Aos poucos

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Meredith 

— Certo. Está pronta? — Derek me olhava tão feliz, que eu não conseguia demonstrar meu nervosismo de cair no chão. A sensação de ficar em pé novamente vai ser estranhamente anormal. Derek segurava forte meu antebraço e eu o dele. Comecei a me levantar aos poucos, apertava meus olhos resistindo a dor do incômodo. A sensação de dor passou, mas minhas pernas estavam dormentes por completo, eu conseguia movê-las, mas não conseguia senti-las. — Como se sente?— Perguntou após eu me levantar pela primeira vez em dias. Derek estava muito cauteloso comigo, ele sempre foi, mas talvez ele esteja, em alguns momentos, exagerando um pouquinho. Sem contar que eu estava com uma plateia no quarto: minhas irmãs, Bailey, Cristina, Alex, Richard, Mark. Andar se tornou um evento. 

— Parece que eu estou flutuando!—respondi rindo de nervoso. Todos ainda olhavam pra mim sem nem ao menos picar. — Posso andar até ao banheiro sozinha, eu consigo.— Derek ergueu a sobrancelha espantado, olhou para os outros como se pedisse ajuda do que fazer.

— Eu posso te levar até o banheiro…— Sugeriu. 

— Tudo bem, mas só até a porta. 

— O piso é escorregadio… — Argumentou Derek. Já deu pra perceber que a intenção dele era ficar dentro do banheiro comigo, o que eu não vou permitir, já que eu precisava de pelo menos três minutos de privacidade. 

— Não tem nada aí que ele não tenha visto antes!— Comentou Mark de repente, o que lhe rendeu olhares e um belo tapa na cabeça dado pelo Lexie. 

— Eu posso te acompanhar, Mer…— Meggie se pronunciou — ou não…— recuou após eu fazer uma cara bem feia pra ela. 

— Até a porta, Derek Shepherd!— Falei séria. 

— Acho melhor ser até a porta, Derek, tenha amor à sua vida!— Mark soltou a voz novamente. 

— Tudo bem… — Derek se rendeu, deixando nítido que ele não estava de acordo— Fui dando passos bem curtos e lentos, o tempo todo segurando no Derek. Chegamos até a porta, segurei a maçaneta de apoio— Vou ficar aqui, se precisar é só gritar— Ressaltou, Derek.

— E não tranque a porta, só de precaução— Apontou, Lexie. 

— Gente, relaxa. Eu só vou escovar meus dentes! 

[...] 

— Eu tinha me esquecido o quão delicioso é batata frita!— Exclamo ao comer a batata. Derek, que estava almoçando comigo no meu quarto (o que sempre fez desde que descobri o câncer), ficou rindo das minhas expressões. — É tão gostoso!

— Sabe, se você continuar assim, as pessoas do corredor vão pensar que estamos fazendo outra coisa— Brincou, Derek. 

— Caso você não saiba, batata frita ganha de sexo. Eu trocaria uma transa por um pote enorme de batatas fritas sem pensar duas vezes— Ele me olhou com olhar desafiador, e eu só conseguia rir. — Sabe qual seria a sobremesa perfeita? — Sim, eu estava pensando na sobremesa com a mão cheia de batatas. 

— Sorvete de morango? — Sugeriu. 

—  Sorvete de morango! 

— MAS O QUE É QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?!— Derek se assustou ao ouvir Bailey entrando no quarto histérica. 

— Cospe a batata na minha mão!– Pediu Derek, sussurrando. 

— O que? — Perguntei incrédula de boca cheia.

— Só cospe…— Botei toda a batata pra fora na mão dele. Sem nem saber o motivo, a batata estava tão boa.

— Será que os dois podem me explicar por que Meredith Grey está comendo batatas fritas se só era permitido comidas sólidas a partir de AMANHÃ!

— Na verdade, permitido após 24 horas depois que eu fiquei consciente, e já se passaram… — Me defendi. 

— E não se recusa nada para pacientes que têm câncer…— Derek também quis me defender. 

— Tinha! — Corrigi.  

— Tinha! — Ele repetiu. 

— Vocês dois são inacreditáveis!— É Bailey, disso eu não posso discordar, pensei.

—  Preciso conversar em particular com a Meredith. —Falou Bailey. 

— Claro… Eu estava mesmo de saída… Pra jogar esse cuspe de batata no lixo. — O momento não permitia, então segurei minha risada com muito esforço. 

— Precisamos falar sobre o seu emprego— Disse Bailey assim que Derek fechou a porta— Durante esses meses fiquei em contato com seus chefes de Singapura atualizando sobre seu estado de saúde a cada uma semana. 

— Já estão cientes que eu já estou bem? 

— Não, eu ainda não os informei. Você deveria ligar e os informar, se sua vontade for voltar— A coisa mais racional a fazer seria me recuperar e voltar para Singapura continuar minha pesquisa, mas tinha algo me incomodando, algo que eu não tinha certeza do que era. 

— Eu ainda não tenho certeza do que eu vou fazer… 

— Não precisa se decidir agora, mas comece a pensar sobre isso. Mas trabalhar aqui novamente é uma das suas opções. E chega de batatas fritas. 

— Sim, senhora. 





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⏰ Última atualização: Jan 20, 2023 ⏰

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