Margaridas

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  César e eu passamos o resto do dia conversando o mesmo até ligou para Arthur para trazer uma muda de roupas, pois eu o convenci a dormir por pelo menos mais um dia, e aqui estou eu apreciando meu belo namorado pela manhã e assim conseguindo dois dias consecutivos com ele na minha cama... de um jeito não sexual obviamente. Eu me levanto e vou para o banheiro e no espelho vejo muitas marcas no meu pescoço o que me faz sorrir abobalhado enquanto ponho minha mão no local, eu não o deixei sair ileso de marcas também e isso me faz mais feliz do que deveria.

  Me apronto pra mais uma manhã e faço o nosso café, e só pensar em nosso namoro me faz vibrar de emoção. Me encontro em uma desavença, não sei se o acordo para tomar café comigo ou se espero ele acordar sozinho, eu quero comer com César, mas eu tenho que cuidar das plantas e abrir minha loja.

-Bem, eu não acho que ele ficará irritado..certo?- Viro animadamente e ansioso em direção a porta de meu quarto e abro devagar.

Me sento na beira da cama e começo a alisar seu rosto, e em seguida susurra seu nome enquanto cutuco suas bochechas, César levanta devagar e com o seu cabelo desgrenhado em seu rosto me dá uma visão assustadora, com somente um de seus olhos em meu campo de visão ele me encara com total ódio, suas olheiras não ajudam a amenizar tal situação. "Será que eu fiz algo errado? Eu não devia ter o acordado" penso e fecho os olhos com força até sentir um peso em meu colo.

- Só mais uma hora, por favor Joui.- ele simplesmente cai com a cabeça em meu colo e diz com a voz mais rouca possível, seus cabelos atrás dão um ar engraçado a situação por terem meio que cachos soltos e outras partes não.

- César eu quero comer com você e eu já tenho que abrir a loja, por favorzinho~- digo manhosamente enquanto enfio minha mão em seus cabelos.

César me encara de forma emburrada e levanta enquanto me abraça. Eu ponho suas pernas em volta da minha cintura e levanto o para o levar na cozinha.

- JOUI! Me larga eu sou pesado, ah não além de alto e gostoso você é mais forte que eu? Isso é humilhante cara.- Ele diz com um olhar assustado tentando se soltar.

- césar você é a pessoa mais leve que eu já carreguei na vida, e eu gosto então me deixa tá?- ele desiste e me abraça e só ouço um susurro fraco em minha orelha.

" Não é porque você é mais forte que eu vou deixar você me foder ouviu? Eu tô de olho na sua bunda faz tempo."

Nesse momento sinto meus braços fraquejarem com o cabeludo sobre eles e suas pernas se apertam em minha cintura.

-Bora Joui eu quero comer.- disse se apertando mais em um abraço no meu pescoço.

Desço e o ponho na cadeira com a mesa já posta com um café da manhã típico japonês, não sabia o que César acharia da minha comida e nem pensei muito nisso na verdade. Eu estava tão animado que fiz tudo em modo automático e agora sinto a ansiedade percorrer meu corpo, observo atentamente o menor pegar os talheres e ele começar a comer, porém, ele para me encarando e indaga.

- Não vai comer Joui? A sua comida tá muito boa mais eu com certeza não consigo comer tudo sozinho, e que horas são que eu deixei minhas coisas lá em cima?

- Ah claro, sim!- me sento apressadamente pela timidez que sinto e pego meu celular para ver a hora.- são oito César.

-... Nossa Joui se tem algo que me incomoda eu te juro que é esse seu celular da época do meu avô, nossa essa marca ainda existe? Você tá necessitado Joui? Agora sério sem brincadeira, como você usa WhatsApp ou coisas assim? Cara um flip é tipo uma relíquia.

- Pra sua informação esse celular é perfeito ok, um celular não precisa de muito pra funcionar.... na verdade é bem horrível conversar com as pessoas que não estão acostumadas a conversar por SMS ou e-mail, eu tenho um celular "novo" só que eu não sei usar aquela porcaria direito okay ...eu admito.

