03 - Dolce

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Filocalia ~ do grego

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Filocalia ~ do grego

"Amor à beleza"

Às 09 horas da manhã, em Londres, o clima se apresentava em uma máxima de 8°C. Hannibal e Will se mantinham no mesmo apartamento a qual se alojaram desde sua estadia na cidade. Mas o frio não os abatia o bastante para causar arrepios excessivos em seus corpos devido ao aquecimento do próprio lugar.

O moreno estava sentado em uma poltrona diante de Hannibal, que também se mantinha sentado em um cômodo semelhante a sua. A diferença é que o mais velho tinha um livro em mãos, especificamente do Sonetos do artista inglês William Shakespeare, que neste momento Hannibal lia o seguinte verso:

Soneto LVI
Que Deus me perdoe, por me tornar teu escravo,
Que eu deva pensar em velar tuas horas de prazer,
Ou para ti contar os momentos de ansiedade,
Sendo teu vassalo disposto a estar à tua mercê.
Ó deixa-me sofrer, sob tua vista,
A ausência aprisionada de tua liberdade,
E domada pela paciência para sofrer a cada vez
Sem te acusar de me injuriares.
Estejas onde estiveres, teu jugo é tão forte,
Que podes privilegiar teu tempo
Para o que quiseres; a ti somente cabe
Perdoar-te por teus próprios crimes.
Devo aguardar, embora esperar seja o inferno,
Sem culpar teu prazer, seja ele o mal ou o bem.

Com isso, sutilmente ergueu seu olhar para sua figura desejada, seu estimado Will. Que no exato instante degustava um vinho. Hannibal apreciava a forma que este se embebedava do sabor doce da bebida, ora como seus lábios, se encostaram na beira da taça delicadamente, para depois descer para dentro de sua boca.

Will nem estava consciente que seu amado estava admirando a elegância natural dele. Quando novamente a visão de Hannibal se voltou para o livro que segurava. O moreno aproveitou e contemplou a forma que o psiquiatra virava as páginas com suas mãos esbeltas com as veias aparentes, transmitindo uma graça de artista com a qual apreciava uma sublime obra.

Aquelas mãos, foram provedoras tanto de prazer quanto de dor para ele, aquela mesma que rasgou sua abdômen, agora esgueirava-se para dentro dele, para lhe proporcionar prazer, causava o balançar de seus quadris, o pedido desesperado de suas lamúrias, complementadas com as agressões moldadas em seu corpo, transformadas em marcas avermelhadas de devoção. Se tornando hematomas coloridos que marcavam sua pele de marfim como aquarelas.

O seu artista lhe fazia se sentir como arte, seus dedos examinavam seu corpo em uma apreciação amorosa, se extasiava de como ele dedilhava a sua dor com os seus dedos, cantando sua vida com suas palavras, o matando suavemente com sua música.

Às vezes, eles permaneciam em um silêncio confortável, cada com o universo a ser explorado em suas mentes. Porém, eles gostavam sempre de manter a presença um do outro por perto. Estar ali, era o que importava, aquela certeza meiga do saber que não importava o que acontecesse, eles iriam perdurar desde aquela noite a qual um pacto através de sangue de outro ser, selou o vínculo pecador deles.

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