Tudo estava devastado. A paisagem era fantasmagórica. Nuvens escuras tomavam conta do céu, enquanto as árvores, a grama e tudo que existe estava sumindo como poeira. Sendo sugados para o nada. Deixando de existir. Miguel deixa o mortal e voa para o espaço, onde percebe uma onda intensa de escuridão rodeando a Terra e os planetas próximos, além das estrelas acima. Ele toca nela e sente sua densidade. É bem sólida. O Príncipe dos Anjos retorna poucos segundos depois.
— O que é isso? — Leonardo tenta se manter calmo.
Miguel respira antes de falar, mas a verdade é que, no fundo, nem ele sabia como aquilo aconteceu. O experiente guerreiro e seu olhar de incredulidade.
— Aquilo que mencionei. A irresponsabilidade de Mordred provocou uma anomalia intensa na Realidade, e ela está se desfazendo. Eu sabia que algo aconteceria, mas não achei que fosse ser tão cedo e tampouco dessa forma. Por isso, alertei tantas vezes do uso ignorante das Rochas do Caos.
— Não, não, não...não há como desfazer isso? — Léo pergunta — Porra, você é o ser mais poderoso do Universo, precisa fazer alguma coisa.
Ele nega com a cabeça. Estava além de suas capacidades, pelo menos, era isso que pensava até aquele momento.
— Infelizmente não há como desfazer isso, é o ciclo natural da própria Realidade — seu tom de voz é decepcionante — Não demorará muito para que tudo seja só nada, inclusive os seres vivos.
Os dois veem quando um rebanho perdido de ovelhas se desfaz ali, bem na frente deles, assim como mosquitos que somem no ar. Leonardo sente vontade de chorar, e é isso que faz. O jovem cai de joelhos em lágrimas. É como se tudo pelo que ele lutou fosse em vão. O anjo permanece de pé lamentando em silêncio por alguns minutos. Ele tentava encontrar uma solução.
— Não há como desfazer isso, a não ser que... — Miguel olha para trás, para o que restou do Hermón, se é que restou algo, e nota Auriel levando Shemihazah acorrentado por algemas de energia nas mãos.
— A não ser que? — uma fagulha de esperança toma conta de Léo.
Com seu olhar avançado, o Príncipe dos Anjos nota que o poder das quatro rochas ainda brilha no peito Vigilante. Elas ainda estavam ativas mesmo tendo sido absorvidas há horas por Shemihazah.
— A não ser que as Rochas do Caos, ou aquilo que contém o poder delas, seja destruído — Olha de relance para Leonardo, que nota sua expressão meio assassina do nada — Pode dar errado, mas é o único jeito, não acha? — o jovem não reage à pergunta — Se elas causaram esse dano, elas podem reparar, ou melhor, adiar. Não é garantia, mas é nossa única esperança.
O mago estranha o argumento dele, mas acaba cedendo por desconhecimento. Ainda na forma de Vazremun, Auriel volta seus olhares a Shemihazah, que está caído de bruços, e caminha lentamente até ele. A celestial invoca uma parede e o prende nela usando telecinese. Auriel cria uma lâmina e aponta para o rosto do vilão, mas, de repente, sente uma dor de cabeça anormal e cai, uma dor insuportável; seus olhos voltam ao normal, o brilho no seu cabelo desaparece e a aura que a rodeava também some, assim como sua altura, que volta aos mesmos 1,73. A Fúria respira ofegante sem entender nada do que aconteceu. Ela não se lembra como foi parar ali, aprisionando o inimigo. Sua última lembrança é de se ver coberta por uma energia luminosa diante dele, e depois apagou.
— Será que deu certo? — se pergunta, mas sua dúvida é sanada ao ver Shemihazah preso diante dela — É, parece que deu certo, mas não consigo me lembrar de nada, ou isso é normal? — estranha o ocorrido enquanto fala para si mesma.
O inimigo lança um olhar para ela.
— A queda dos anjos é um evento próximo — a voz rouca do Rei dos Vigilantes a trás de volta a si.
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Cavaleiros do Ar: A Noite dos Vigilantes
FantasySequência de Cavaleiros do Ar: Elos do Paraíso. Há 17 mil anos, uma guerra sangrenta marcou o mundo. Comandadas por Miguel, as legiões celestiais lutaram contra outro grupo rebelde de alados, os Vigilantes, liderados por Shemihazah. Os celestiais ve...