Talvez um vibrador seja uma boa opção...

16 4 0
                                    

Tudo bem, esse homem é um completo anônimo para mim e não deve ser nada normal contar os meus problemas mais íntimos para alguém que eu nem conheço. Também imagino que deve estar sendo no mínimo estranho para ele escutar sobre as desventuras amorosas da mesma mulher que pouco mais de vinte e quatro horas antes estava falando um bando de putaria no telefone para ele, mesmo sem nem o conhecer.

Mas, quer saber? No final das contas, apesar de ainda lhe achar um tanto pervertido, para mim, ele parece ser um cara bem legal, sim!

Eu acabei contando para ele o que havia acontecido naquela maldita noite do jantar de noivado que não terminou em noivado, e até um pouco mais do que acho que deveria sobre o meu relacionamento um tanto monótono com o Frederico — explicando para ele até o porquê de eu ter tido a brilhante ideia de fazer sexo por telefone na noite anterior. E isso tudo numa voz chorosa e terrivelmente infantil, que ficava ainda mais ridícula por eu estar consideravelmente bêbada. E o mais incrível é que ele ouviu cada palavra minha pacientemente, fazendo perguntas aqui e acolá para entender a minha situação e me incentivar a desabafar ainda mais.

É uma situação estranha falar coisas assim tão pessoais para um perfeito desconhecido? Talvez sim. Teria sido melhor ter ligado mais uma vez para Lunna ou, talvez, para Estela e, assim, desabafar com uma das minhas primas? Provavelmente. Porém, para ser bem sincera, eu fiquei tão estranhamente confortável falando tudo o que me aflige para esse homem parecendo genuinamente disposto a me ouvir, que nem passou por minha cabeça ligar para uma das meninas.

Talvez o fato de não o conhecer e sequer saber quem ele é tenha me deixado mais à vontade para me abrir como eu nunca me abri para ninguém antes. E conversar assim tão abertamente é algo que eu não tenho a oportunidade de fazer há muito tempo. Frederico nunca fez sequer questão de fingir que me escuta quando eu preciso desabafar sobre algum problema ou aflição que eu esteja sentindo. E quando se trata das minhas primas, eu preciso evitar falar sobre o principal motivo dos meus problemas, ou seja, o próprio Fred, já que esse assunto sempre acaba em discussão. Então, encontrei nesse desconhecido um grande ombro amigo — ou um ouvido amigo, melhor dizendo — que jamais pensei que fosse encontrar nessa ligação que começou de forma, no mínimo, turbulenta.

Bem, vejamos... — ele começa a dizer, quando finalmente acabo de despejar toda a minha frustração da noite. — Homens são uns tapados mesmo. Talvez ele só não tenha se ligado ainda que você está pronta para o próximo passo — pondera. — Ou talvez ele mesmo não esteja pronto. Em minha opinião, creio que nós homens nunca estamos. Só aceitamos essa história de casamento pra deixar vocês felizes, mas enfim... — Eu consigo ouvir um sorriso em sua voz suave.

— Então... você acha que é besteira eu estar triste por isso? — indago, pensativa.

Não, claro que não! Você se decepcionou, é totalmente plausível que esteja triste ou chateada! Só acho que você poderia relevar um pouco a lerdeza masculina, sabe?

E dá uma gargalhada breve e, caramba, que risada gostosa de se ouvir ao pé do ouvido.

— Você não parece ser tão lerdo assim como todos os outros homens — falo com um sorriso no rosto, pois, surpreendentemente, conversando com esse homem, eu já me sinto bem melhor.

Ah, mas eu sou sim. Não se engane, todos os homens são. Alguns menos, outros mais, isso é fato. Mas todos somos. E, pelo que minha ex dizia, estou no time dos mais lerdos, sim. — Ele ri, mas dessa vez parece ser um riso falso, amargo.

— Acho que você não concorda com ela, visto o tom que você acabou de usar... — murmuro.

É que... — Por um segundo, ele parece hesitante, porém, antes que eu consiga dizer qualquer coisa, ele volta a falar: — Nosso término não foi muito amigável, sabe?

Desculpa, foi engano!Onde histórias criam vida. Descubra agora