Capitulo 10

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Sam sentiu o pânico acumular-se no seu íntimo ao se dar conta de que Mon ia embora. Realmente ia embora, desta vez. Não ia apenas deixar o emprego, mas deixá-la. E, desta vez, não se permitiria ser convencida a voltar. Como podia pensar que seu emprego não era importante? O trabalho de Mon era crucial. E como podia acreditar que Sam não a considerava valiosa? Mon significava tudo para ela.

Tudo.

E, foi então que a ficha caiu. Não era que precisasse de Mon como  assistente para mantê-la na linha. E não era que precisasse de Mon como assistente para ser bem-sucedida. E não era que precisasse de Mon como assistente para ser feliz. Precisava de Mon. E ponto final. No seu trabalho, na sua vida, em seu...

Em seu coração.

— Mon, espere — disse, ao vê-la jogando longe as cobertas e pulando da cama.

Mas Mon a ignorou, puxando a coberta de sobre a cama e se enrolando nela, com uma fúria tal que chegou a deixá-la nauseada. Depois de tudo que acontecera na noite anterior, depois de tudo que haviam descoberto, Mon queria se cobrir agora. Mon queria fugir dela.

Mon queria ir embora.

— Mon, você não está entendendo — disse, levantando-se também da cama.

Pegando o robe de seda azul-marinho que estava pendurado atrás da porta do quarto, Sam a seguiu até o corredor.

— Ah, eu entendo perfeitamente — Mon retrucou, entrando no quarto, onde as malas que ainda nem havia desarrumado estavam sobre a cama.

Bom Deus, pensou Sam. Mon nem precisava arrumar as malas, tudo que tinha de fazer era se vestir e poderia partir. Tinha poucos minutos antes que Mon se fosse para sempre.

— Não, não entende — retrucou. — Não pode entender, porque eu mesma só entendi ainda há pouco.

Com as mãos cerradas em sinal de fúria, Mon virou-se rapidamente, e o cabelo caiu sobre seu rosto. Com o corpo tremendo de raiva, Mon afastou os fios rebeldes. Mas talvez não fosse raiva, Sam pensou. Talvez fosse a mesma coisa que estava fazendo o corpo dela tremer. A ideia de que encontrara algo maravilhoso — a coisa mais maravilhosa, estupenda e sensacional do mundo — e estava prestes a perdê-la, antes sequer que tivesse a chance de saboreá-la.

Com frieza, Mon perguntou:

— O que, Sam? O que eu não entendo?

Sam abriu a boca para tentar explicar, para tentar eloquentemente colocar em palavras tudo o que precisava contar para ela. O quanto Mon significava para ela. Não como funcionária, mas como mulher. Como Sam não podia viver sem ela, mas não porque Mon lhe tornava a vida mais fácil. Como Sam não poderia passar outro dia sem ela. Não porque Mon sabia como fazer o seu celular funcionar, mas porque Mon sabia como preencher todos os vazios de sua existência. Mas tudo que conseguiu pensar em dizer para ela foi:

— Eu amo você.

Diante daquelas palavras, Mon ficou completamente imóvel. Mas sua expressão se suavizou.

— O quê? — Mon sussurrou.

— Eu amo você — repetiu Sam. Ela se empertigou novamente.

— Não ouse dizer algo assim só porque está tentando...

— Estou falando sério, Mon — Sam disse. — Posso ser insensível quando se trata de conseguir o que quero nos negócios, mas jamais me exporia desta maneira se não estivesse falando a verdade.

Sam deu alguns passos hesitantes para o interior do quarto, sentindo-se encorajada pelo fato de Mon não recuar. Mas Mon também não avançou na direção dela. E nem disse nada.

O Despertar do Amor  - AdaptaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora