Há algo - Parte II

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Eu acertei o centro, o alvo em vermelho dentro de três círculos, dez pontos em todos os quinze alvos da sala de tiro. Mas algo me deixa desconfortável, algo doía mais que o normal.
O som era abafado pelos grandes fones de proteção, era como se estive imersa na água, com grandes ondas richicoteando meu corpo para lá e para cá.
Eu me sentia um brinquedo, um pingue-pongue.

Era noite, e não poderia estar mais ansiosa para falar com Claus, do qual se liberava do serviço em uma hora.
Meu braço doia, não pelo impulso da arma, mas pelas varias agulhadas que estava levando durante esses dias.
Meus olhos pesavam pelas noites mal dormidas.

- Então você está aqui...

Eu mal pude escutar a voz do Dimitre com os fones. Me poupo de olha-lo, eu estava irritada e dolorida, não queria falar com ele.

Os projéteis voltam a ecoar, eu sinto a sua movimentação atrás de mim. Ele colocando as luvas, arremangando a blusa branca de seda, escolhendo a melhor pistola, colocando os fones.

Dimitre para ao meu lado, em sua mão está a prateada Glock 35, a tal fica pequena em seus dedos.  Com a base posta ele firma a postura, segura a pistola com as duas mãos e estendo os braços.

Ficamos alguns minutos em silêncio, mas que resolvo falar.

Eu travo a arma e coloco ela no coldre da coxa, abaixo o fone até o pescoço.

- O que você quer Dimitre?

Ele já me olhava satisfeito com os meus resultados, que eram mostrados no placar digital.

Hoje tinha sido outro dia complicado, de tarefas tolas com outros Agentes...  Ele tira os fones e se vira para mim.

- Como você está? Faz dois dias que não a vejo tentando entrar na minha sala.

Objetivo. Seria mais fácil se ele apenas dissesse que está preocupado.

"Ah sim, e eu te vejo todos os dias no refeitório me encarando com o seu cão de guarda-Jin"

Mordo a língua.

Eu olho seu rosto, ele já não usa mais o enorme curativo, contudo havia uma cicatriz no lugar, não muito funda, nada que um bom tratamento dermatológico sarasse em uns meses.

Eu não o havia falado com ele em três dias... Desde que ele realmente me pegou tentando convencer a copeira em me dar uma cópia da chave dele. Mesmo naquele momento eu não pude o avaliar tão bem, não ficamos mais a sós desde quando foi me visitar a dez dias atrás. Ele estava fugindo de mim.

Como se ele seguisse os meus olhos, ele guarda a pistola, tira as luvas de couro e passa os dedos pela cicatriz, uma incógnita para mim. Seu suspiro carrega certa culpa de algo que eu não sabia.

Antes que eu pudesse me dar conta já estava perto o suficiente para sentia sua respiração, perto o suficiente para toca-lo. E eu o fiz, seus olhos com a mesma intensidade das lembras que rodeavam a cicatriz olharam para mim.

Olhos azuis tempestuosos, eu facilmente me enfeitiço. A ponta dos meus dedos toca a pele do seu rosto, tenho certeza que estava com a mão gelado apenas pelo olhar que ele me passou.

Eu passo por seu nariz, contornando a cicatriz, sua bochecha direita o canto da boca e a sua mandíbula.

Meu coração acelera e sem perceber eu suspiro.

Sua mão segura a minha. Ele estava quente, um pouco vermelho, os músculos estavam tensos sobre a camisa branca de botões, do qual os dois primeiros estavam abertos, eu podia ver a sua clavícula, seu pescoço...

- Indra.

- Quem cortou seu rosto? – pergunto engasgada com algo amargo.

- Foi um dos homens do Greta...

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⏰ Última atualização: Jan 11, 2023 ⏰

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