- Era isso? Eu sou um expert no assunto eu vou te explicar isso Joui, mas você ainda não explicou como conversa comigo ou os outros.- Ele indaga me olhando nos olhos o que ele não faz muito frequentemente com os outros, porém comigo se tornou algo comum e as vezes lembrar isso me dá arrepios de... felicidade.

- É-é que o Thiago-sensei baixou em meu notebook e eu consigo conversar por lá.- e agora eu que desvio meu olhar.

- Sério quando eu recebi um SMS seu eu pensei que você fosse do tipo, sei lá, sério em relação ao trabalho ou algo assim. E me escreve tão certinho.- César brincava com a comida enquanto divagava na conversa.

- É sempre bom e educado ser formal César-kun.- Digo elevando minha postura pra me dar um ar sério, mas logo sorrio.

- Ah 'cê jura? Ontem eu ouvi coisas nada formais de você enquanto te beijava.- Ele se levanta com seu prato vazio e começa a tirar a mesa com os pratos que estavam vazios.- Pode ir abrir a loja eu lavo a louça.

Eu concordo com a cabeça e vou em direção a porta, dou um longo suspiro carregando meu fôlego e digo em alto e bom som.

-EU TE AMO CÉSAR COHEN!- logo em seguida bato a porta com o coração na mão por ter sido burro o suficiente pra não ficar e ver a reação dele, me encosto na porta e fecho os olhos tentando me acalmar.- Calma joui você já até o beijou e pelo menos só tem um "eu te amo" em português... brasileiros falam isso com muita tranquilidade pra ele levar tão a sério.- susurro até sentir a porta em que me encosto abrir abruptamente e quase perco o equilíbrio porém me recompondo.

César aparece com uma expressão engraçada e vermelha e agarra meu rosto me dando um selinho rápido e assim seguindo em bater a porta na minha cara, um *eu te amo* é sussurrado atrás da porta o que me faz rir e seguir meu caminho para o primeiro andar.

[...]

Durante meu trabalho César passou por aqui pra me trazer um lanche que ele comprou e se despediu timidamente com um beijo na minha bochecha. O turno foi tranquilo e eu conseguia sentir uma onda de felicidade passar pelo meu corpo, e cantarolava sem perceber, até entrar duas pessoas um tanto barulhentas e engraçadas por assim dizer. Uma garota loira de longos cabelos encaracolados com um sotaque forte entrava falando com um enorme sorriso e atrás dela uma mulher alta e com roupas de alguma marca cara.

- Ó de casa, eu preciso de umas semente de margarida e uns incetsida pra umas praga que tão nas minhas planta.- Dizia ela vindo rapidamente ao meu balcão sem tirar o olhar dos arredores.

- Sério que eu tinha que entrar junto, já não basta eu ter ido te visitar na roça cheia de mato, você me faz entrar em um lugar com mais mato ainda?! Sem ofensa garoto... só não sou chegada a terra sabe... muito bonita a loja viu.- a amiga platinada disse a última parte com o sorriso forçado e mesmo assim falhando em não parecer com nojo.

- Ai 'melie seus pais num ti deram educação não foi? Ignora ela menino ela é daqueles bairro fru-fru lá.

- Não tem problema, eu tenho uma amiga que também não é chegada a plantas.- não consigo conter as risadas da dupla que chegou e começo a explicar os tipos de incetsida que eu tinha e umas receitas caseiras boas pra lidar com pragas e os danos causados na flor e até em suas raízes.

E com isso elas foram as clientes mais memoráveis do meu dia que saíram brigando e depois se abraçando. O meu dia acabaria de um jeito perfeito se eu não tivesse recebido uma ligação de Arthur me chamando rápido na casa dele, alegando que César estava tendo uma crise e ele estava indo pra cidade vizinha fazer um show logo estava muito longe para ajudar o menino e pediu para eu levar alguns maços de cigarro.

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