O melhor amigo da noiva

25 1 0
                                    

Com os sentimentos à flor da pele, Song Jiyeon não imaginaria nem em seus mais distantes pesadelos comparecer ao casamento da sua antiga paixão de escola que se prolongou até a vida adulta. Ao presenciar tal cenário catastrófico, ela não imaginaria que Jeon Jungkook — o melhor amigo da noiva — seria o único a escutar suas lamentações e como um bônus, pagar um lanche em meio aquela noite tão fria antes de retornarem ao hotel.

-x-

Paixão. Uma palavra tão simples e ao mesmo tempo tão difícil de se expressar de apenas uma maneira singular. Para Song Jiyeon, a paixão seria como uma grande quantidade de adrenalina percorrendo por todo seu corpo; paixão seria como estar em um país desconhecido pela primeira vez; como aprender a andar de bicicleta; a paixão seria a personificação de um garoto baixinho com óculos arredondados caindo sobre o pequeno nariz e cabelo composto de fios escuros que tombavam sobre os seus pequenos ombros, num penteado estranho e desajeitado em que ela tanto amava enroscar entre os delicados dedos quando ficavam perto demais para que pudesse pensar em qualquer outra coisa. De fato, a paixão poderia ser definida por Min Yoongi.

Ironia, era tudo o que conseguia pensar naquele momento. Eles pareciam muito perfeitos um para o outro desde os quatorze anos de idade. Desde aquela época, Jiyeon — a representante de sala — fora completamente apaixonada por Yoongi, da turma ao lado, membro do clube de teatro e filho dos CEO da empresa farmacêutica mais bem sucedida do país. Suas mães eram melhores amigas desde a faculdade, e não queriam que fosse diferente com os dois, que se conheceram na infância e só foram se tornar próximos de verdade anos depois.

Todos os meses ela o mandava cartas de amor e só foi parar com essa mania quando entrara no ensino médio, no dia em que ouviu o garoto dizer de modo explícito que achava cafona quem fazia esse tipo de coisa. Ele nunca soubera quem enviara, mas sempre ficou curioso e assustado por ser o único de seu grupo de amigos a receber uma coisa tão romântica como aquela. Aliás, Yoongi foi se tornar popular de verdade bem naquela época, como ela lembrara muito bem. Ele saiu do seu tão amado clube de teatro por ordens do padrasto, tendo a ideia de entrar semanas depois na banda de garagem da casa de Lee Yeon-Jin, a garota bonita e problemática do segundo ano, apenas para provocá-lo.

Ela pôde jurar por muito tempo que seu amor era recíproco.

Yoongi parecia correspondê-la constantemente, apesar de nunca saber sobre as cartas. Ele a encarava sucessivas vezes durante o intervalo, esbarrava em seu corpo preso no chão do refeitório propositalmente para falar com a amiga e de vez em quando puxava seus fios castanhos para conseguir atenção. De acordo com sua amiga da época em beiravam a imaturidade, era desse modo que os garotos como o Min flertavam, pois não sabiam expressar seus sentimentos de uma forma normal, e a garotinha de quinze anos se desprendeu pela primeira vez dos estudos apenas para focar neste amor unilateral adolescente, na esperança de ser correspondida de verdade.

Eles se falavam todos os dias, o dia inteiro. Dormiam em meio à mensagens de boa-noite às quatro da manhã, para no dia seguinte continuarem o assunto na aula de história da professora Kim, a qual eles odiavam com todas as forças.

De repente, tudo havia mudado. O garoto não respondia mais às mensagens de fofoca de Jiyeon, e quando respondia, demorava dias. Eles foram se afastando aos poucos e a garota acreditou fielmente que tinha sido sua culpa, mas nunca tocou no assunto, pois não gostaria de ouvir as palavras e dizeres inconsistentes que poderiam surgir do discurso de desculpas do garoto. A mentira de que Yoongi escondia os seus próprios sentimentos e teria vergonha de se declarar vivia em sua mente, até aquele momento, apenas para que seus pensamentos se organizassem e pudessem fazer sentido.

O convite de casamento de Min Yoongi e Lee Yeon-Jin.

Os olhos de Song marejavam sem parar, borrando todo o delineado preto que formava em volta de seus olhos castanhos, desmanchando todo o trabalho de duas horas de maquiagem da garota, que constantemente procurava um motivo para se atrasar antes do casamento, coisa que não conseguiu por seu pai ser pontual até demais. Ele faria de propósito? Eles gostam tanto assim da família Min, afinal? Naquele momento, tudo o que desejava era ir para casa e queimar todas as fotos de viagem em família em que o garoto estava inserido. Poderia ser uma atitude infantil de sua parte, mas sequer poderia se importar menos. Aliás, a lua de mel seria na enorme casa que os Song tinham em Berlim, presente da matriarca da família, mãe de Jiyeon. Seus pais queriam realmente humilhá-la.

TOUCHÉ - ¡bangtan oneshots!Onde histórias criam vida. Descubra agora