Olhos Cor de Sol

Plólogo - 26 horas

26 horas de voo entre o Brasil e o Japão. 26 horas até o início dessa nova aventura maluca que me espera do outro lado do mundo. 26 horas para processar e concretizar todos esses pensamentos na minha cabeça...

Que horas são?! Caramba, está tudo escuro. Ah, já deve ser de madrugada e eu aqui falando sozinha. Parabéns, Alana! Você conseguiu perder as suas horas de sono, olha que beleza. Agora, com que cara eu vou chegar no Japão, hein? Sinceramente, não sei... enfim, eu estou indo para o Japão... EU ESTOU INDO PARA O JAPÃO!

Quem diria, uma semana atrás a minha maior preocupação eram as lições recém acumuladas de física, e, do nada, recebi a notícia de que terminaria meus estudos em Tóquio, mais precisamente em um dos colégios preparatórios de super-heróis mais prestigiados do mundo todo. Agora, se me perguntar como exatamente isso tudo aconteceu... eu não vou saber explicar tão bem assim.

Aparentemente, minha mãe tem algum contato de trabalhos antigos por lá, e essa conexão me rendeu uma vaga no início do segundo ano. O mais curioso de toda essa situação é que, diferente dos alunos que estudam lá desde o ano passado, eu não precisei fazer um exame de admissão muito complicado: foi só uma prova dissertativa com uma redação no final que pedia uma descrição da minha individualidade. E modéstia à parte, a minha ficou sensacional! Já que a ideia era vender meu peixe, eu escrevi quase que um relatório de tão detalhado sobre cada aspecto da minha individualidade. E não é que deu certo?!

De lá para cá, foram dias e mais dias dobrando, empacotando e encaixotando todo tipo de coisa que eu possa precisar nesses dois anos. Foram quatro malas hiper lotadas, uma mala de mão quase estourando e uma mochila pequena com umas lembranças de casa e presentes para os meus futuros amigos... eu realmente espero conhecer gente legal, Deus me livre passar esse tempo todo isolada e triste num canto!

Meu coração aperta um pouquinho quando eu penso que vou chegar sem conhecer nada nem ninguém. Quer dizer, nomes eu tenho dois: obviamente o da minha nova escola e da pessoa que vai se responsabilizar por mim nesse meio tempo. Antes de embarcar, meu pai me abraçou forte e disse no pé do ouvido enquanto segurava as lágrimas teimosas: "Não esquece de procurar o Aizawa, tá bom?", mas a grande pergunta é, quem diabos é Aizawa?! Eu não tenho ideia de como ele é... alto, forte e musculoso, tipo um daqueles professores bem bonitões? Ou um senhorzinho fofo e enrugado, com um par de óculos redondos e uma voz bem baixinha e calma?

Enfim... minha cabeça está explodindo de dor, será que eu trouxe remédio comigo? Inclusive, que horas são? O sol está nascendo... O SOL ESTÁ NASCENDO E EU NÃO DORMI NADA! Que saco. Não, está tudo bem, eu provavelmente tenho mais umas duas horas até a aterrissagem. Se acalma, Alana, vai dar tudo certo. E se não der, eu dou um jeito... afinal, sempre foi assim, né?!