A chance (parte I)

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Derek 

Em algum momento durante nossa vida, pelo menos aqueles que mais sofrem acham que quando o sofrimento acaba aquele seria o último que enfrentaria, porque ansiou por aquele momento de paz durante a dor. 
Já se perguntou se as poucas pessoas  que deparam-se com a paz tão clama, escolhem por seguinte preparar-se para a próxima guerra, vão enfrentá-las melhor daqueles que enganaram a si mesmos? 
Sim, é a resposta. 
Desde que Meredith fez a cirurgia eu sabia que qualquer coisa era possível de acontecer com ela. Não sei se foi minha falta de esperança que tudo desse certo ou por ser cirurgião, que me faz pensar dessa maneira, mas eu já estava preparado para o que viesse a seguir… ou não.

— Ele tá vindo…— Cristina disse apontando com a cabeça em direção a porta do quarto da Meredith que estava sendo aberta, saindo de lá um senhor careca, de olhos castanhos, alto, usando óculos preto, jaleco branco e com prontuário na mão. Estávamos todos do lado de fora enquanto o oftalmologista examinava Meredith. Quando digo todos, quero dizer que até Bailey e Richard e uma enfermeira que amava a Mer estavam naquele corredor. É imaginável a pressão que o pobre oftalmologista, Dr. Gabriel, estava sendo vítima. 
Ele olhava para nós como se estivesse esperando falarmos alguma coisa, enchê-lo de perguntas, mas não, ele só recebia silêncio e olhares congelantes. Conseguia sentir meu coração batendo cada vez mais rápido, se ele saísse pela minha boca sairia dançando pelo hospital. 

— Meredith vai ficar bem, a cegueira vai ser temporária.— Dr. Gabriel deu a notícia sorrindo e nossos suspiros de alívio ecoaram pelo hospital. De repente meu coração se adaptou ao meu corpo novamente e o ar ficou mais fácil de se respirar. Está aí uma notícia que eu não esperava, uma notícia boa. — Ela reagiu muito bem com os exames de reflexo, os exames saíram limpos, então provavelmente a cegueira se deu devido ao tempo que ela ficou inconsciente, é raro mas acontece. Apliquei alguns reagentes, ela vai precisar ficar de repouso por oito horas com tampões nos dois olhos e aos poucos vamos deixá-la em contato com a luz — Nós todos suspiramos aliviados com a boa notícia. 
O Dr devolveu o prontuário para Amélia e se foi. Lexie abriu a porta do quarto, ansiosa para ver a irmã. Mark, Cristina, Alex, Meggie, Richard e Bailey entram em seguida. — Não vai entrar? — Amélia perguntou antes de entrar também. 
— Eu não sei o que fazer agora…–Respondi muito sincero. — Posso parecer um monstro em te dizer isso Amy, mas eu não achei que a Mer ia voltar a enxergar novamente e as coisas que eu estava imaginando eram ruins e…— Amy fechou a porta que ela estava prestes a abrir, tirou sua mão da maçaneta e tocou o meu ombro como demonstração de acolhimento e afeto. — O que você e a Mer passaram é inacreditável, muitas coisas ruins aconteceram com vocês, teve o divórcio e mesmo assim os problemas não acabaram. Eu sei que é inacreditável pra vc que essa coisa boa aconteceu, mas acredite, aconteceu. Ela está bem, vocês estão aqui, estão bem… Essa é chance de vocês serem felizes de novo— Amy conseguiu me tirar um sorriso e me confortar com suas palavras. — Vamos entrar? — Perguntou. — Acho que a Mer precisa ficar com as irmãs e os amigos agora. Eu volto mais tarde— Amy concordou com a cabeça e entrou. 
De repente tive uma ideia maluca, totalmente inesperada. Mas Amy estava certa, é a minha chance de ter a minha vida feliz com a Meredith de volta, é a nossa chance e eu precisava arriscar. 
Na euforia do momento saí daquele corredor e fui direto pra sala dos staffs, tirei o jaleco, coloquei o casaco no lugar por cima do scrub e peguei a chave do carro. Bem apressado entrei no carro e dirigi até o trailer.
Chegando, comecei a procurar desesperadamente a "cereja do bolo" do meu plano. 

[...]

A bagunça tomou conta do trailer, eu não estava achando em lugar nenhum, eu tinha certeza que estava no trailer, não saiu de lá. 
Já ia fazer três horas de procura, meu cabelo estava molhado de suor, eu estava desistindo da ideia de ainda achá-lo. Até que, num olhar despercebido, em meio aquela bagunça eu achei. 
— ISSO!— Gritei de felicidade com o objeto na mão. A felicidade era tamanha, mas algo me dispersou; um cheiro estranho estava espalhado pelo trailer. Inalei debaixo do meu braço e meus olhos arderam. — Santa Mãe!—  Exclamei depois de sentir meu próprio e horrível  odor. —  Acho que preciso de um banho.—



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