3 - Princesas e parafusos

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As primeiras luzes da manhã de domingo despontavam no céu, embalando Alana em seus últimos instantes em silêncio. O despertador logo tocou e, se esticando pela cama, a menina abriu os olhos. Alguns segundos se passaram até lembrar onde estava, mas logo se animou com a vista do quarto parcialmente organizado. 

Os presentes ainda amontoados por cima da escrivaninha, as cortinas azul marinho que deixavam entrar a claridade de fora, a estante ainda sem prateleiras e a toalha por cima da cadeira. Se levantou ainda sonolenta, com o tapete felpudo abaixo dos pés, foi até o guarda-roupas e escolheu algumas peças para vestir. Pegou o telefone e, com tudo em mãos, desceu até o térreo.

De dentes escovados, com os cabelos presos em tranças folgadas e devidamente vestida, a menina saiu do banheiro em direção à cozinha. Apesar de ser a única no dormitório, os armários e a geladeira estavam totalmente abastecidos, apenas esperando pelos alunos que chegariam em breve. Preparou com calma seu chocolate quente com uma pitada de canela enquanto revisava o que precisava fazer naquele dia.

Além dos parafusos e da fita, acho que também preciso comprar um espelho. Nada tão grande assim, até porque não tem espaço... talvez um que dê pra ver o corpo todo se eu pendurar na porta. É, deve servir. Será que tem uma loja assim aqui perto? Vou perguntar para o Aizawa... ah, quase esqueci! Ele vai me mostrar a escola hoje. Eu tiro essa dúvida no meio-tempo.

Acompanhada de sua xícara quente, abriu a porta da frente e se sentou nas escadas para observar o dia que se iniciava. As folhas das árvores balançavam gentilmente com a brisa que passava. Os pássaros voavam por perto, os insetos andavam pela terra e faziam a grama dançar. Uns poucos funcionários da escola andavam alguns prédios à frente, mas ela sentia seus pés apressados pelo chão de concreto. Na verdade, ela sentia a atmosfera à sua volta enquanto esperava pelo professor.

— Achei que ia precisar te chamar no quarto... menos trabalho para mim. Anda, quero te mostrar tudo o mais rápido possível. — Aizawa bocejou, sentindo o cansaço penetrar seu corpo.

— Caramba, Aizawa, você está acabado! Tem certeza que você está dormindo direito? Essas olheiras me dizem o contrário... se você quiser, eu posso preparar um café rapidinho. Não sei como você gosta daquilo, mas se te mantém acordado, é o bastante.

— Você consegue ficar quieta por um segundo?! E eu não preciso de café, já tomei antes de sair. — Na verdade, ele abriu seu presente ainda na noite anterior. Mesmo que não admitisse, gostou bastante do sabor amargo e bebeu umas três xícaras desde então.

Em um salto, a menina entrou e deixou sua xícara na pia, pegou o telefone, calçou seus sapatos e desceu as escadas animada. Os dois então saíram andando e chegaram à entrada da escola.

— Suponho que você já conheça alguma coisa sobre a história da UA, então vou pular essa parte e ir logo ao que interessa: suas aulas começam amanhã. Vou te mostrar o prédio do Departamento de Heróis, onde você vai aonde estudar, e o Departamento de Suporte, caso você precise mudar alguma coisa no seu traje... inclusive, você tem um? Vai demorar demais se pedir um agora.

— Tenho sim! Meu pai tem a licença para confecção de trajes, então ele e a minha irmã me ajudaram a pensar e fazer o meu! Inclusive, quando nós voltarmos eu posso te mostrar como ele é... eu acho que vou precisar fazer uns ajustes, pensei em mexer nos amplificadores das botas e das luv- "

— Depois você pensa nisso, agora eu não quero perder mais tempo. Enfim, os ginásios e áreas de treinamento ficam daquele lado, a enfermaria e a Recovery Girl desse aqui. Se você der um jeito de se machucar, venha até ela. Eu realmente não quero ter outro Midoriya na turma...

— Quem?

— Ninguém que você precise conhecer agora, e eu sinceramente tenho medo dessa hora chegar. Com certeza alguma coisa ou alguém vai acabar explodindo... enfim, preciso te mostrar mais um lugar. Por aqui. — Subindo as escadas do Departamento de Heróis, Aizawa foi guiando a menina pelos corredores até chegar à sala dos professores.

Olhos Cor de SolOnde histórias criam vida. Descubra agora