Capítulo 9

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No dia seguinte o clima estava bem estranho, não era para menos depois do que aconteceu na noite anterior. Precisávamos impor algumas barreiras sobre esses contatos, mas íntimos, pois sem dúvida não faria bem algum, a uma relação baseada em negócios, mesmo que estar perto dele tinha um ímã que atraia involuntariamente. Não conseguia nem imaginar como poderia convivendo na mesma casa por um ano se em poucos dias já estava acontecendo aquilo.

Tomei café sozinha, pois foi servido no quarto, enquanto Ryan saiu para fazer o mesmo no restaurante do hotel, estava um tanto calado e fechado, mas pensando bem era melhor assim. Me arrumava para voltar ao hospital e ele ainda não chegou para me acompanhar, no dia anterior enquanto aguardava combinamos que eu teria que voltar para Seattle após a cirurgia mesmo que minha vontade fosse acompanhar a minha mãe em sua recuperação, mas o acordo que fiz para salvar sua vida estava me obrigando a voltar e cumprir com deveres estabelecidos em contrato, pois em pouco menos de um mês seria esse casamento. Ryan se prontificou de tudo antes mesmo que eu fizesse, enfermeiras capacitadas foram selecionadas para acompanhar minha mãe 24 horas, conheci todas e eram pessoas amáveis. Analisei toda a contratação e vi que elas tinham ótimas experiências na área e assim conseguiria me sentir melhor estando longe, deixei todas as recomendações e pedi que me ligasse diariamente para acompanhar a recuperação dela.

Depois segui para o quarto passar um pouco mais de tempo com ela, já que logo teria que partir mesmo com o coração em pedaços. Ela era forte, uma guerreira de verdade e insistia estar bem, queria ir embora para cuidar das suas flores que segundo ela sentia a sua falta. Expliquei-lhe que estaria logo em casa e que eu precisaria voltar por questões de trabalho, que ela teria acompanhamento e eu iria voltar o quanto antes assim que tivesse um tempo das minhas "responsabilidades". Mesmo ela desconfiando e me perguntando várias vezes sobre com que dinheiro consegui aquilo tudo eu falei para ficar tranquila que estava tudo bem. Não queria contar nada agora, na verdade, não iria contar e sim bolar algo que ela acreditasse, não seria uma tarefa fácil já que ela me conhecia tão bem a ponto de saber quando estou mentindo.

— Logo estarei de volta. Obedeça às recomendações, mãe. Eu te amo!—

Quando estava saindo do hospital sentia uma lágrima rolar do meu rosto e a limpo rapidamente, estava entretida procurando o celular em minha bolsa quando Állan vem ao meu encontro, estava com seu jaleco na mão, agora com uma roupa social sem estar coberta pelo mesmo e ele tentava acompanhar meus passos.

— Bom vê-la novamente... — Ele me acompanhou.

— Ahh...Oi Állan, toda vez que o vejo não consigo parar de agradecer pelo que fez por minha mãe. — Continuo caminhando em direção a saída.

— Aquele homem… é seu noivo?— Ele me pergunta.

— Ah...é… sim, meu...noivo!— Desvio o olhar.

— Queria ter essa sorte… sair contigo!— Ele é direto.

— Állan eu...— Nem consegui terminar.

A nossa frente estava Ryan com os braços cruzados, usava uma roupa informal, Jeans escuro e camiseta preta. O maxilar era rígido e em seus olhos parecia sair faíscas.

— Mas você não tem! Ela é minha noiva… contenha suas malditas palavras.— Ele falou bem irritado.

— Você sabe tratar bem sua noiva com esse jeito ai?— Állan rebateu.

Apareceu uma veia no pescoço de Ryan e eu nunca o vi tão irritado. Ele foi para cima de Állan e deu um soco em seu rosto quando várias pessoas vieram, eu coloquei as mãos no peito de Ryan o empurrando para trás a fim de parar aquela cena.

— Para… para por favor!!!- o olhava assustada.

— Por quê? Vai defender seu medicozinho agora? — Ele estava fora de si.

Peter saiu do carro e correu até Ryan, ajudando a conte-lo e colocar no carro. Entrei rapidamente depois que vi estarem tirando fotos daquilo.

— VOcê está louco?? Tinha fotógrafos ali, olha que situação mais ridícula!— Falei o olhando.

— Situação ridícula é você assinar a porra de um contrato e ficar dando mole para o primeiro babaca que aparece. A esposa que arrumei é alguma vadia por acaso?— Ele cospe as palavras.

Meus olhos se arregalaram, aquelas palavras doeram mais eu um tapa em meu rosto. Eu fiquei o olhando em choque, depois desisto de brigar com aquele ogro, pois seria em vão. Não tinha culpa alguma do que aconteceu e ele foi bastante desnecessário, poderia ter lidado com aquilo de outra forma. Encosto-me no banco e viro o rosto para a janela do carro. Não queria mais escutar a voz dele direcionada a mim ao menos por agora, já que não tinha escolha daqui para a frente. E assim seguiu, partimos para Seattle e todo o caminho em silêncio, por algum momento acho que cheguei a tirar um cochilo e assim acabou chegando bem mais rápido. Ao chegar a frente do meu apartamento com Holly, estava louca para sair de perto dele naquele momento, precisava respirar um pouco e de distância dele também. Ele segurou meu braço antes que saísse do carro e me olhou nos olhos.

— Amanhã terá um jantar em minha casa para oficializar o noivado. Tudo está sendo encaminhado para o casamento. Então você sabe o que precisa fazer!— falou friamente.

Puxei meu braço, não queria sentir me tocar nem dirigir a palavra a ele. Peter pegou as bolsas e me ajudou até a entrada do pequeno elevador deixando a mala na porta do meu apartamento. Enfim estava aliviada por estar longe dele, uma insegurança enorme estava tomando força dentro de mim depois desses últimos acontecimentos, antes poderia até pensar que seria fácil apenas um contrato a ser cumprido, mas agora caia numa realidade que lidar com a personalidade dele seria muito difícil. Da mesma forma que pensava que um ano passa rápido agora estava pensando que um ano poderia se tornar, na verdade uma eternidade.







Casada por acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora