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      Erik nunca deu muito valor a natais ou festas de fim de ano durante sua vida. Em sua infância não teve a oportunidade de comemorar com seus pais por todos os acontecimentos na Alemanha, e quando chegou na vida adulta já não tinha ninguém para festejar, até que Charles entrou em sua vida.

      Esse seria o seu primeiro natal em anos que não viraria a noite dormindo ou bebendo em um bar com desconhecidos. Charles sabia da morte de seus pais, então desde o início do namoro ele tentava convidar Erik para passar o Natal em sua casa, mas ele sempre recusou. A perda de sua família fez com que ele se contraisse. Feriados, festas de fim de ano e o aniversário de seus pais eram os dias onde ele mais ficava mal. Sempre se lembrava do motivo de estar sozinho ou da morte de seus pais.

       Porém não teve opção este ano. A tempestade de neve que o pegou quando ainda estava na rua voltando do mercado com ingredientes que Charles o pediu para comprar lhe obrigou a aceitar o convite pela primeira vez, mesmo que não quisesse. Não que não gostasse da companhia de Charles, pelo contrário; ele o visitava quase todos os dias, e quando não ia visita-lo ficava o perturbando pelo telefone, mas sentia que estava incomodando ou sendo intrometido ao ficar ali com amigos próximos do namorado e sua irmã.

      Apesar de não morarem juntos, Erik passava a maior parte do dia com Charles. Seu apartamento estava mais para um depósito onde guardava alguns de seus pertences do que uma moradia de fato. A maior parte de seus pertences estavam na casa de Charles. Suas roupas, seu celular, suas chaves, e até mesmo a sua escova de dentes ficavam lá.  Ele dormia lá quase todos os dias, e quando não ficava conversando pelo telefone até dormir. E mesmo assim nenhum dos dois nunca tocaram no assunto de morarem juntos. Erik sempre usava o fato de ter seu próprio apartamento como argumento para evitar ficar com Charles em datas específicas.

       — Você tem certeza que quer deixar eles virem Charles? São dez horas, ainda dá tem de cancelar. - Erik perguntou.

      Charles estava na sala, agora já arrumado para a ceia de natal. — Não Erik, não dá mais tempo de cancelar. Raven me mandou mensagem, disse que está chegando com Hank mas provavelmente vão chegar depois da meia noite por estarem presos no trânsito. — O telefone toca.

      Charles solta um suspiro e caminha até ele e atende. — Sim?

      — Charles, já estou aqui embaixo. - Moira diz. — Sean e Alex também acabaram de chegar.

      — É a Moira, já está lá embaixo. - Charles diz olhando para Erik, afastando um pouco o telefone do rosto.

     — CHARLES VEM AQUI ABRIR PARA NÓS!! - Sean grita no telefone perto do ouvido de Moira.

     — Não seja infantil! Quer me deixar surda!? - A mulher diz repreendendo-o. Alex ria pela bronca que o amigo levara. — Sinceramente, Charles, eu não sei por que você convidou essas duas crianças grandes. — Ela brincou olhando para os dois.

      — Eles também são meus amigos querida. — Charles responde. — Já estou descendo. — Ele desliga o telefone.

      Erik o encarava com a boca meio aberta e seus braços estavam cruzados em cima de seu peito.

      — O que foi? - Charles perguntou ao perceber como Erik estava.

      — Desde quando você tem tanta intimidade com Moira para chamar ela de querida?

      Charles sorriu. — Eu conheço ela á mais tempo do que conheço você. Por que? Está com ciúmes Erik?

      — O que?! Não estou com ciúmes. — Ele revirou os olhos.

Memórias de Natal • CherikOnde histórias criam vida. Descubra agora