Twenty Seven

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Boa leitura!


''And I knew you'd come back to me''


Casa dos Tomlinson, Domingo.

15h30

Os olhos azuis cansados encaravam o espelho a sua frente, a mão mexendo lentamente a escova de dentes em sua boca, a visão desfocada e a cabeça totalmente vazia. Se abaixando para cuspir a pasta e encher sua boca de água, ele fez bochecho e jogou a água fora, se levantando e secando a boca com as costas da mão.

Mais ciente do mundo agora, Louis deu uma boa olhada em si mesmo, as olheiras fundas pelas noites mal dormidas, a boca rachada, e uma marca em seu pescoço – Edward tinha feito aquela uns dias antes do aniversário, já estava quase saindo.

Louis ainda conseguia sentir o cheiro de fumaça quando se lembrava do alfa.

Suspirando fundo, ele colocou sua escova no suporte, decidido a ir comer alguma coisa já que acordou com fome. Seus passos nem faziam barulho no corredor e muito menos na escada, vendo lá de cima que as gêmeas estavam na sala com Felicite, assistindo tv.

Finalmente na sala, ele descobriu o que estava passando na programação de hoje e entretendo as bebês no chão de carpete. Peter Pan.

Louis sempre soube que conto de fadas eram falhos, falsos, algo criado para que crianças tivessem um pingo de esperança. Como Peter Pan, por exemplo.

É um lindo conto, dois pré-adolescentes apaixonados, que no final se separam, no final, não tem o seu tão famoso final feliz, eles não viveram "felizes para sempre". Não, pelo contrário, Peter não quis assumir a responsabilidade de crescer e deixou Wendy ir por isso. Peter não quis arriscar, e perdeu o seu grande amor.

Louis certamente não acreditava em conto de fadas, porque tinham aqueles em que eram criados para dar esperanças a filhotes ingênuos, e tinham aqueles que eram verdadeiros mas que simplesmente eram arrancados de você.

Quando criança, seu pai costumava contar histórias antes de dormir, mas não sobre a Ariel ou a Rapunzel, mas sim sobre ele e sua mãe. A única história de amor verdadeiro em que o pequeno acreditava.

Ele deitava na cama e observava com os olhinhos azuis brilhando cada nova palavra que saia da boca de seu alfa, às vezes até perguntava uma coisa ou outra.

Ele amava, e aquilo foi tirado de si com brutalidade.

O pequeno Louis sabia que tinha algo de errado quando sua mãe começou a se preocupar, sabia que tudo tinha ficado pior quando teve que socorrê-la no chão da cozinha, sua marca repleta de sangue.

A marca em que o papai dizia simbolizar seu amor pela mamãe estava sangrando aos montes, aquilo não devia acontecer, era amor, amor não era para doer, então por que sua mãe gritava de dor?

Atender polícias aos sete anos não foi algo bom para si, se preocupando com sua mãe, ele conseguiu usar pela primeira vez sua audição apurada. Enquanto abraçava Charlotte e tinha Felicite em seu colo, ele ouviu quando o homem de azul disse que Mark tinha sofrido um acidente e não sobreviveu.

Louis era criança, mas não era ingênuo, sabia o que aquilo significava. O papai não ia mais voltar pra casa, o seu alfa tinha morrido.

Ele se lembra de que os próximos minutos, dias, meses, anos passaram como um sopro. Louis não vivia, ele sobrevivia.

Mas conhecer Edward, Harry e Alexander foi como se a dor tivesse dado uma trégua. Era como chegar à superfície depois de passar anos se afogando. Se sentia a salvo de novo. Os trigêmeos o faziam acreditar em conto de fadas novamente, porque eles estavam criando o seu próprio.

Something told me it was you - aboOnde histórias criam vida. Descubra agora