•Sofía Vergara•

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Sofía pov

Eu meio que criei uma fobia do externo mundo, da externa movimentação, da externa turbulência barulhenta. A pandemia não foi gentil com alguns de nós, não é mesmo? E eu tenho visto isso tanto ultimamente... quero dizer, nunca fugi de uma entrevista por preferir ficar em casa, ou melhor, nunca preferi ficar em casa. Não como prefiro agora.

Por determinado tempo enclausurada em casa, sofri. Mas eu me achei aqui, me achei fazendo coisas que antes pessoas faziam para mim mas que tive de fazer por mim mesma. Em todo o momento eu tive ajuda, claro, e agradeço minha noiva por todo esse período de aprendizado e calma. Tive de aprender muito em tão pouco tempo e foi difícil, difícil por eu ser cabeça dura no início, confesso que um tanto orgulhosa... mas meu santo teve de baixar, as circunstâncias me obrigaram a fazer.

Eu não furei em momento algum a quarentena e acho que por isso senti mais, mudei mais, aconteceu que as comodidades viraram outras e cansaço de muito contato sem ser de meu costume virou um desafio. Não acho fácil a ansiedade que contamina, não acho fácil os assuntos diversos e esforços desajeitados a todo instante... não é mais fácil só ficar em casa, fazer um chá em uma caneca grande, se deitar na pessoa que ama, em sua cama e só dividir essa caneca com seu amor? O silêncio é bom na maioria das vezes, a calma mais ainda.

No conhecimento geral, me conheço mais. Conheço mais a pessoa qual meu coração e sentimentos me viaram a amar e dividir uma vida... quase sete anos de vida dividida do nosso jeito. Só se tornou mais forte nesse confinamento qual eu quis ficar grudada nela, tomar decisões difíceis com ela, escutar seu coração bater ao me deitar em seu peito, reclamar das mesmas coisas, opinar diversidades, conversar de verdade como desbravadoras de nós mesmas e de nossa relação e... aproveitar isso com calma, evitando até levantar voz.

É, mundo... tenho ficado velha. E é engraçado, não? Sempre lutei contra isso de alguma forma. O batedor sempre o foi sal de meu dia e é uma reviravolta que agora eu só prefira o adoçante da calma. Já não tenho mais disposição para o que não é essencial e para as minhas folias mínimas, faço prazer com meu mínimo habitual, você sabe, pijamas, filmes românticos sáficos que tenho descoberto junto dela, e que terminam com finais felizes, o interior de New York, sem muitas buzinas lá fora, sem muita gente... só... nós.
E em tantos anos de carreira nunca imaginei que fosse graça para meu antigo eu, agora meu eu atual tira sarro do anterior também, acho que minhas versões nunca imaginaram-se assim... tão opostas.

- O pessoal da empresa ligou e disseram que precisam da lista de revendedores.- S/a diz entrando pela cozinha.

Sorrio ao escutar sua voz e tomo mais um gole de chá. O café que agora troquei por chá... há um tempo desde o ocorrido, meu ocorrido.

- E mandou pra eles certinho?- Pergunto.- Olho pela janela. Há um lago lá fora, um lago escuro qual a chuva moderada bate contra, desmanchando o espelho das árvores em seu reflexo.

Suspiro satisfeita.

- Mandei mas acho que vou ter que ir lá.- Sua voz fica mais presente enquanto passa os braços por minha cintura, me abraçando por trás. Eu somente sinto um beijo em meu ombro.

- Disseram que está tudo bem?

Eu levo minha mão para sua cabeça que já escora o queixo onde beijou. Eu acaricio sentindo o macio da extensão dos fios enrolados em meus dedos.

- Dissem sim.- Ela suspira desta vez.- O movimento voltou, hm?- Brinca preguiçosa.

- Então não vai.- Escoro minha cabeça na sua, esfregando de leve.- O tempo está tão gostoso...

E eu admito que esta, a dela, é minha companhia essencial. Ela é meu interior, a única pessoa que não faz conjunto com o plano exterior de bagunça e problemas. Ela é calma e paz... então quando sai eu sofro. Aí sim há a parte da solidão qual não gosto. De fato fico só e me angustio.

