Agência Fantôme

Cap 8 - O garoto dos mortos

Todos estavam na missão de espionagem, Lawrence e eu éramos os únicos dentros da agência no momento. As coisas estavam quietas, como costumavam ser quando era apenas eu e ele por aqui.

"Eles te acham estranho, ninguém gosta de você"

Mordi meus lábios até sair sangue. Eu sempre ouvia esses sussurros, me dizendo coisas que iriam acontecer ou apenas provocações.

Eu escutava essas vozes desde pequeno, ninguém mais parecia ouvi-las.

Olhei para meu ouija. "hoje não" pensei, eu realmente não estava com vontade de ouvir todas aquelas afirmações sobre borboletas traidoras ou coisas sem sentido.

Mas uma voz em particular me enlouquecia.

Irmão...

Denovo não, denovo não.

Vai embora, sai da minha cabeça. Puxei meus cabelos em desespero

Virgil, irmão.

Nem pensar, hoje não.

Peguei o primeiro objeto que vi, esse fantasma iria parar de me atormentar querendo ou não.

Meus braços estavam ensanguentados quando olhei, não tinha mais voz alguma, senti um alívio. Mas não demoraria muito até voltarem.

Eu teria alguns momentos de sanidade, pelo menos.

Ouvi algumas batidas na porta

- Ei, é o Lawrence, garoto. Achei que poderíamos conversar um momento. O homem disse enquanto abria a porta

Ele me olhou e seu rosto tinha uma expressão que não conseguia decifrar.

- Garoto...vamos cuidar desses machucados, certo?

Lawrence desapareceu do quarto por alguns segundos, voltou com uma toalha, desinfetante e bandagens.

- É por causa dela, não é mesmo? Ele tinha um olhar de simpatia em seus olhos, como ele sempre fazia quando conversávamos assim no passado.

Não respondi nada, ele já sabia de toda minha história. Sobre como minha irmã havia sido morta pelas pessoas daquele culto que louva os nukkes, sobre como eu lentamente perdi a sanidade, Lawrence sabia de tudo.

Eu por outro lado, não sabia nada sobre ele. Talvez um garoto louco e quebrado não fosse tão confiável assim.

- Olha garoto, temos de seguir em frente sabe? Devemos confiar nos nossos amigos de agora do que agarrar ao passado. Ele colocou a mão no meu ombro

- Mesmo se tivesse um traidor entre nós?

Lawrence me olhou inquieto.

Parece que eu tinha esse efeito nas pessoas, sempre tão cuidadosas perto de mim, me evitando.

A vozes voltavam a murmurar no meu ouvido novamente, e eu ri.

- Você tem medo de mim também? Igual todos os outros? Comecei a rir histericamente.

- Virgil, não é-

- NÃO!

- Desde que os outros chegaram, eles me odeiam e tem medo de mim, e sabe por quê? Porque eu falo o que os outros não querem ouvir, o que eles mais temem. E você não é diferente deles! Agora meus olhos lacrimejavam, eu mal conseguia ver ao meu redor.

De repente senti um conforto, um calor que me lembrava da minha irmã, Lawrence me abraçou.

- Shh, tá tudo bem...Lawrence sussurrou enquanto mexia no meu cabelo.