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    Era lindo, é claro; eu não podia negar isso, está tudo como eu lembava

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Era lindo, é claro; eu não podia negar isso, está tudo como eu lembava. Tudo era verde: as árvores, os troncos cobertos de musgo, os galhos que pendiam das copas, a terra coberta de samambaias. Até o ar filtrava o verde das folhas. Era verde demais igual um quandro do Van Gogh . Por fim chegamos à casa de Charlie. Ele ainda morava na casinha de dois quartos que comprara com minha mãe nos primeiros tempos de seu casamento. Aqueles foram os únicos tempos que o casamento teve - os primeiros. Ali, estacionada na rua na frente da casa que nunca mudava, estava minha nova - bom, nova para mim - Bella fala ao Charlie sobre a picape. Era de um vermelho desbotado, com para-lamas grandes e arredondados e uma cabine bulbosa. Para minha grande surpresa, eu adorei. Acho que bella gostou até abriu um pequeno sorriso. Além disso, era um daqueles negócios sólidos que não quebram nunca - do tipo que se vê na cena de um acidente, a pintura sem um arranhão, cercado pelas peças do carro importado que foi destruído.

- Caramba, pai, adorei! Obrigada! - Bella exclama e eu me assusto e escurrego no gelo, mas ainda sim permaneço quieto e calado para manter minha dignidade intacta.
- Que bom que você gostou - disse Charlie rudemente, de novo sem graça. Apenas uma viagem foi necessária para levar minhas coisas para cima. Fiquei com o quarto do lado leste, que dava para o jardim da parte de tras com uma vista da floresta bem bonita por sinal. O quarto era familiar; me pertencia desde que nasci. O piso de madeira, as paredes bracas, o teto pontiagudo, as cortinas de renda amarelas na janela, os livros por toda parte - tudo isso fazia parte da minha infância. As únicas mudanças que Charlie fizera foram trocar a cama velha por uma cama nova e acrescentar uma escrivaninha, à medida que eu crescia. A mesa agora tinha um computador de segunda mão, com a linha telefônica para o modem grampeada pelo chão até a tomada de telefone mais próxima. Isso fora estipulado por minha mãe, assim poderíamos manter contato facilmente. A cadeira de balanço de meus tempos de bebê ainda estava no canto. Só havia um banheiro pequeno no segundo andar, que eu teria que dividir com Charlie e bella, isso particularmente seria um inferno. Estava tentando não pensar muito nisso. Uma das melhores coisas em Charlie é que ele não fica rondando a gente, ele era bastante liberal nesse ponto, ele nos deixou sozinhos para agente se acomodar, meu quarto era de frente pro quarto da bella com portas de frentes uma para outra. Então entrei para desfazer as minhas coisas e escutei a porta de bella batendo, acho que alguém não está muito feliz.

Era legal ficar sozinho eu me sentia bem com isso, sem ter que sorrir e parecer satisfeita; um alívio olhar desanimadamente pela janela para a chuva entristecendo tudo e deixar algumas lágrimas escaparem. Eu não estava com vontade de ter um acesso de choro. Só veio essa vontade de chorar do nada, mas eu Ia economizar para a hora de dormir, quando teria que pensar na manhã seguinte.

A Forks High School tinha um total assustador de apenas 357 - agora 359 - alunos; em Phoenix, havia mais de setecentas pessoas só do meu ano. Todas as crianças daqui foram criadas juntas - seus avós engatinharam juntos. Eu seria o garoto novo da cidade grande, uma curiosidade, uma aberração. Talvez, se eu parecesse um verdadeiro garoto de Phoenix, pudesse tirar proveito disso. Mas, fisicamente, nunca me encaixei em lugar nenhum. Eu devia ser bronzeado, atlético, louro - um jogador de basquete ou um jogador de futebol, talvez -, todas as coisas compatíveis com quem mora no vale do sol. Em vez disso, apesar do sol constante, eu tinha uma pele de marfim. E não tinha os olhos azuis ou o cabelo ruivo que poderiam me servir de desculpa. Sempre fui magro, mas meio molengo, e obviamente não era um atleta; não tinha a coordenação necessária entre mãos e olhos para praticar esportes sem me humilhar - e sem machucar a mim mesma e a qualquer pessoa que se aproximasse demais. Quando terminei de guardar minhas roupas na antiga cômoda de pinho, peguei minha nécessaire e fui ao único banheiro para me lavar depois do dia de viagem. Olhei meu rosto no espelho enquanto escovava o cabelo úmido e embaraçado. Talvez fosse a luz, mas eu já parecia mais pálido e doentio do que o normal. Minha pele podia ser bonita - era muito clara, quase translúcida -, mas tudo dependia da cor. Não tinha cor nenhuma ali. Não tinha cor nenhuma ali. Ao ver meu reflexo pálido no espelho, fui obrigado a admitir que estava mentindo para mim mesmo. Não era só fisicamente que eu não me adaptava. E quais seriam minhas chances aqui, se eu não conseguisse achar um nicho em uma escola com trezentas pessoas? Eu não me relaciono bem com as pessoas da minha idade. Talvez a verdade seja que eu não me relaciono bem com as pessoas, e ponto final, deve ser por isso que nunca tive amigos. Até a minha mãe, de quem eu era mais próximao do que de qualquer outra pessoa do planeta, nunca esteve em sintonia comigo, nunca esteve exatamente na mesma página. Às vezes eu me perguntava se via as mesmas coisas que o resto do mundo. Talvez houvesse um problema no meu cérebro. Mas não importava a causa. Só o que importava era o efeito. E amanhã seria só o começo. Não dormi bem naquela noite, mesmo depois de chorar quase um rio inteiro. Ao fundo o ruído constante da chuva e do vento no telhado não desaparecia. Puxei o velho cobertor xadrez sobre a cabeça e mais tarde coloquei também o travesseiro. Mas só consegui dormir depois da meia-noite, quando a chuva finalmente se aquietou num chuvisco mais silencioso. Só o que eu conseguia ver pela minha janela de manhã era uma neblina densa, e podia sentir a claustrofobia rastejando em minha direção. Jamais se podia ver o céu aqui; parecia uma gaiola, me senti confuso achei que me mudando para cá para uma cidade que gostava, gostava do clima, parecia que não adiantava nada eu sentia o mesmo vazio de sempre sinceramente acho que deve ser um problema dos Swan.

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FIM.

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