Uma intensa nevasca castiga a região, tanto no plano material quanto no espiritual. Aos pés da colossal cordilheira, um grupo de vigilantes se reúne. Eles parecem bem impacientes, dois deles andam de um lado para o outro.
— O que ele está fazendo lá em cima? — um sujeito branco, cabelos loiros e armadura quebrada perguntou.
— Acalme-se, Anane — Akbeel interpela.
— Eu estou calmo, Akbeel, mas parece que nosso rei tem seus próprios planos, planos estes que não deseja compartilhar conosco — Ele cruza os braços.
Os anjos encaram uns aos outros confusos. E a teoria de que Shemihazah possui outros objetivos vai ganhando força.
— Ele está certo — Armers concorda — Um de vós, suba e confronte-o. Precisamos de respostas. A ophanim ainda está viva, e ela estava nas mãos dele. Por que não a matou? Preferiu perder um olho a isso.
— Armers, não vam...— ia dizendo Turel.
— Não, Turel — o interrompe — Enquanto você e Akbeel se divertem, Shemihazah nos ignora e os arcontes de Miguel ameaçam voltar. Ele está muito estranho desde que abateu a vermelha.
— Nahemah e Mordred fugiram — Anane escreve símbolos na pedra com as mãos — Tem algo de errado acontecendo, e precisamos saber o que é. Até onde sei, isso não fazia parte do pacto. É isso que acontece quando se confia em um verme de barro e na filha inexperiente do Rei dos Demônios.
— Eu e Akbeel subiremos então — Turel dá sua palavra.
Os dois olham um ao outro e invocam suas asas, abrindo voo sobre o Hermon. A viagem dura poucos instantes e logo eles estão diante do topo. Ao fundo, Akbeel nota Shemihazah em pé observando alguns portais retangulares. Os dois caminham juntos até ele.
— Mestre, aconteceu algo? — perguntam ao mesmo tempo.
Shemihazah não responde nada e continua no mesmo lugar. Eles se aproximam mais e observam. Há 3 portais abertos diante deles. Na esquerda, um imenso portão é visto com símbolos de serpentes gravados nele, é possível ouvir sons de mordidas e corpos escamosos se movendo; no centro, um vasto oceano azul com o sol acima das águas e canções em uma língua desconhecida podem ser ouvidas; na esquerda, uma ponte de arco-íris em meio ao espaço que leva para uma cidadela dourada.
— O que querem? — Shemihazah diz, mas sem olha-los diretamente.
— Os vigias estão impacientes com sua demora, eles precisam de uma resposta — Akbeel respondeu.
— Terão a resposta no tempo certo — os 3 portais se fecham e Shemihazah chega próximo deles.
— Por que a poupou? — Turel é quem fala agora.
— Sabe, Turel, nem sempre quem sobrevive em uma batalha vence a guerra — Shemihazah ergue a mão para o Céu — Às vezes, uma guerra não é ganha no campo de batalha, mas sim no campo moral. E no campo das leis — ele toca a neve que cai sobre seus dedos — É neste campo que devemos focar.
Os dois soldados se entreolham confusos.
— O que isso quer dizer?
— Você verá em poucos instantes.
— Não temos tempo para isso, diga logo seu plano — Akbeel se irrita — Já é madrugada e faltam poucas horas para o nascer do Sol. Além disso, deixou que Auriel vivesse o suficiente para cega-lo de um olho ao invés de se regenerar.
— Isso? — Shemihazah aponta o dedo para o olho direito, onde repousa um tapa-olho — Isso não é nada. É apenas uma lembrança.
— Mas será algo em breve — Akbeel se coloca na frente dele — Nos diga seu objetivo, agora!
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Cavaleiros do Ar: A Noite dos Vigilantes
FantasySequência de Cavaleiros do Ar: Elos do Paraíso. Há 17 mil anos, uma guerra sangrenta marcou o mundo. Comandadas por Miguel, as legiões celestiais lutaram contra outro grupo rebelde de alados, os Vigilantes, liderados por Shemihazah. Os celestiais ve...