Capítulo 7

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Jungkook

Deixar Jimin sozinho foi uma decisão certeira. Conversar com ele irritado só ia nos magoar mais e eu estava cansado. Decidi ir à praia novamente, sentir o mar e o vento fresco, ver pessoas, beber um pouco.

Estava saindo do hotel quando encontrei Jin. Ele vestia uma bermuda clara e uma camiseta, deixando seus ombros largos à mostra. Na lateral ele segurava uma bolsa de praia rosa que combinava perfeitamente com seu bucket.

— Jungkook, oi! — Ele andou até mim, assim que me enxergou. — Você vai na praia? Podemos ir juntos? Cadê seu pitel?

Eu ri da alegria do outro que já cruzava nossos braços e me levava rumo ao paraíso.

— Jimin anda meio estressado, então eu resolvi deixá-lo sozinho.

Apesar da minha fala alegre, o sentimento de tristeza não passou despercebido ao meu novo amigo. Ele apertou mais sua mão na minha, antes de falar.

— Acho que precisamos de um momento para falar sobre nossos homens. Vem, vou comprar algumas cervejas e petiscos, vamos encher a cara hoje e chorar as pitangas.

Meu sorriso foi genuíno e por um momento eu fiquei me perguntando se a vida ao lado de Jin era sempre assim, alegre e leve. Sentamos em uma das tendas vips que tinham ali e ficamos em silêncio apenas apreciando aquela vista maravilhosa.

— Quando conheci o Kihyun, lembro de sentir uma felicidade que eu jurava que ia me matar. Foi uma conexão incrível e não precisou de nada dessas bobagens românticas ou regras para que em pouco tempo a gente casasse. No início nós vivíamos transando, não tinha hora nem lugar, nós éramos infinitos. — eu ri de sua fala. Eu acho que todo casal passa por essa fase e eu não pude deixar de pensar quando eu e Jimin vivíamos assim também.

— No início, nós resolvemos que mesmo casados cada um teria sua privacidade, então não morávamos juntos e isso por muito tempo funcionou, sabe? — eu assenti enquanto tomava mais um gole da minha bebida — Mas apesar de tentar muito, eu não sou uma pessoa tão moderna. Eu queria ficar mais tempo com ele, sair mais com ele, cuidar mais dele, ter nossas coisas, ter nosso espaço e então decidimos morar juntos e nossa, acho que foi um erro tomar essa decisão.

— Por que você acha isso, hyung? — Perguntei, mostrando surpresa a essa última informação.

— Porque foi assim que descobrimos que somos muito diferentes, que não nos encaixamos. Kihyun é bagunceiro, despreocupado, gosta de barulho enquanto que eu sou o total oposto. É muito frustrante chegar em casa cansado e ver tudo bagunçado, fora do lugar. Muitas vezes eu quero dormir mais cedo, mas ele fica com aquele video-game ligado e nossa como aquilo me irrita. Eu odeio tanto, tanto isso. Eu me sinto tão mal em sentir arrependimento por ter chamado ele pra morar comigo.

Jin deixou as lágrimas rolarem e eu só consegui abraçá-lo. Não tinha muito o que dizer, já que eu nunca vivenciei algo parecido. Eu e Jimins tínhamos uma sintonia muito boa, pelo menos nos primeiros anos de casados. Nunca tivemos discussões sobre organização de casa ou sobre responsabilidades do tipo.

— Então, tudo mudou quando meu irmão teve um filho. Eu fiquei tão mexido que comecei a querer um filho também. Comecei a ir em orfanatos, abrigos e a conversar com psicólogos, mas quando eu falei pra ele, meu coração se partiu em pedaços tão pequenos que hoje me pergunto se conseguirei viver com tanta tristeza dentro de mim.

A fala de Jin me entristeceu porque Jimin também queria um filho e eu sempre achei que se fosse colocando obstáculos um dia ele desistiria. Isso é um sonho dele que eu não sei se estou pronto para realizar.

— Desde então nosso "casamento" está estranho. Parece que algo se perdeu, mas ainda sim eu o amo. Você consegue me entender?

Seu olhar era suplicante, buscava apoio em sua tese, mas ele também tinha medo.

AINDA EXISTE AMOR EM NÓS (Versão Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora