𝟬𝟮. who's Izana?

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Mais uma manhã comum. Gritos de adolescentes brincalhões, pessoas cochichando em um volume inaudível, porém não baixo o suficiente para mascarar a conversa, professores passando pelos corredores e alguns jovens se atracando nos cantos menos visitados. É enjoativo ver sempre as mesmas pessoas aos beijos toda manhã, mas isso era provavelmente algum traço de inveja pelo simples fato de eu querer muito ela.

― Bom dia, Kenzinho. ― Mikey me chama pelo apelido que inventou na infância e eu reviro os olhos.

― Bom dia.

― Você parece cansado. ― Ele fala analisando meu rosto.

― Não consegui dormir muito bem. Os vizinhos estavam discutindo e gritando pra cacete de novo. Demorei para sossegar.

― É por isso que você deveria passar mais noites na minha casa. Jogar videogame e comer besteiras parece bem mais interessante, não?

― Sim. ― Sorri levemente e caminhei com ele até a nossa sala. Quando adentramos o local, Amaya veio em nossa direção com dois sacos plásticos com diversos tipos de chocolate.

― Bom dia, meninos! Ontem a minha família fez uma festa surpresa pra mim então eu vim distribuir algumas lembrancinhas. ― Ela estendeu as mãos e cada um de nós pegou um.

― Muito obrigado. ― Disse Mikey sorrindo amigável e seguindo para seu assento.

― Obrigado, Amaya. ― Agradeci. ― Bem... como você está? ― Perguntei com medo de que fosse ser um questionamento incômodo para ela.

― Estou bem. Acho que depois da pequena festa que minha família deu, as coisas melhoraram um pouco. ― Ela começou a caminhar e eu a segui.

― Que bom. ― Sorri. Eu queria convidá-la para almoçar, mas eu estava um pouco receoso com sua possível resposta. ― Amaya. ― Ela parou e olhou para mim. ― Você... q-quer almoçar comigo h-hoje?

Qual é, Ken? Você não é do tipo que gagueja com meninas. Não é como se ela me deixasse nervoso, pelo contrário, ela me acalmava mais do que qualquer um, mas eu simplesmente perdia minha firmeza com ela. Eu costumo intimidar as pessoas com o meu porte físico, minha forma de falar, ou até mesmo com a tatuagem de dragão que tenho na cabeça, mas ela despertava em mim um Ken meio bobo que não tem a mesma moral que o Ken de sempre.

― Claro. Ontem as pessoas ficaram mais em cima de mim do que o normal e meio que me incomoda quando há tanta gente preenchendo o meu espaço. Me deixa um pouco sufocada.

― Entendo. ― Eu já havia percebido aquilo, ela não conseguia disfarçar muito bem.

Eu estava muito feliz, mas não queria deixar transparecer tanto assim. Passar o almoço com a garota que está em quase todos os meus pensamentos é algo incrível.

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Durante a aula eu às vezes me distraía com ela. Seu cabelo ondulado caía em frente aos seus olhos e ela colocava a mecha atrás da orelha constantemente; eu só conseguia me imaginar pondo esta pequena mecha que a deixava estressada atrás de sua orelha e dando-lhe um beijo. Eu precisava focar nas aulas, eu não podia ficar pensando nela o tempo inteiro, não iria demorar para o almoço.

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O sinal tocou e eu fui até a mesa de Amaya esperar que ela arrumasse seu material. Ela organizou cada pequena coisa dentro de sua mochila e pegou sua carteira, mas pus minha mão sobre a dela que segurava o objeto.

― Você não precisa disso, eu irei pagar tudo. Considere isso um segundo presente de aniversário atrasado. ― Falei olhando para seus olhos brilhantes e castanhos, então ela sorriu.

― Não precisa fazer isso. ― Ela insistiu um pouco.

