21. Pavor

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S/N
Mansão Hichello Richards, Los Angeles
6 de março de 1987, 19:19

 O som da madeira estalando na lareira é a única coisa que consigo escutar. Estou sentada ao lado direito de River e Henry está ao seu lado esquerdo. Ela está entre nós. É a única coisa que me tranquiliza, mas, mesmo assim, sinto um calafrio percorrer meu corpo sempre que o escuto falar. Michael e Daniel estão conversando com ele e parecem estar adorando falar com ele. Henry é carismático. Consegue enganar a todos com seu bom humor e gentileza. Mal sabem quem ele realmente é e o quanto me fez mal. Eles nem sabem que o conheço. River nos apresentou e Henry não disse nada sobre me conhecer, ele só fingiu que estava me vendo apenas naquele momento. Mas eu sei que ele está planejando algo. Henry é uma pessoa ruim, cruel em infinitos níveis.

 — O que acha, S/N? — Daniel pergunta, chamando minha atenção. Olho para ele, desviando meu olhar da lareira, que está há uns dez passos à minha frente. Daniel está sentado na poltrona ao lado direito da lareira, com um olhar preocupado. Ele sabe que não estou bem, mas Michael, pelo jeito, ainda não percebeu. Ele é bom em ler as pessoas, mas, comigo, nunca descobre nada.

 — Sim, acho maravilhoso! — digo com um sorriso que sempre uso quando as coisas não estão bem. Daniel me conhece, ele sabe que esse sorriso é mais um pedido de ajuda. Ele enxerga minha tristeza de longe e sempre sabe o que fazer.

 — Então, ótimo, vamos todos para a Itália. Será um ótimo final de semana entre amigos! — ele diz, olhando diretamente para mim com um enorme sorriso. — Se importa de me acompanhar até a cozinha, S/N? Estou fazendo o macarrão que você gosta, seria bom se experimentasse o tempero!

 — Claro! — me levanto de uma vez, sem disfarçar em nada meu nervosismo, e caminho em direção à porta da sala. Saio e, quase correndo, ando até o corredor que dá na cozinha. Cumprimento os empregados que passam por mim e ando até a cozinha, que está cheia de funcionários. Eles me cumprimentam, abro um sorriso maior do que eu planejava. — Boa noite! — digo com um tom pesado.

 — Como estamos indo? — Daniel pergunta, empolgado, para o pessoal da cozinha, que o respondem com entusiasmo. — Venha! — Daniel diz, enquanto pega minha mão. Ele me guia até a porta que dá no jardim. Juntos, saímos da cozinha e caminhamos pelo jardim até sua estufa de rosas. Aqui tem rosas de várias espécies e cores. O cheiro desse lugar é maravilhoso. Sinto ele fechar a porta e ainda segurando minha mão, ele me leva até o final da estufa, que é mais escurinho. — O que foi? Por que você está prestes a ter uma crise de ansiedade? — ele fala e se distancia de mim. Vai até a torneira de uma pequena pia que tem aqui e molha uma das mãos. Ele se aproxima e pousa a mão molhada em minha nuca enquanto a outra mão seca levanta meu cabelo. Isso sempre ajuda a me acalmar.

 — Decidi por impulso que ficarei com Michael — digo entre sussurros.

 — Eu soube — ele fala baixinho e calmo — Ele me contou — olho para ele que dá de ombros — Contamos tudo um para o outro — e ele está bem com isso? — Não se preocupe, está tudo bem. O que me importa é que você esteja bem e feliz!

 — Decidi por impulso que ficarei com Michael — digo entre sussurros.

 — Eu soube — ele fala baixinho e calmo — Ele me contou — olho para ele que dá de ombros — Contamos tudo um para o outro — e ele está bem com isso? — Não se preocupe, está tudo bem. O que me importa é que você esteja bem e feliz!

 — Daniel, você é um maldito anjo! — esbravejo e fecho meus olhos um pouco aliviada.

 — Não é só isso que está te afligindo, não é? — abro meus olhos e o encaro por alguns segundos. Tento me concentrar em seus olhos azuis e em seus cabelos pretos tão brilhosos.

 — Não consigo contar — abro um sorriso nervoso e deixo as lágrimas que surgem descer por meus olhos.

 — S/N, leve o tempo que precisar, querida — ele beija minha testa com carinho. Seu perfume amadeirado invade todos os meus sentidos.

 — Então, todos vamos para a Itália? — mudo de assunto. Ele me olha de cima e sorri — O que estavam falando?

 — Vamos passar o final de semana em Toscana, fica bem perto de Florença. Para ser exato, iremos para a pequena cidade de Greve in Chianti, preciso dar uma olhada em como estão as coisas na minha vinícola! — assinto com um aceno.

 — Então, todos vão se divertir e você vai ficar trabalhando? — arqueio uma das sobrancelhas para Dan que suspira.

 — Sim, esse é o plano! — ele pisca algumas vezes fazendo gracinha.

 — Você está bem? — ele faz uma careta — Sobre Michael — sussurro.

 — Sim, só espero que você não se arrependa de ter escolhido ele. Foi um impulso e nem sempre as decisões tomadas por impulso são permanentes! — e é disso que eu morro de medo. Gosto do que é certo, quero ter segurança, mas, parece que nunca terei.

 — A vida é incerta, não é? Vamos ver no que dá! — desço meu olhar. Daniel se aproxima um pouco mais. Ele tira sua mão que não está mais tão molhada da minha nuca e desce até a minha cintura me puxando para ele suavemente. Sua mão enorme faz um pouco de pressão em minha cintura. Ele leva sua outra mão até minha bochecha e a acarícia com a ponta dos dedos. Olho para ele e encaro cada detalhe do rosto desse homem tão incrível. Como é possível que um homem tão perfeito assim, não tenha defeitos? Os defeitos acabam se tornando qualidades para mim.

 Seus olhos azuis cristalinos são simplesmente hipnotizantes. Eles parecem ser capazes de penetrar a minha alma e me fazer esquecer de tudo ao meu redor. Quando ele sorri, seus olhos se iluminam. Eu sempre me sinto perdida em sua presença.

 Sua boca é perfeitamente moldada, com lábios carnudos e suaves que parecem me convidar para um beijo, um longo e terno beijo. Quando ele fala, seus lábios se movem de forma tão graciosa que eu não consigo desviar o olhar. E quando ele sorri, sua boca se curva em um sorriso charmoso que faz meu coração bater muito rápido.

 O formato do rosto de Daniel é simplesmente fascinante. Quando ele olha para mim com esses olhos azuis penetrantes, meu coração palpita e eu me sinto completamente rendida à sua beleza e também pelo homem incrível que ele é.

 Daniel inclina levemente a cabeça em minha direção e seus olhos fixam-se nos meus lábios. Sinto sua respiração quente em meu rosto e meu coração dispara ainda mais. Nesse momento, tudo ao meu redor parece desaparecer e só existe ele e eu.

 — S/N! — River chama por mim do jardim, me tirando do mundo sem preocupações onde eu estava me sentindo segura para me trazer de volta a realidade onde meu agressor está na mesma propriedade que eu.

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