A noite inteira mal conseguiu fechar os olhos direito, mesmo tendo a devida certeza que havia trancado todas as janelas e portas, colocado cadeado e fechado todas as cortinas, os pensamentos na sua cabeça gritavam para que pedisse ajuda. A pergunta que mais se manifestava com frequência era como uma das pessoas a qual compra suas fotos, conseguiu seu número e pior, seu endereço. Algo não divulgado no site, ou não comentado na troca de mensagens e informações.
Na manhã seguinte, se arrumou para ir a faculdade e antes de sair do apartamento, verificou se o pagamento havia caído na sua conta, e se assustou com o total. O valor foi triplicado. De início, pensou ser uma pessoa realmente rica, que não se importaria em depositar um valor tão alto na conta de um estudante, na qual vendia fotos explícitas. Eventualmente, não reclamaria da quantia recebida, mas se admirou em mandar mensagem para a última pessoa que comprou suas fotos, queria perguntar o motivo, e saber se poderia mandar de volta o dinheiro ultrapassado do limite.
Quokka.hj: Olá, acho que você se enganou e mandou mais do que o necessário, entre em contato, que eu mando o valor ultrapassado de volta.
Lee.min: Ah não, você recebeu certo.
Quokka.hj: Tem certeza? Você não precisa fazer isso.
Lee.min: Você merece pela visão privilegiada que me fez ter.
Quokka.hj: Certo, obrigado.
Han Jisung bloqueou o celular e decidiu ignorar, acreditava que as pessoas gastavam o dinheiro com o quê e com quem queriam, sem maior julgamentos, seu "trabalho", não permitia isso. Agradeceu mentalmente, apesar de achar estranho, e resolveu se afastar desse mundo por algum tempo, e se ainda fosse intimidado com as chamadas, chamaria as autoridades.
Suspirou e saiu do apartamento, fazendo o mesmo trajeto usual, que o levava até a faculdade próxima, fazia cinema, mas na verdade, queria ter feito música. Queria ser um grande produtor, mas a decisão só foi tomada quando já estava muito bem colocado na faculdade atual, decidiu terminar, ver até onde ia chegar.
Olhou os horários e viu que tinha poucas aulas, apesar do dia nublado, e dos recorrentes inoportunos, fez questão de se dedicar bastante, como sempre fez. Foram seis aulas, quando saiu, já estava chovendo, se fosse correndo e escondesse as mochila dentro da roupa, para não molhar o celular e os materiais, talvez desse certo.
- Jisung. - Uma voz masculina o impediu de dar o primeiro passo para a corrida que valeria por uma maratona.
- Professor Lee. - O reconheceu rapidamente, sempre escutava diversos elogios relacionados ao talento nato e exemplar de Lee Minho, professor que lecionava tratamento de imagens, a estética e suas técnicas. Todas suas aulas seriam produtivas se não fosse pela beleza sem igual que carregava.
- Você não ia correr nessa chuva a essa hora, ia? - Sorriu, percebendo que o mais novo iria se arriscar nesse temporal.
- Bem... - Tentou se esquivar, mas não tinha como o enganar. - Talvez se eu fosse correndo rápido.
- Está mais forte agora. - Jisung olhou e percebeu que não poderia salvar o seu celular da água. - É perigoso, está de noite.
- Nunca aconteceu nada desse tipo por essas ruas. - Minho o olhou sério, como se tivesse acabado de falar alguma besteira, ou estivesse errado dos fatos.
- Mas poderia, nunca se sabe quando se tem alguém te observando. - A palavra, maldita palavra que lhe tirou o sono, "observando".
- Impossível. - Sorriu sem humor, Minho ainda o encarava e estava se tornando algo totalmente intimidador.
- Você mora longe? Eu estava de saída, posso te levar. - Falou com uma voz suave, passaria tranquilidade e calma a qualquer um, com o manejo doce do tom de voz.
- Ah, moro há dez minutos daqui, mas eu posso esperar a chuva passar.
- Eu insisto, quanto mais tarde, mais perigoso fica, ainda mais um garoto belo como você. - Jisung não entendeu se foi um elogio, assim como não entendeu o motivo da insistência que poderia lhe ocorrer um perigo próximo.
- Se não for incômodo. - Sorriu fechado, passaram a caminhar juntos, Lee alcançou um guarda-chuva o abrindo. Com um braço ao redor da cintura de Han, aproximou os corpos de maneira repentina, Jisung encarou apenas como uma maneira de se protegerem da chuva.
E nem percebeu a mão argilosa de Minho descer e subir, da sua cintura até suas costelas, como se estivesse o acariciando ou analisando o corpo de alguma forma. Primeiro, abriu a porta para Han, depois entrou.
- Está com uma neblina forte, mal consigo enxergar. - Estreitou os olhos e o para-brisa começou a se mover, tirando o excesso de água. - Podemos esperar para ver se diminui? O asfalto deve estar escorregadio também.
- Claro, sem pressa. - Não queria tirar da boa vontade do professor, na qual se sensibilizou pela sua situação e o evitou de se molhar.
- Então, você está gostando, do curso? - Quis puxar assunto.
- Sim, estou. - Olhou para as horas do celular, vendo que já estava bem tarde.
- Está com pressa? Podemos arriscar ir na chuva. - Disse.
- Ah, não, não. - Fez um sinal com as mãos, estava nervoso não sabia o motivo. - Sem pressa alguma.
- Parece que já vai parar de qualquer forma. - A chuva ainda fazia um barulho com o choque no veículo. - Essas ruas parecem ser perigosas, quando vai muito tarde.
- Sim, eu acho. - Olhou para fora e quando olhou para Minho novamente, ele o encarava, os olhos castanhos escuros, analisando de ponta a ponta o corpo de Han, antes de umedecer e morder discretamente os lábios.
- Vamos? - Se ajeitou na poltrona e ligou o carro. Porém, Jisung percebeu algo.
Quando Minho havia o deixado, na porta de seu condomínio. Percebeu que nunca o tinha dito seu endereço.
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Paparazzi •Minsung
FanfictionDe começo, Han Jisung pensou que era apenas um trote, onde seu número foi alcançado aleatoriamente, mas quando o desconhecido apresentou a palavra "observando", tudo começou a mudar.