Capítulo 6

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Desci na entrada no salão, com minha máscara preta com detalhes prata no rosto, escondendo minha identidade. O segurança do lugar era um gatinho, então me aproximei dele.
- Boa noite senhorita - seus olhos estavam na lista de convidados - qual seu nome?
- Ash - respondi com um sorriso.
- Ash - repetiu ele, procurando na lista - não tem esse nome aqui.
Ele me olhou de cima a baixo e eu mordi os lábios, seus olhos indo exatamente naquela direção.
- Ashley - eu disse - esse nome com certeza está na lista.
Ele olhou de volta para o papel em suas mãos.
- Aqui, achei - seu olhar se voltou para trás de mim - e esse deve ser seu namorado. Sr. Aaron.
Não respondi.
"Diz que sim Ashley"
Me assustei com a voz no ponto na minha orelha, maravilha, Alex iria ficar me fiscalizando a noite inteira.
- Isso - senti até ânsia falando - nós somos um casal.
- Ah, tudo bem - ele puxou a fita que bloqueava a entrada - sejam bem-vindos e aproveitem o baile.
Só pisquei um olho pra ele e entrei no salão.
"Vocês dois, entrem de braços dados"
- Nem fodendo - ele disse atrás de mim.
"Agora Aaron porra, vocês tem que pelo menos parecer convincente"
- Não sabia que o velho gostava das comprometidas - disparei.
"Para de falar merda Ash e faz o que eu estou mandando"
Engolindo meu ódio com força estendi o braço pra ele, que parecia com nojo de encostar em mim.
Seguimos grudados até uma mesa que estava vazia e nos sentamos ali, finalmente nos separando.
Comecei a olhar em volta do lugar procurando nosso alvo mas não o encontrei, havia muitas pessoas aqui.
Um garçom nos trouxe duas taças de vinho mas eu educadamente recusei. O bar parecia estar me chamando, e a mulher que estava fazendo os drinks também. Levantei e comecei a andar até lá.
- Onde você vai? - Aaron agarrou meu braço.
- Vou encher a cara pra esquecer que você é meu "namorado" - ironizei - me solta.
Ele não disse mais nada e me largou. Cheguei no bar e me sentei em uma das cadeiras no balcão. A bartender veio até mim e puta que pariu que mulher linda. Se não tivesse ninguém me olhando eu com certeza pularia esse balcão e a pegaria. Afastei meus pensamentos e me concentrei nela.
- Oi, o que você gostaria de pedir?
- Você está no cardápio?
Ela deu risada e me entregou um cardápio de verdade.
- Infelizmente não, mas eu tenho essas opções.
- Quero o que você tiver de mais forte - pisquei - a noite promete hoje.
- Espero que sim - disse ela sorrindo.
Olhei pra trás e vi Aaron me olhando. Hm isso me deu uma ideia boa.
- Quer saber? Me vê dois do que for que você vai fazer aí.
- Olha não aconselho você tomar dois, é um drink realmente forte.
- Não não. Não é pra mim.
- Ah certo, vou preparar.
Comecei a olhar em volta de novo, mas dessa vez pro outro lado na busca do alvo. Era quase impossível achar alguém no meio desse formigueiro humano e eu normalmente tenho facilidade em achar as pessoas. Senti uma mão quente no decote das minhas costas e me virei imediatamente, já me preparando pra socar a cara do infeliz.
Me surpreendi com quem apareceu do meu lado.
Giusepe, o velho.
- O que uma moça linda como você faz aqui sozinha no bar?
Tive que respirar fundo e não mandar ele tomar no cu com força antes de responder:
- Estava pegando um drink sabe? Garotas gostam de se divertir em Las vegas - dei um sorriso pra ele - se é que você me entende.
- Ah claro que entendo - ele pegou minha mão e a beijou - gostaria de ser sua diversão esta noite.
- Atrevido você né? - fingi não ligar pra ele - quem sabe? Se você fizer por merecer.
Meu drinks ficaram prontos bem na hora.
- Vou merecer com certeza.
Peguei minhas bebidas e levantei, o encarei e respondi:
- É o que vamos ver.
Saí andando sem olhar pra aquele velho asqueroso.
