Capítulo 7

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POV Susan

Naquela segunda eu acordei mais animada que o normal, estava chegando o dia do desfile em que a agência fazia para promover os novos modelos pro mercado de trabalho. vinham marcas de todo o Brasil, era importante. e eu iria participar. Lavínia já tinha me antecipado que eu ficaria no backstage. A equipe da agência realmente era sensacional, todos atenciosos, era um ambiente diferenciado.

ao chegar na agência vou diretamente ao estúdio, sempre antes de qualquer ensaio, eu tinha que verificar os equipamentos, iluminação, flashes. hoje começa um novo assistente, e eu já tinha esquecido o nome dele. ao chegar vou ligando tudo, computador etc. a modelo chega já maquiada o que já adianta bastante a dinâmica. o tempo é precioso. os ensaios dependem muito da modelo, do clima e o meu humor também. quando estou irritada ou preocupada com alguma coisa, simplesmente não sai como eu planejo. Hoje eu estava de bom humor.

Eu não sei onde estava com a cabeça, mas eu trouxe flores pra Emily, um buquê com girassóis, passei em uma floricultura perto da agência, me deu vontade e comprei. Depois que estava com elas em mãos, eu me perguntei o motivo exato de fazer isso. Essa mulher está mexendo comigo de uma maneira diferente. Ela já disse que foi uma diversão e blá blá blá, mas eu senti algo diferente, tenho que ser sincera com ela, mesmo que não seja recíproco, eu devia isso a mim mesma.

estava conversando com a modelo, quando percebo Emily se aproximar, eu sorrio e ela parecer estar bem séria. deve ter acontecido alguma coisa. a modelo fala comigo e nem consigo ouvir o que ela fala, eu só observo Emily caminhar. um homem a para e conversa com ela. e a Beija? eles estão se beijando? É sério que estou vendo isso? Agora sim está explicado. Puta merda, eu seria a outra?

- ... mas parando pra pensar um salto seria melhor, o que acha?

- o que? desculpa não ouvi - eu deixo as flores em cima da mesa.

- ou quem sabe essas flores - ela se aproxima das flores rapidamente e desfaz o buquê pegando algumas. que pessoa que vê um buquê e o desfaz? - ah não combinam com o meu figurino.

- realmente. - eu respondo incrédula com a atitude dela. Como ela pode desfazer o meu buquê assim? misericórdia. - hei, - eu chamo o assistente - você. Marcos? Matheus? Como é seu nome mesmo?

- Felipe - ele responde

- isso, desculpa sou péssima com nomes. vou buscar um café, já volto

- eu vou no banheiro, - a modelo que não lembro o nome só sai dali, e eu saio pela outra porta, minha memória com nomes tá pior a cada dia.

Eu saio dali tão desnorteada, que mal sei como cheguei na cafeteria do prédio. ela é hétero? bi? Ela namora? é casada com um cara? Bonito, devo admitir, bem vestido, todo engomadinho. eu realmente fui uma diversão pra ela. que merda, eu seria a outra. CRUZES, um fantoche?

-oi, eu gostaria de um mochaccino. e ah, a Emily Dickinson pediu um café... mas não lembro o nome - eu estava tentando lembrar o nome do café que ela tinha comentado. - cappuccino com baunilha. acho que é esse

- isso, sem açúcar.

- ah, imaginei mesmo. seriam esses dois.- Eu pago e já saio dali, ao ir voltando passo pelo engomadinho que estava beijando a Emily, realmente o homem era bonito, e alguns seguranças atrás dele, bom pareciam seguranças.

eu subo rapidamente. o pouco tempo que estou aqui, sei que Emily odeia atrasos. e eu também. mas ficar vendo ela beijar no corredor foi demais, eu tinha que sair dali o quanto antes.

Tenho que admitir a Emily estava estranha. mal deu bom dia, estava me dando umas alfinetadas, e eu não estava entendendo nada do que ela dizia. ela parecia nervosa, falava rapidamente. e sério acho que nem ela estava se entendendo. talvez ela é daquelas mulheres que precisa de um café antes de conversar. quando eu entrego o cappuccino ela dá uma acalmada. na mosca devia ser fome. eu também sou um pouco assim, não converse comigo se estiver de jejum. eu viro monossilábica. eu dou risada do meu próprio pensamento. eu não a conhecia. e estava tirando conclusões precipitadas.

Poucas PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora