— Assim que provar o primeiro copo de vinho, vai mudar de ideia quanto a este lugar, Mon.
Ao abrir a porta da frente do chalé e se virar para encontrar Mon fitando-a com um sorriso fofo, Sam se deu conta de que seus receios eram infundados.
— Tudo bem — ela disse. — Gosto deste lugar. ele faz a gente se sentir à vontade assim que entra nele.
Mon também notara isso, pensou Sam. Interessante.
— Sem falar que é noite de sexta-feira— Sam acrescentou meio animada. — Tudo quanto é lugar decente ao longo do lago vai estar lotado a essa hora. Só arrumaríamos uma mesa para depois das dez.
— Que bom que vai ficar um mês com este lugar
— ela disse, passando por Sam e adentrando a casa.
— Vai lhe fazer bem.
Já lhe fizera bem, pensou Sam. E o bom se tornara melhor ainda quando convidara Mon a entrar.
— Lembre-me de levá-la até o terraço depois que escurecer — Sam pediu, fechando a porta atrás de si.
Tem um telescópio lá. É incrível o que se pode ver daqui no céu. Mon sorriu.
— Você tem olhado através de um telescópio à noite?
Sam a fitou com desconfiança.
— Você parece surpresa.
— E estou surpresa — Mon afirmou. — Sam, você jamais arrumou tempo para fazer algo assim.
— Claro que arrumei. Faço isso o tempo todo. Ela sacudiu a cabeça.
— Não faz, não.
— Faço, sim — ela retrucou com um bico nos lábios, de modo ligeiramente mais defensiva do que planejara.
Ainda sorrindo, Mon cruzou os braços. Ao fazer isso, o contorno da alça do sutiã ficou perceptível o suficiente sob o tecido claro da blusa para Sam notar que ele era de renda e rosa. Sam jamais teria pensado que Mon fosse do tipo de usar lingerie de renda. Diabos, teve muitas vezes ao longo do tempo em que Mon trabalhara para ela que Sam chegara a acreditar que a pequena Mon usasse samba-canção, especialmente durante esta última terrível semana. Mas agora percebia que Mon era do tipo de usar lingerie de renda...
Hum. Na verdade, Sam achava tal noção muito excitante. Também começou a se perguntar se Mon seria do tipo que combinava o sutiã com a calcinha.
— Diga uma única coisa frívola que você faça no seu tempo livre — Mon a desafiou.
Supondo que Sam quisesse dizer algo além de tentar decifrar os mistérios da roupa de baixo de Mon, a morena abriu a boca, pronta para cuspir uma dúzia de coisas que fazia para se divertir, e se deu conta de que não conseguia pensar em uma sequer. Além de olhar pelo telescópio, o que só acontecera depois de sua vinda para cá.
Finalmente.
— Jogo squash — disse. — E tênis. E, ocasionalmente, jogo um pouco de golfe.
— E você usa isso para fazer contatos e para fechar negócios.
Tudo bem, quanto a isso ela tinha razão. A insinuação de Mon de que Sam era uma mulher incapaz de se divertir fora do trabalho a deixou irritada.
— Frivolidade não leva a nada — disse, por fim. — Gosto de trabalhar. É o que me dá prazer. Não preciso de mais nada na vida.
Diante de suas palavras, o sorriso de Mon desapareceu, e a morena se deu conta de que vinha falando com mais veemência do que planejara — sem falar que não era bem isso o que sentia. Mon apenas tocara num assunto delicado para ela. Por que sempre criticavam os que se entusiasmavam com o próprio trabalho? E daí que ela se definia pelo quanto era bem-sucedida e pelo quanto trabalhava duro? E daí que ela era o tipo de pessoa que no seu leito de morte se perguntaria se não havia trabalhado o suficiente durante a vida? Não havia mais nada em sua vida que não fosse o trabalho. Por que isso era tão terrível assim?
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O Despertar do Amor - Adaptação
FanfictionApós cinco anos como assistente de Khun Sam, Mon finalmente encontrou o emprego que merece... na concorrência! Mas quando Sam percebe que Mon é mais do que apenas uma mera assistente, a magnata entende que precisa agir e rápido. Dessa vez, Sam usará...