"Mandou bem Ash, você conseguiu chamar a atenção dele"
Sorri, conseguir atenção era um dos meus talentos.
Me sentei de novo e empurrei uma das bebidas pro Aaron.
- Você cuspiu? - ele perguntou inspecionado o copo.
- Cuspi - respondi já me arrependendo da gentileza que eu fiz - três vezes ainda.
- Não duvido nada - ele deu um pequeno gole, ainda suspeitando - caralho. se você quiser me matar de coma alcoólico poderia ser mais discreta.
Dei um risinho e tomei um pouco. Realmente, ela me deu o mais forte que tinha.
- Eu quero te matar, mas escolheria algo mais doloroso entende? - dei um sorrisinho falso pra ele.
- Faria igual - ele retribuiu com outro.
Apenas fiquei ali sentada tomando minha bebida por uns quarenta minutos. Olhando as pessoas que estavam lá, só a alta elite foi convidada.
Mulheres com jóias que com certeza compram uns vinte carros populares e homens com ternos quase de ouro. Eu me sentia em casa em lugares como esse. até que eu teria dinheiro o suficiente pra vir a um lugar desse, mas com certeza seria a mais pobre daqui.
- Senhoras e senhores - um dos cantores começou a falar - gostaria de anunciar o início do nosso baile. Peguem seus parceiros e vão para a pista de dança. Para os novos convidados vou dar um breve explicação de como as coisas funcionam por aqui. Cada música tem duração de cinco minutos, quando esse tempo acabar vocês trocam de parceiros, não importa se você foi convidado por alguém ou não, apenas dancem!
"Nem pensem em não ir dançar, vocês vão"
- Discutir com você não vai adiantar né Alex.
Aaron perguntou já sabendo a resposta.
"Não vai mesmo, agora vão pra pista e sejam um casal normal"
Aaron se levantou primeiro e me estendeu a mão.
- Me concederia esse dança lady putinha?
- É claro, lorde pau no cu.
Agarrei a sua mão e nos direcionamos até a pista.
Coloquei uma mão no seu ombro e outra nas suas costas, ele agarrou minha cintura com as duas mãos.
Começamos a nos movimentar em um ritmo lento, conforme a música tocava. Seu aperto no meu corpo só aumentava, me machucando.
Comecei a apertar seu ombro com força também, sua cara começou a se contorcer um pouco com a dor.
A melodia da música só ganhava mais força e velocidade, nossos corpos estavam colados e nossos rostos muito perto um do outro. A cada momento um tentava infligir dor no outro, seja pisando no pé ou beliscando.
Nós começamos a girar com a batida já nos seus momentos finais. Ele me rodou, segurando minha mão no alto enquanto a outra girava meu corpo. Já estava ficando tonta quando bem na última batida ele nos inclinou, e me segurou em um agarre firme com sua mão apertando minha coxa que estava erguida, quase enlaçando seu quadril. De repente tudo ficou em silêncio, a única coisa que eu enxergava eram seus olhos azuis. Nós estávamos ofegantes por causa da dança e nos encarávamos, nenhum dos dois mexendo nem sequer um músculo. Devagar ele me puxou de volta pra cima, nosso olhar não se desviando por nada.
Como se um choque tivesse me atingido eu despertei do meu transe e o afastei de mim, ele pareceu acordar também porque o ódio no seu rosto estava de volta. Ele foi dançar com uma outra garota que o havia chamado e eu fiquei ali sozinha, torcendo pra que ninguém mais me chamasse.
Infelizmente senti de novo uma mão nas minhas costas, o mesmo toque quente. Era ele, Giusepe.
Me virei e forcei um sorriso pra ele.
- Quer dançar? - senti o bafo de vodka dele - vou fazer por merecer.
- É claro.
Ele me puxou e começou a me agarrar, me senti enojada mas continuei agindo com calma.
A música dessa vez era extremamente lenta e calma e vi os casais quase abraçados, fazendo a coreografia. Fiz o mesmo, apoiei o queixo em seu ombro e tentei ignorar os toques obviamente propositais no meu corpo. O jeito que ele passava a mão pela minha coxa, nuca e quadril era totalmente nojento. Travei a mandíbula e comecei a olhar em volta, avistei Aaron dançando com uma mulher muito mais velha que ele. Ela parecia feliz dançando com alguém tão novo e ele parecia que estava prestes a morrer. Ele a segurava durante a dança é claro, mas não do mesmo jeito que ele fez comigo. Ao invés de suas mãos estarem na sua cintura, elas estavam em suas costas e ele raramente a olhava nos olhos.
