Capítulo 4

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O assistente temporário que Sam solicitara da agência de Tahoe City — assim que encontrou alista telefônica, após passar meia hora procurando-a — chegou pontualmente às 8h, na manhã seguinte à chegada de Sam ao chalé. Infelizmente, ela havia feito algo de errado ao tentar programar o despertador na noite anterior — não, o defeito era do despertador, este era o problema — porque foi a campainha da porta da frente que a alertou da chegada de seu compromisso. Não Mon, que normalmente teria se encarregado disso.

Droga, Sam pensou, ao olhar meio grogue para o relógio e se dar conta de que ela havia parado por completo. Pegou o relógio de pulso de cima da mesinha-de-cabeceira e fez uma careta ao ver a hora. Jamais dormira até tão tarde. E jamais deixara de estar pronta para um compromisso. Jogando longe as cobertas, ela sentou-se na beirada da cama e esfregou o rosto com ambas as mãos, em uma tentativa de acordar. Sam pegou uma camiseta branca e uma calça moletom de dentro da bolsa que ainda nem começara a desfazer, e as vestiu ao descer as escadas. Foi só ao colocar a mão na maçaneta que se deu conta de que esquecera de calçar os sapatos. Aparentemente, iria receber seu novo funcionário temporário descalça. De algum modo, isso não a incomodou tanto quanto deveria.

O jovem do outro lado da porta pareceu se surpreender com a súbita aparição de Sam — sem falar em sua aparência relaxada —, mas em questão de segundos suas feições assumiram uma expressão de indiferença. O rapaz obviamente não perdera a hora, pois estava muito bem-vestido, com um impecável terno cinza claro, camisa branca e uma gravata amarelo-claro. Devia ter cerca de vinte e poucos anos de idade, com cabelos louros curtos e olhos acinzentados quase da mesma cor que o terno. Sam achou que ele parecia um garoto propaganda para um anúncio de cursinhos profissionalizantes.

— Sra. Sarocha? — ele perguntou.

Sam passou rapidamente a mão pelos cabelos escuros.

— É, sou eu mesma — retrucou meio emburrada. Mas rapidamente tratou de se retificar. — Quero dizer, sim. Sou Sam Sarocha.

— William Denton — ele disse, estendendo a mão. — Da DayTimers. Sou o seu novo assistente temporário.

— Opa, alto lá! — exclamou Sam, erguendo uma das mãos. — Eu ainda não o contratei.

Aparentemente, isso era novidade para o jovem William.

— Mas eles disseram que a senhora iria precisar de um assistente durante o mês que vai passar aqui em Hunter's Landing — ele disse.

— É, vou precisar de um assistente durante todo este mês. Mas não vou aceitar qualquer Tom, Dick ou William que me mandem. Vou ter que me certificar de que tenha todas as qualificações que preciso em um assistente.


O jovem William sorriu com confiança.

— Não há com o que se preocupar quanto a isso, Sra. Sarocha. Este é apenas o meu emprego de verão. Eu me formei pela Hass School of Business na UC Berkeley em maio, e pretendo voltar no outono para começar o meu MBA. Garanto que sou mais do que qualificado para o cargo.

Sam se empertigou todo diante da arrogância do jovem.

— É mesmo? — ela perguntou com frieza.

A confiança de William Denton pareceu estremecer um pouco, mas, mesmo assim, ele respondeu:

— Sou, sim. — E, depois, acrescentou: — Senhora.

Sam assentiu, desafiadoramente, levando as mãos aos quadris. Sem sequer convidar William Denton a entrar, disparou:

— Quais são os maiores desafios gerenciais e organizacionais representados pelo comércio eletrônico?

William Denton piscou, como se houvessem acendido uma luz bem forte diante de seus olhos.

O Despertar do Amor  - AdaptaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora