Eram 8h30 da manhã quando o avião de Alana finalmente aterrissou na cidade de Shizuoka. Foram 30 longas horas de viagem recheadas de devaneios sem nexo algum e uma boa playlist. Após chegar em Tóquio, ela ainda subiu em um avião mais duas vezes até "finalmente" chegar ao seu destino. Já em terra firme, a menina estava um caco.
Apesar dos olhos fechados, Alana não cochilou por sequer três horas graças às turbinas gigantes perto da sua janela. Ah, como eram barulhentas! O chacoalhar das hélices sacudiu sua cabeça com tanta força que tudo o que ela conseguiu foram grandes olheiras.
Sem falar do seu cabelo, que começou em um coque alto e soltinho e, bom... agora se encontrava esparramado pelo assento do avião. Foi assim que o comissário de bordo a encontrou: ela era a única passageira ainda dentro da aeronave. Com um toque leve e a voz calma, ele tentou acordá-la.
— Senhorita, me desculpe por te acordar, mas nós já chegamos. Senhorita? ... Senhorit- AHHH!
— ME SOLTA, SEU TARADO! EU VOU TE MAT- Moço?! MOÇO, VOCÊ ESTÁ BEM?! Me desculpa, eu acabei cochilando e não ouvi você, me desculpa por te jogar no chão, eu achei que era um velho tarado tentando me sequestrar... me dá a sua mão!
Com as orelhas e as bochechas em chamas, a garota o ajudou a levantar e logo desceu do avião, novamente pedindo mais e mais desculpas. O comissário, com um sorriso calmo no rosto — e uma veia levemente saltada na testa — acenou de longe e desejou uma boa viagem.
Já na área de desembarque, Alana correu desajeitada atrás das suas malas. Os sons dos passos apressados e dos motores dos aviões martelavam seu cérebro enquanto procurava pelas cores vibrantes inconfundíveis — assim, impedia qualquer possibilidade de perda — ou quase.
Estava faltando uma das suas imensas malas. No caso, aquela mala — amarela e roxa, com alguns adesivos holográficos — trazia seu computador e alguns cadernos de bolso. A menina, já naturalmente espalhafatosa, começou a andar para lá e para cá seguindo as esteiras rolantes até esbarrar em um homem parado no meio do caminho.
— Me desculpa, moço, eu estou procurando por uma das minhas malas que acabou sumindo... uma bem grande e colorida, amarela e rox- EI, ESSA É A MINHA MALA!
— Você é a Alana? — ele perguntou com voz de sono.
— Como você sabe o meu nome? Espera um pouquinho... você, ... não é possível! Você é o Aizawa?! Caramba, eu realmente não esperava que você estivesse tão acabadinho assim... você está bem? Quer uma água?
— Você é a Alana. Eu consigo até escutar o seu pai falando. — O homem respirou fundo e se virou. — Anda logo, já estamos atrasados e eu quero dormir. Me dá uma das malas, você vai atropelar alguém desse jeito. — E assim, saiu andando deixando a garota e sua confusão para trás.
— EI, ME ESPERA! EU AINDA NEM ME APRESENTEI! Muito prazer, meu nome é Alana Hule! Eu sou filha da-
— Filha da Serena, eu sei. Ela participou de algumas missões comigo. Você não parece muito com ela.
— Como assim? As pessoas sempre falam que eu tenho os olhos dela.
— Realmente, é difícil encontrar alguém com olhos grandes e amarelos por aí. Mas ela era muito tranquila e concentrada. Sempre com um plano na cabeça e poucas palavras a serem ditas. Já você é um desastre ambulante de tão barulhenta. Por Deus, como você me lembra do seu pai. Só de pensar já me dá dor de cabeça.
Ela o encarou com uma faísca de irritação nos olhos, mas que logo se transformou em um sorriso sarcástico.
— Eu não vou dizer que discordo, mas o meu pai é mil vezes mais divertido que ela. E eu prefiro me parecer com ele do que ser chata e insossa que nem a minha mãe... pensando bem, não conta isso para ela, por favorzinho! — Um riso preocupado saiu de sua garganta.
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Olhos Cor de Sol
FanfictionFilha de uma heroína conhecida e um inventor de prestígio, Alana seguiu os passos dos pais e mergulhou no mundo dos super heróis... do outro lado do mundo! Em um país novo, uma escola nova e cercada de pessoas extremamente talentosas, ela vê sua rea...