Não solte a minha mão

Capítulo 9

Saio da sala dele, vou p'ra minha sala, pego minhas coisas e saio. Dou de cara com uma Eliza preocupada, ela deve ter me visto passar que nem um furacão.

- Ei menina, o que aconteceu? Você parece não estar bem. - Fala me encarando.

- Estou bem Liza, só estou com uma dor de cabeça danada, saí da sala do senhor Callihan agora, acabei de avisá-lo que vou para casa. - Dou um falso sorriso.

- Você está péssima mesmo, tudo bem. Qualquer coisa você me liga ok? - Me dá um sorriso caloroso.

- Eu aviso, não se preocupe mulher, eu já vou. - Me despeço dela e vou até ao elevador.

Entro na caixa metálica, e os pensamentos me atingem com força. Eu desconfiava que fosse o Jordan, mas nunca coloquei fé nisso, era mais uma ilusão que eu queria. Aquela que quando estamos com saudades de alguém, queremos preenché-la usando outra pessoa para substituir. Mas quando ouvi tia Ivy dizendo que o filho trabalhava aqui, eu caí para trás, nunca que eu iria imaginar o Jordan aqui, primeiro que o pai dele tem os empreendimentos da família, na altura Ethan já estagiava lá, achei que ele fosse fazer o mesmo. Quer dizer então que ele é o rebelde da família.

Tia Ivy tem razão, ele mudou mesmo, ficou arrogante e ranzinza. Ele era tão doce, tão bom com as pessoas, tão manso, ajudava até quem não merecia. Ele me reconheceu, não deve ter me dito porque não queria associação comigo, aposto que já investigou sobre a minha vida e sabe que eu estou praticamente deserdada. Não acredito que se tornou num ser tão superficial assim.

. . .

Chego à casa, vou ao meu quarto, tiro a roupa, tomo um banho para me acalmar. De banho tomado e vestida, desço e vou à cozinha, estou com muita fome, não deu tempo de tomar o pequeno almoço e ainda não almocei também.

Abro a geladeira, pego algumas coisas para fazer o almoço. Começo a cortar os legumes e ponho à parte, pego a carne e corto em tirinhas. Coloco para cozer.

Enquanto espero o almoço, tiro a carne grelhada que havia sobrado, esquento, tiro uma garrafa de vinho e uma taça.

Vou à sala, me sento no sofá, ligo à TV e está apresentando Pretty woman( Uma linda mulher), meu filme favorito. Sirvo a primeira taça e tomo num gole só, encho a segunda vez e faço o mesmo. Nossa, esse vinho é uma delícia, porém, meio seco.

Me levanto à passos lentos e vou até a cozinha, quase esqueci que estava fazendo almoço. Verifico se está tudo em ordem, acrescento um pouco de sal no molho e está pronto. Eu faço melhor as tarefas quando estou triste.

Isso tudo é culpa sua Jordan, como eu iria saber que o meu chefe, era o meu melhor amigo? Não tinha como saber, Jordan era todo desmunhecado, era alto sim, mas tão magrinho que nem em mil anos eu iria imaginar ele assim todo musculoso e grande.

Mas vamos ser sinceras, ele está bem gostoso.

Pára vai, não coloquem mais essas ideias na minha cabeça. É chato ter um subconsciente traidor.

Saio da cozinha e subo as escadas cambaleando. Foi essa garrafinha que me deixou assim? Mas eu nem me sinto bêbada, ainda estou sã.

Vou até ao meu armário, abro a gaveta e tiro de lá uma caixinha, essa caixa foi um presente da minha tia, eu tinha virado mocinha e ela deu essa caixa para eu guardar todos os meus segredos. Obviamente que Dan não era um segredo, mas eu escolhi guardar as nossas memórias nela.

Abro a caixinha e de lá tiro vários envelopes, a gente conversava por cartas tantas vezes, tiro fotos e por último o nosso álbum de fotos da amizade. Abro o álbum e logo na primeira página aparece a dedicatória que havíamos escrito, eu lembro desse dia como se fosse hoje.