- Eu sei, amor. Mas é que tenho medo de não estar mesmo como o planejado. E agora as coisas tem andado!- Diz passando seu neu nariz por minha bochecha do jeito que pode, me fazendo arrepiar.- Ficamos tanto tempo paradas que acho que me enferrujei um pouco, hm?

- Nós nos enferrujamos.- Corrijo com humor.- Mas sabe de algo, mi amor?

- O que?- Abraça mais minha cintura e eu aproveito pra entrelaçar nossas mãos em meu ventre.

- Não me importaria de ficar mais um tempo somente nós duas.- Declaro com sinceridade. Mas acho que ela sabe disso.

Ela ri baixinho. Não posso evitar de rir também, não há nada tão engraçado mas dá vontade de rir... legal, não?

- Nem eu. Mas acho que preciso sair para somente poder me arrepender de ter ido, após isso, voltar para cá como se estivesse descarregando e finalmente recarregar as baterias...- Brinca.- Vem comigo. Por favor, meu amor.- Pede com a voz moldada, a voz adocicada que me causa o frio na barriga e amolecimento muscular.

- Pensa assim mesmo?- Deixo uma risada sonora escapar.

- Não sei, acho que já estou me arrependendo de querer ir... e olha que nem pensei direito sobre isso.

Ela engole e isso faz com que sua garganta vibre em mim, não sei se engole a vontade de ir, a incerteza, a certeza, a coragem ou a covardia... confesso que sou covarde e não quero ir, imagina ela que sabe que não quero ir mas não gosta de ir sozinha.

- E nem precisa, se eu te disser...- Coloco a caneca no mármore do balcão e desgrudo meu corpo de dela só para me virar de frente para a mesma. Ficando cara a cara com minha mulher.- chuva, banho quente, pijamas combinando...- Seu nariz se fanze um pouco e eu beijo seus lábios rapidamente, estalando-os.- Chá de camomila, ou chocolate quente. Também podemos assistir algo... não terminamos de assistir "fale com as abelhas" ainda...

S/n beija meu rosto, bochecha direita, esquerda, meu olho esquerdo, direito... meu nariz e por fim demora em minha boca. Gemendo baixinho em meus lábios, eu sorrio com isso e mordo seu lábio inferior, puxando pra mim com carinho.

- Vai me fazer ficar se falar assim...

Lhe beijo mais uma vez, interrompendo o restante de sua fala.

- A Señorita já foi convencida a ficar.- Separo minha boca da sua, meu rosto do seu e lhe olho... Os olhos apertados pelo sorriso inocente, o nariz levemente arrebitado e os fios de cabelo escuros pendem... meu amor.

-Mas ao menos tenho Home-office, Baby...- Faz uma careta deixando a cabeça inclinar para o lado.

- Não... você já trabalhou muito hoje, Mi amor.- Brigo.

- Sofia, ainda são duas da tarde. Não trabalhei tanto assim.- Ergue uma sobrancelha.

- Ah não, está lá desde as oito!- Reviro os olhos.- Mereço mais atenção, hm?

Ela encosta seu quadril no meu, passo meus braços por seus ombros abraçando seu pescoço e aproximando mais seu rosto do meu.

- Merece, claro que sim.

- Então vamos ver o filme?- Faço minha melhor feição chantagista, aprendi com ela.

- Deixe-me pensar...

Bato em seu braço e fecho a cara logo, não é sério, só uma reação.

- Vamos assistir os filmes.- Eu digo. Vamos mesmo, ela não vai trabalhar mais, não hoje.

- Claro, claro... não é você quem manda, vida?

Sorrio com a resposta, sei que não iria de jeito algum e sei que isso não faria mal a alguma de nós... mas... É tão menos desgastante ficar aqui, só mandar um "okay" por mensagem e confirmar avaliação presencial para depois, ainda nem venceu este prazo.

- Só faço com que seja mais confortável, Mi amor. Você gosta disso, não é?

- Claro que sim...

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Este era o outro imagine pronto, nunca tinha visto um dessa Deusa por aqui e eu meio que fiz isso.
Não disponibilizei antes por preguiça, heuhein gente, sou humana.
Boa noite.

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒- 𝗚𝗶𝗿𝗹𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora