizer nada me levanto e em silêncio corro para longe. Ao longe. Escuto seu choro alto e visceral.

EximioOnde histórias criam vida. Descubra agora