Versos Passageiros

Capítulo 2: Detalhes

B a l a n ç o
Primeiro a intro,
depois o balanço das cabeças,
entra o vento e dança
sobe o instrumental
Paz
enfim, a vibe.

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V o l t a  p r a  c a s a
Eu ficaria ali parada, admirando você pelo espelho, torcendo para que não notasse tão cedo, mas em algum momento percebesse e me olhasse de volta. Suas curvas tão belas, detalhes viciantes que me vidram. Eu olharia você o dia todo, bem pertinho, para no final deixar seu cheiro comigo.

O dia passa voando e tua companhia me faz sorrir. É isso, sem mais; não há palavras difíceis, é simples e suficiente. Estar na sua presença me faz bem e me arranca sorrisos.

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E s t r e l a
Esta noite
não sei se dançam as nuvens de um lado para o outro
ou se o céu está limpinho com todo seu azul marinho
Mas gostaria de poder arrastar o sofá pra fora,
me aconchegar no quintal, uma manta para esquentar e braços a me abraçar
para vermos então os pontos de luz da cidade quase adormecida
mesclando com o brilho da lua e as estrelas
E a oscilação de ser, rir, a falta do dizer, existir, sorrir
enquanto sinto entre alguns goles, carícias, duas vidas acesas
Eu não sei se dançam as nuvens, mas sinto ventar
Quando a madrugada me tem sozinha,
esse frio arrepia, me apavora
Mas se tem ela, acalmo, me devora
e eu gosto, tremo por outros motivos
Prazeres, conversas, tempo rico inofensivo.

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V i b r a ç ã o
A vibração do seu cantarolar
mepuxapraperto
bem perto do meu querer perpétuo
de você
que não consigo controlar.

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P r e c i o s a
É precioso meu tempo
Me tenha por inteiro
ou não me conheça
O oceano, muito pacífico, que sou
não existe para ser sentido pelas beiradas
Entrego tudo de mim no sorriso farto
que me causar
Serei livro aberto numa madrugada longa
que me fizer ficar mais um pouco
Serei carta aberta na partida quando chegarem as lembranças
Saudosa dos goles de boas conversas
embriagar-me de cultura, meias acordes
e uma dúzia de histórias do passado
É precioso meu tempo que só quer amar
teus segundos, teu movimento, teus segredos
e os detalhes da tua pele, novidade em meus olhos
Eu confesso a céu nublado ou dia ensolarado,
te vou querer preciosa por inteiro.

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T u d o
Eu guardo tanta coisa
que acho que é importante,
que tenho medo de ter esquecido
as principais e essenciais coisas sobre você.
Bela adormecida, me abrace durante a noite
e me tenha entregue até o dia
Me veja me vestindo para você
e me queira despir outra vez.
Pegue tudo, pegue meu toque pra você
enquanto é tempo da gente se ter.

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F i n i t o
Eu vi o dia passar
olhando a imagem estática
da janela do meu quarto
Meu pensamento voou para encontros recentes
e encontrou sentimentos antigos
que meus diários haviam perdido.
A parte triste do domingo é que ele é feito de preguiças, corações partidos
e traz a batida forte do finito.

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U m  p o u c o  m a i s
É pouco mais de meia noite. Os últimos ônibus passam na avenida, correndo pelas pistas vazias. Me sinto zonza, culpa da bebida. Doses idiotas, sem comemoração. Apenas goles para ofuscar a pressão, esquecer do meu coração. É um silêncio ecoante.

Apesar de repetitivo, não tenho ninguém por perto, mas ouço as vozes das pessoas que passaram por minhas lembranças. Eu sinto o cheiro, sinto o medo. O arrepio na pele, corpo acelerado. Sinto o toque, até que meus olhos se apagam, levo o choque e percebo: foi um sopro.

Dos breves e calorosos minutos viveria loopings até redescobrir detalhes novos. A mente vagueia, vai de uma canção, duas, até um amor antigo, uma nova sensação, atitudes que moveram o rumo da minha história e me trazem na saudade tamanha alegria.

Vou te confessar, já quis tanta coisa que não soube pedir. Me disseram que a moda é omitir, guardar para mim. Eu que não sou de seguir modas, me vi sem saída. Carrego tantas palavras a dizer e não tenho a certeza se os destinatários gostariam de ouvir. Eu escrevo e me guardo, sou engavetado junto.

Me apaixonei por instantes inesquecíveis que me banham de calafrios, me molham dos perfumes da memória. É pouco mais de meia noite e meu pensamento gira como ioiô: já fui longe e voltei, mil versos de questões distintas intercalando às mil versões do meu desejo com você.

Eu amo escrever, me liberta. Mas fico pensando se do outro lado você lê e, além de compreender, cogita para si dar as respostas que peço. É esta sede recíproca ou sou mero andarilho tendo miragens?