Hoje era dia de musculação.
Bakugo teve que sentar no sofá da sala comum para esperar Ochako que demorava mais do que o normal.
Quando ela entrou na sala e não deu seu caloroso "Bom dia, Bakugo-kun!" ele soube que tinha algo de errado, mas assim que viu a cara de bunda dela chegou a conclusão, ela estava de mau humor. Nunca pensou que a veria assim, mas a bochechuda era tão sorridente e otimista que a cara de bunda não ornava muito em seu rosto redondo. Revirou os olhos e preferiu evitar contato, não é porque ela estava de mau humor que ele deixaria de xinga-la caso o irritasse.
Uraraka não andou ao seu lado como de costume, ficou alguns passos atrás, podia a ouvir suspirar pesado e chutar algumas pedrinhas, quando chegaram na academia da UA, alongou-se sozinha, de costas para o loiro.
Aquilo tinha o deixado puto em um nível que fazia tempo que não experimentava, normalmente eles revezavam os aparelhos e sequências otimizando o tempo, enquanto um suava o outro descaçava e zoava a careta ou provocava o parceiro a aumentar a carga, mas Uraraka parecia tão distante que nem mesmo quis seguir o treino. Ele encostou na parede e cruzou os braços observando a bochechuda carregar anilhas até a barra do supino, dez, quinze, vinte quilos de cada lado.
Uraraka era como pasta de amendoim, parecia ser docinha, mas era densa e amarga.
Ela começou bem, estava fazendo a segunda série quando parou sem conseguir levantar mais os braços, Bakugo revirou os olhos se aproximando, encaixou o supino no suporte, Uraraka se sentou.
- Que que foi, porra? - ele perguntou.
- Nada.
- Aham, tá com essa cara de cu porque então? - ela se virou, a testa franzida com expressão brava - Vai cagar vai, já falei coisa pior e você saiu sorrindo igual besta. Que tá pegando, Cara de Anjo?
Era engraçado como toda vez que Bakugo usava esse apelido ela ficava vermelha, por isso ele buscava usa-lo como uma arma secreta para deixa-la desconcertada, só em situações especiais como essa em que precisava extrair algo importante.
- Sei lá, não dormi bem - cruzou os braços, voltando a se virar - Tô me sentindo uma idiota, parece que não evoluo nunca!
Bakugo respirou fundo e se sentou no chão à frente dela.
- Tá de brincadeira, né? Tu tá-
- Não, porra! - o interrompeu irritada encarando os olhos vermelhos, era de se esperar que a convivência com o boca suja estressadinho a trouxesse reflexos, mas ele ainda estava um pouco surpreso, era estranho - Eu fui péssima nas provas dessa semana, tô me sentindo cansada e... e eu sinto que não vou conseguir, que vou decepcionar todo mundo e ser uma perdedora.
Eles ficaram em silêncio, os olhos dela ficaram brilhantes de lágrimas. Katsuki a puxou do banco e abraçou Ochako, ela se encolheu dentro daquele abrigo, seu corpo começou a tremer pelos soluços do choro.
O loiro não era a melhor das pessoas para consolar alguém, então o melhor que podia oferecer era um lugar seguro para acolher os sentimentos da garota, sabia que deveria estar pensando em algo para dizer, mas só conseguia reparar o quão cheirosa ela era, seu corpo era tão pequeno comparado ao seu que tinha tinha sido engolido no colo dele, mesmo assim tinham tantos músculos. "Que porra eu vou dizer pra ela?" pensou "Tu é mó gostosa, Cara de Lua, tem essas coxonas e tá triste? Conta outra".
Com o passar do tempo a respiração dela foi ficando mais calma, Uraraka levantou a cabeça e eles se olharam nos olhos. Porra, essa garota parecia mesmo pasta de amendoim, era a única razão para ele não conseguir afasta-la, ela era grudenta igual, só podia ser isso.
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Rapadura - Kacchako
RomansaOnde tudo que Ochako quer é treinar com Katsuki, ele descobriu que a rapadura é doce, mas não é mole não. shortfic | kacchaco