― Deixe isso aqui e vamos, eu vou pagar. ― Ela suspirou, mas obedeceu. Caminhamos para fora da escola lado a lado e assim seguimos. ― Amaya, na minha opinião, seu aniversário não foi bem celebrado. Você é muito especial para simples: "parabéns" ou "feliz aniversário". Quero almoçar junto a você para que você tenha um momento melhor do que o de ontem. ― Disse olhando para frente enquanto caminhávamos e apenas quando terminei de falar me virei para ela que olhava para mim com um sorriso meigo.

― Muito obrigada por se importar tanto, Draken. Aqueles meninos de ontem passaram por mim hoje e... ― Não a deixei completar. A preocupação tomou conta do mim e eu parei de caminhar.

― Eles fizeram alguma coisa? Eu vou acabar com aqueles babacas. ― Já estava começando a me alterar quando Amaya se aproximou.

― Não, eles não fizeram nada de mal. Pelo contrário, eles pediram desculpas. ― Ela disse olhando diretamente para o meu rosto.

Ela é tão fofa que fazia eu me sentir errado em imaginar momentos íntimos com ela, mas tudo que eu queria era ter ela só pra mim, em um local distante, apenas nós aproveitando cada segundo. Por Deus, eu quero muito essa garota.

― Era o mínimo que eles tinham que fazer. Sinceramente, eles deviam sumir o mais rápido possível.

― Não é pra tanto. Se eles estiverem realmente arrependidos, acho que está tudo bem. ― Ela disse simplória.

― Não, não está tudo bem, mas não vamos prolongar essa conversa. Quero que seja um almoço feliz. ― Chegamos a um restaurante simples. Não era nada chique porque meu trabalho de fim de semana na oficina de motos não me dá tanto dinheiro assim.

Entramos no lugar e escolhemos uma mesa. Um garçom nos entregou o cardápio e começamos a escolher.

― Qualquer coisa que não tenha carne de porco é suficiente para mim. ― Disse Amaya.

― Te dá ânsia de vômito. ― Completei com um fato que eu descobri a um tempo nas minhas "investigações" sobre ela. Isso parece muito psicopata.

― Como você sabe? ― Ela perguntou curiosa e eu me desesperei.

Não queria que ela me achasse um stalker tarado ou um serial killer. Me acalmei rapidamente, é um dom que eu tenho, e respondi sua pergunta.

― Eu já percebi. Aconteceu na escola. ― Inventei uma explicação qualquer e ela entendeu sem seguir com aquela pauta.

Escolhemos nossos pratos e enquanto esperávamos chegar conversamos um pouco. Ela falava de um jeito tão animado que fazia qualquer um se interessar por mais bobo que fosse o assunto. Sua forma de explicar era ótima, eu a compreendia completamente e queria que ela soubesse. Quero ser a pessoa que ela confia para contar tudo, a pessoa que não vai julgá-la, mas aconselhar ela.

― Você conhece um rapaz que entrou esse ano na nossa escola? Ele se chama Izana, eu conversei com ele nesse mês e ele é muito gentil. ― Naquele momento eu disfarçava qualquer tipo de sentimento negativo, mas eu estava sendo dominado pelo ciúme.

Quem era esse tal Izana? Amaya é muito sociável, é cheia de amigos e eu admiro muito ela por isso, então ele pode ser só mais um amigo que ela está fazendo, mas de qualquer forma aquilo me incomodava. Eu sempre sei pelo menos o básico sobre os amigos dela, não quero que ela se envolva com pessoas ruins.

― Vocês seriam ótimos amigos. ― Ela completou e antes que eu pudesse dizer algo o garçom pôs em nossa mesa nossos pedidos. ― Obrigada.

― Obrigado. ― Agradeci e observei Amaya enquanto ela começava a comer. ― Eu não o conheço, mas vou tentar socializar com ele.

― Acho isso ótimo, Draken. ― Ela sorriu.

O ciúmes apenas cresce dentro de mim. Eu vou descobrir o que eu puder sobre esse garoto e se eu achá-lo uma ameaça para a Amaya, eu faço questão de afastá-lo até que ela o esqueça.

𝗼𝗯𝘀𝗲𝘀𝘀𝗲𝗱 𝗯𝗼𝘆. ken ryuguji Onde histórias criam vida. Descubra agora