Narração de Auriel
Anos se passaram desde aquela primeira e fatídica batalha. Eu poderia narrar muitos outros confrontos, não só em Enoque, mas em várias partes do mundo. Porém, acredito que isso iria entediar você, então vou direto para a parte mais importante. Agora estamos exatamente no ano 14400 a.C, era nossa última chance de abater Shemihazah. Perdemos muitos guerreiros até chegar aqui, mas por outro lado, Shemihazah perdeu ainda mais; seu grandioso exército agora contava com menos de 1 milhão espalhados pelo globo, enquanto ainda tínhamos alguns milhões após reforços.
Naquele dia, olhava para uma árvore grande que cresceu justamente no lugar em que Tesael foi sepultada. Aquele ser vivo dava frutos ótimos e suas flores eram as mais belas da Terra. Já estava conformada, mas sempre antes e depois de algum confronto eu costumava ir até lá. Os outros anjos me achavam esquisita por prestar tanto tributo, mas não me importava com a opinião alheia. Estava distraída com o vento remexendo meu cabelo quando Zan se aproximou.
— Você ainda sente muita falta dela, não é? — ele me questionou.
Não respondi nada, nem sequer virei para vê-lo, apenas toquei o tronco da árvore.
— Também sinto falta de Hiael, mesmo que ache que ele era um péssimo líder para nós — admitiu Zaniel —, mas realmente não era dos melhores.
— Não só os mortais que sentem mais falta das pessoas que amam quando elas morrem, os místicos também agem assim — respondi — É tolice de nossa espécie tentar esconder isso.
— Você conduziu muito bem os ophanins, mesmo que tenha escondido suas feridas sob a armadura — ele se referiu ao fato de eu estar liderando provisoriamente os ophanins na guerra.
— Muito obrigada, Zaniel — agradeci —, mas qualquer um faria isso.
Finalmente virei para vê–lo.
— Miguel deve estar orgulhoso — disse Zaniel — Hoje deve ser um dia decisivo. Seja qual for o resultado, sei que Tesael ficaria feliz por você.
Sorri de lado e o abracei. Desde que conheço, Zaniel é alguém muito especial e me apoiou muito em várias decisões que tomei ao longo dos anos. Lembro até hoje de tê-lo treinado quando chegou em Angélia.
— Bom, eu preciso ir, desejo sorte com sua nova liderança — desejei.
— Que Yahweh nos guie! — ele respondeu, voltando ao lado das dominações.
Olhei mais uma vez para a árvore e depois caminhei até a tenda de Miguel, só não esperava que ele estivesse tão ocupado.
— Miguel, eu gostaria de...— voltei rápido para fora assim que vi quem estava com ele.
Um ser completamente iluminado, mais belo que tudo, com o corpo parecido com o de um ser humano e completo em majestade. Suas vestes e seu rosto brilhavam, um brilho que por pouco não me cegou. Era o próprio Yahweh (lê-se iauê), Deus, que estava em pé na frente de Miguel, e era bem mais alto que ele.
— 98,9% da Terra já está sob nosso controle, outros 1% serão tomados esta tarde por um grupo de querubins liderado por Salatiel em Atlântida e Lemúria — Miguel disse, e eu o vi dizer escondida na entrada — Somente Enoque ainda está sob controle total de Shemihazah, fiz conforme o senhor me ordenou.
— Você fez um ótimo trabalho até aqui, a peleja está saindo conforme planejado — respondeu Yahweh, com sua voz imponente e ao mesmo tempo calma e serena — Hoje eu entrego Shemihazah e todos os resistentes em suas mãos, lhes garanto a vitória sobre seus inimigos.
— E eu o agradeço por nos ajudar até aqui, meu pai — disse Miguel, parecendo bater no peito — As baixas nos abalaram um pouco, mas seguimos em frente.
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Cavaleiros do Ar: A Noite dos Vigilantes
FantasiSequência de Cavaleiros do Ar: Elos do Paraíso. Há 17 mil anos, uma guerra sangrenta marcou o mundo. Comandadas por Miguel, as legiões celestiais lutaram contra outro grupo rebelde de alados, os Vigilantes, liderados por Shemihazah. Os celestiais ve...