Poucas Palavras

Capítulo 1

POV Emily

Eu nem sempre fui segura de mim, desenvolvi ao longo da minha carreira. Fui descoberta por uma olheira de modelos, que hoje considero como uma das minhas melhores amigas, Lavínia, que com a minha carreira hoje também é conhecida pelo mundo todo, por ter me descoberto. eu tinha apenas 16 anos, e pra viver o sonho em ser modelo, eu fui emancipada pelos meus pais, que vinham de uma cidade bem pequena em SP, em menos de 2 anos, assim que completei 18 anos eu já estava desfilando nos melhores desfiles de moda ao redor do mundo. eu ganhava muito dinheiro, muito mesmo, e por não querer retornar a vida simplista que tinha. eu economizava quase todo o meu dinheiro. mandava uma certa quantia pros meus pais melhorarem de vida, sobrevivia com o que as marcas me mandavam, roupas, sapatos, bolsas, eu gostava de desfilar, mas não amava, e sabia que vida de modelo não é pra sempre, e como se tivéssemos data de validade de certa forma, e eu tinha consciência disso. e por isso eu sabia que aquele mundo eu tinha que sobreviver o quanto pudesse até encontrarem uma nova eu. sim, até parece um mundo maravilhoso, mas somente quem realmente vive, sabe que não tem como permanecer nele, não do jeito em que eu vivia, eu mal me alimentava, e é um tabu enorme falar sobre isso, você apenas come pra não passar mal dos eventos e desfiles. a procura de um corpo que é humanamente impossível de se manter. eu passava literalmente fome, dormir? Desde que eu comecei, não sei o que é dormir uma noite toda. eu realmente ganhava muito dinheiro, milhões por um desfile, mas eu não vivia uma vida, eu interpretava uma vida.

O que eu gostava era de modelagem fotográfica e até mesmo comercial, eu adorava atuar. mesmo que em comerciais que eram extremamente machistas, todos eles, mas era o que mais me pagava, e eu queria mudar de vida. Até o dia do meu acidente.

em um dia maravilhoso, após muita bebedeira, eu peguei um carro e apaguei, acordei de um coma, uma semana depois. até hoje não consigo explicar o que exatamente aconteceu. imprudência, obviamente. mas custou a minha carreira, ninguém mais queria contratar uma modelo que se envolveu em um acidente por estar alcoolizada, e com uma cicatriz no meu joelho esquerdo, devido eu ter quebrado no acidente, não era tão aparente, mas eu já não servia para indústria onde se vendia um corpo perfeito.

Assim que eu completei 20 anos, eu abri uma agência de modelos, Lavínia e Henry, um estilista talentosíssimo como gerentes, são meu braço direito. Hoje, após um ano, eu sou dona de uma marca onde leva modelos "não perfeitos" aos melhores desfiles ao redor do mundo.

Após meu acidente, percebi que a perfeição nunca existiu, só depende do ponto de vista de cada um. o que é perfeito pra mim, pode não ser a sua perfeição. e tá tudo bem. e quando se trata de beleza, é ainda mais relativa.

No início eu era conhecida como uma dondoca, frustrada por não ser mais modelo que patrocinava modelos que ninguém mais queria, bom, digamos que eu cutucava a onça com vara curta. e incomodava, ao longo do tempo os modelos me procuravam, eu agenciava, e elas sabiam que teria uma oportunidade sincera, e o mais atrativo, eu não iria cobrar aquela loucuragem que me cobravam. Lavínia não está inclusa nisso, ela sempre me dizia pra ir com calma, mas inconscientemente eu sabia que minha beleza juvenil não iria durar pra sempre, só não sabia que eu seria invalidada em tão pouco tempo.

Bom, hoje já se passaram 5 anos, após a abertura da agência, e eu me sinto muito realizada, temos modelos do Brasil todo, e que estão desfilando pelo mundo todo.

para ter tanto sucesso tive que deixar minha família, amigos, e relacionamentos de lado, para que assim, eu tenha sucesso. o sucesso é relativo também. eu tenho dinheiro mas sinto falta de algo, que mal consigo dizer em voz alta. Amor.

Lavínia entra em minha sala, quando estou longe em meus pensamentos

- Emily, não se esqueça de pensar com muito amor e carinho sobre a fotógrafa que tinha comentado, ela é ótima e seria ideal para ficar aqui na agência.