Sequestrada pelos meus pretendentes

Isso vai ser divertido

Hoje eu e meu pai vamos visitar meus "noivos"Apolo e Denis. Os Bernards.

Ao mesmo tempo que estou com medo, estou ansiosa e um pouco nervosa, acho que a ideia de ter alguém não é ruim, mas eu quero escolher esse alguém, alguém que me ame, e que eu ame e não alguém que meu pai escolha ou que os mais velhos da máfia queiram escolher pra mim.

Eu passei a manhã toda com uma sensação ruim, muito ruim. Nunca estive com tanto medo, só de pensar que posso estar indo para a cova dos leões. Um arrepio atinge meu corpo todo. Não queria que fosse assim, talvez alguns jantares e encontros me fariam gostar deles mas infelizmente, só vou chegar lá e ouvir "sim ou não" vindo deles, e pra piorar, depois da decisão deles vou ter que ficar em casa até o dia do casório e depois do casamento vou fazer tudo o que eles mandam, porque na lei da máfia " mulheres da máfia só vão cuidar e procriar nunca mexeram no comando da máfia " as leis são bem machistas.

Se eu pudesse escolher, escolheria estar nesse momento com minha mãe, perguntar seu nome, sua idade, e por que dela gostar tanto de hortências, apesar de ser uma flor linda, tenho certeza que tem um significado por trás disso tudo.

Papai não me fala muito sobre minha mãe, pra ser sincera ele só me diz que ela era uma pessoa muito boa e especial, que independente das atitudes dos outros, ela via bondade em tudo, e beleza também, meu pai costumava a dizer que eu sou parecida com ela, segundo ele " é você quem vai livrar o nome da família de tantos atos profanos, porque você é igual a sua mãe", se eu for recusada pelos Bernards, vou atrás de um amor alguém que eu realmente goste:

- Vamos Hortência?

- Sim meu pai

A viagem foi silenciosa,  meu pai não consegue olhar dentro dos meus olhos, entendo sua frustração, sua única filha sendo obrigada a casar contra sua vontade.  Pobre de mim.

Paramos em frente a casa dos Bernards, queria que isso fosse apenas um sonho porém não é, eu nasci em uma família amaldiçoada, uma família onde mulheres são destinadas apenas a procriar e homens a governar:

- Hortência, se eles te recusarem você terá um ano pra me trazer algum pretendente, caso contrário me obrigarão a casar você com outra pessoa,  pode ser?

- Eu... Eu... - não consigo acreditar que vou ter esse direito de escolher, é a primeira vez que posso tomar uma decisão tão importante como essa- Eu acho que sim, acho não, tenho certeza.  Obrigado meu pai, o senhor sempre deu um jeito de ver sua menininha feliz.

- Não vou deixar que façam com você o que fizeram com tantas mulheres - ele suspira- inclusive sua mãe...

- O que o senhor disse?

- Nada- preferi guardar pra mim aquela fala dele.

A conversa se encerra com um simples selar em sua bochecha, vou fazer de tudo pros Bernards me recusarem, não vou me casar com eles.

Ao chegarmos perto do portão da casa dos Bernards e fomos recebidos por seguranças armados até os dentes, não me passaram uma sensação de segurança, não estou tão confortável assim. Me sinto intimidada, tudo aqui é tão assustador:

- Olá Valentinos, é um prazer recebe-los aqui.- Isso não foi uma declaração de boas vindas, sinto que meu pai me trouxe aqui para assinar minha sentença de morte.

- Olá Valentinos, é um prazer recebe-los aqui. - tento não ser hostil, mas não parece ter funcionado muito bem.

- Olá Apolo como vai?

-Vou muito bem, e vejo que vocês também.

- Sim, vamos direto ao assunto.

- Sim claro, me acompanhem - os levo até a cozinha e faço eles se sentarem - bom vamos ao que interessa, a mão de sua filha.

- Bom eu gostaria de saber a decisão de vocês, vão se casar ou não?

- Não eu. Eu não nós, não queremos a mão de sua filha, queremos alguém que conhecemos e não uma desconhecida e com todo respeito acho que ela também tem uma opinião própria, você como pai deveria reconhecer as vontades de sua...

Um telefone toca, e é o telefone de Hortência ela se retira para atende-lo e pra mim ela parece bem feliz. Tudo como o planejado:

- Voltando ao assunto, ainda somos pessoas nunca seremos iguais aos mais velhos da máfia queremos alguém que nos ame. Agora que já resolvemos podem se retirar, não quero tomar o tempo do senhor, avisarei os anciões a nossa decisão para a escolha do...

- Podem deixar que eu mesmo aviso. Até uma próxima Apolo- aperto sua mão e ele sai de minha casa.

Ocorreu tudo como o planejado eu e Denis fizemos o plano perfeito, plano esse que seria: recusar Hortência e colocar alguém para segui-la achar um momento perfeito e sequestrar ela.

Porém a ligação que ela fez facilitou todo nosso trabalho posso pedir que Denis grampeie o celular dela por que ela ligou na área de nossa antena, com um grampo podemos escuta-la o dia todo 24 horas por dia e sem precisar que ninguém faça o nosso serviço.

Isso vai ser divertido.

Quando meu pai saiu da casa deles, puder ver ele sorrindo, um sorriso largo de orelha a orelha:

- Um ano de paz?

- Eles recusaram!?

- Sim, um ano de paz pra você.

Eu não pude acreditar, nesse momento me sinto tão feliz, feliz ao ponto de...
De correr por aí gritando que sou solteira:

- Que horas são?

- 19:30, por que?

- Por que eu poderia ver seu brilho a quilômetros de distância.

Corro de volta pro carro, e lá explodo de felicidade, vou ter um ano. E nesse um ano vou poder conhecer alguém e me apaixonar por essa pessoa e o melhor é que, EU vou escolher, sozinha.

Isso vai ser divertido