Ele me tratava diferente, e eu não sabia porquê.
Nossos olhares se encontraram e ele viu o jeito que esse homem estava me tocando. Pude jurar que raiva passou pelo seu rosto, mas logo ele desviou o olhar.
Tirei a cabeça do seu ombro e olhei na sua cara asquerosa, ele me lembrava muito a época que eu trabalhei em um prostíbulo. Eu tinha apenas onze anos quando comecei a tentar juntar dinheiro. Como eu era muito nova o sexo era proibido, mas nada impedia daqueles homens me tocarem e fazerem o que quisessem comigo.
Estava tão perdida em meus pensamentos que nem percebi quando a música acabou, estava na hora.
- Que pena, hora de nos separarmos - disse fazendo biquinho - mas talvez nós podemos continuar nossa noite lá em cima, nos quartos.
Desejo inundou seu rosto e ele começou a me arrastar até as escadas. Procurei Aaron na multidão para sinalizar que estava dando certo.
O encontrei e fiz um sinal com a cabeça, o mesmo entendendo na hora.
Subi as escadas e fomos até o corredor dos quartos. Alguns sussurros e gemidos atravessavam o lugar, ele foi me levando até a ala Vip.
- Por você eu gostaria de usufruir de um quarto mais privativo.
Nós paramos em frente a porta de número 69, hm, escolha suspeita.
Ele puxou a chave do seu bolso mas uma ideia atravessou a minha cabeça.
- Não - roubei a chave da mão dele - deixa que eu abro.
- Tudo bem então.
Coloquei a chave na maçaneta, dando uma enrolada até que visse Aaron no fim do corredor. Destranquei a porta e fiz questão que ele entrasse primeiro.
- Me espere no banheiro - eu disse - vou preparar uma surpresa para você.
- Você que manda docinho.
Como um cãozinho obediente ele foi até o banheiro.
Coloquei a cabeça pra fora da porta e chamei Aaron, que logo veio até mim. Entramos no quarto e eu fechei a porta. Pelo canto do olho vi o reflexo do velho no espelho, ele estava pelado. A visão quase me fez vomitar. Respirei fundo e falei:
- Querido preciso que você feche os olhos!
- Fechar os olhos? Mas por que?
- Apenas confie em mim!
- Tudo bem, estou de olhos fechados.
Peguei a pistola que estava presa na minha outra coxa e segurei na parte do cano, deixando o cabo posicionado. Cheguei perto dele e bati com força na sua cabeça, o mesmo desmaiando logo em seguida.
Aaron chegou e pareceu um pouco surpreso com o que eu tinha feito.
- Você tem uma faca? - perguntei a ele
- Não, só tenho minha pistola - ele me olhou com
curiosidade - por que você quer uma faca?
- Porque um tiro vai fazer muito barulho e querendo ou não aqui em cima também tem seguranças.
- Bom ponto.
Tentei buscar na minha cabeça toda a minha experiência e pensar em alguma coisa que não nos incriminaria.
É claro! A banheira!
- Certo tive uma ideia.
- Qual?
- Nós vamos afogar ele - me abaixei e enfiei minhas mãos embaixo dos seus braços - me ajuda a levantar ele.
- Por que eu tenho que ficar com a parte de baixo? - a visão dele com nojo me fez rir - para de rir porra!
- Só vai logo.
Com muito esforço nós erguemos o seu corpo e o colocamos na banheira.
Passei a mão na sua nuca, onde eu tinha acertado o golpe e peguei um pouco de sangue e comecei a espalhar pelo encosto da banheira. Liguei a torneira e esperei encher.
- Por que o sangue aí? - ele apontou pro encosto.
- Nosso querido Giusepe foi entrar na banheira e escorregou, batendo a cabeça no encosto e desmaiando na água - fiz uma cara triste - o que infelizmente acabou em um terrível afogamento.
Ele ficou sem reação por um primeiro momento mas depois me olhou com admiração.
- Caralho, que plano perfeito.
- É, eu sei.
A água já estava na metade e comecei a afundar sua cabeça, bolhas saindo do seu nariz. Fiquei ali por alguns minutos até que mais nenhuma bolinha subisse pela água. Missão cumprida, ele estava morto.
- Agora a gente só vai embora - Aaron disse me apressando.
- Foi fácil até demais - guardei minha pistola de volta - vamos dar o fora daqui.
Saímos juntos do quarto e deixamos a porta fechada, tudo posicionado como se sua morte tivesse sido um acidente.
"Mandaram bem gente!"
Ouvir a voz da Alex era sempre bom.
- Tá mas cadê meu dinheiro? - eu perguntei brincando.
"o Bruce vai passar pra vocês amanhã"
- Acho bom - Aaron falou às minhas costas.
Cruzamos o salão como se não tivéssemos feito nada e apenas fomos até a porta, por onde havíamos entrado. O segurança ainda estava lá e vi uma chance de encerrar a noite da melhor forma. Parei ao seu lado.
- Vai na frente - falei pro Aaron - eu vou no banheiro.
- Tá bom - e saiu andando.
Me virei pro segurança e segurei sua mão.
- Você vem comigo.
O puxei pra dentro do salão e discretamente passamos pelos cantos até o banheiro, tendo certeza de que ninguém havia nos visto. Entrei na cabine e a tranquei, ele parecia muito surpreso.
- Hm senhorita?
- Qual seu nome?.
- É Lucas - ele respondeu um pouco receoso - você precisa de alguma ajuda?
- Preciso sim - comecei a passar as mãos no seu peitoral - preciso que você me ajude a tirar o meu batom entende?
- Claro.

00:00

Voltei pro carro, arrumando os borrados vermelhos que se espalhavam pelo meu rosto e pescoço. Não conseguia conter um sorriso satisfeito que iluminava meus lábios. Seguimos o caminho todo de volta ao hotel em silêncio, mas eu não ligava.
Desci na recepção e fui subir pro meu quarto, ele veio atrás de mim. Entramos no quarto ainda em silêncio e eu só fui trocar de roupa no banheiro e tirar minha maquiagem, estava morrendo de sono.
Coloquei meu pijama e lavei meu rosto, quando abri a porta dei de cara com Aaron só de cueca parado me olhando.
- O que foi? - eu estava totalmente sem energia para brigar naquele momento.
- Quem vai dormir na cama?
Puta merda, eu tinha esquecido que aqui só havia uma.
- Dorme você logo, pra mim tanto faz - peguei um travesseiro e um cobertor e os joguei no chão - vou ficar bem feliz em dormir aqui, é melhor que dormir com você.
Deitei no carpete e me cobri, meus olhos estavam pesando uma tonelada e tudo que eu queria naquele momento era uma boa noite de sono.

3:17

Acordei morrendo de frio, o ar condicionado estava no mínimo e eu estava de shorts e regata.
- Vem deitar aqui, você vai congelar aí.
- Prefiro morrer congelada do que deitar na mesma cama que você.
- Deixa de putaria Ashley - ele parecia irritado - vem logo.
- Eu não vou - respondi com raiva - preciso soletrar?
Ouvi passos e logo senti ele me pegando no colo.
- Mas que porra! - dei uns socos nos seus ombros - me coloca no chão Aaron!
Mas ele não ligou pra mim, só me jogou na cama. Logo tentei me levantar mas ele veio pra cima de mim, suas pernas estavam uma em cada lateral do meu corpo e ele estava segurando meus braços com força.
- Escuta aqui, se você morrer de hipotermia nessa porra de hotel o Bruce me mata você tá me entendendo? - ele me segurou com mais força ainda - então vê se dorme porque eu dou muito valor a minha vida.
- Eu me recuso a dormir com você! - me debati com força - me solta porra!
Ele não respondeu e se deitou às minhas costas, mas colou seu abdômen na minha coluna e continuava agarrando meus braços. Sua respiração estava ofegante quando ele disse ao meu ouvido:
- Você vai ter que me obedecer essa noite.

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