CAPÍTULO 7: Os Novos Irmãos

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Capitólio, 2021

Jasmin Mendonça Estaniecki, nascida em berço de ouro, marfim e qualquer minério valioso.
Descendente dos Estaniecki, uma família de alto cargo na elite brasileira, que possui ligações comerciais de matérias primas e zonas de construção, que vão além do território nacional. Tendo membros com uma vida extremamente privada, com o luxo de nunca ter um saldo negativo no banco e viver o amanhã sem o temor das contas de suas mansões.

Mas mesmo nascendo em um meio luxuoso, a simplicidade e a calmaria da cidade que invadiu Anastasia, fez com que a ruiva permanecesse em Capitólio, mesmo sua mãe já tendo resolvido seus problemas com os imóveis da família. Ela implorou para ficar, com certas condições como notas perfeitas na escola e seu ensino superior ser exclusivamente no exterior, na faculdade Brown. Com isso, empregadas foram contratadas e Jasmin começou a morar na mansão próxima a de Ana, vivendo uma adolescência serena.

"Quer assistir um jogo no estádio, Jasmin? Mas tem que torcer com toda sua alma pro Corinthians" disse Erick, olhando para ruiva.

"Prefiro me matar" respondeu Jasmin, revirando os olhos com um sorriso suprimindo uma risada.

"Ai meu Deus" lamentou sarcasticamente o pernambucano ", o pior pecado da sua vida, Jas, é gostar do Flamengo e não do melhor time do mundo."

"O pior pecado de vocês é gostarem de futebol como dois idiotas" brincou Millie, com sua cabeça deitada nos ombros da Estaniecki.

Os três estavam no pátio interno da Duque Drummond, sentados no chão perto da cantina, esperando o início das aulas. A manhã estava fria, mesmo com o sol de Fevereiro posto no céu preenchido de nuvens.

Mas o que parecia o começo de mais um ano letivo, com as mesmas pessoas que sempre estudaram naquela monótona escola, uma face desconhecida surgiu pelo hall de entrada. Não uma, mas duas.
Eram dois nipo-brasileiros, uma menina e outro menino. De pele reluzente como a mais pura porcelana, possuiam olhos negros como a negrura de uma inospita floresta e lábios finos aveludados, que se destacavam por serem rosados.

"Quem são eles?" indagou Jasmin, observando com Erick e Millie os dois entrando no pátio e olhando na parede a lista de salas.

"Não sei, mas são mais bonitos que a maioria das pessoas dessa escola" elogiou a Araquem, levantando seu rosto.

"Principalmente aquela garota, mas ela tem cara de que mata alguém pelo olhar" comentou o pernambucano.

Jasmin não se aguentou de ansiedade, ela precisava conhecer esses dois novos alunos.
Levantou-se rapidamente, amarrando seus cabelos em um rabo de cavalo e indo em direção aos dois novos alunos.

O garoto lia a lista, tentando procurar seu nome.

"É bem confusa essa lista" disse Jasmin, fazendo os dois se virarem ao seu encontro. "Confusa e horrível, quando cheguei aqui me confundi tanto, que fiquei metade da minha primeira aula na sala errada" o garoto riu, menos a garota, que torceu o riso em um sorriso.

"Não acredito que isso aconteceu" respondeu o menino.

"Acredite, foi uma experiência péssima pra primeira semana de aula" falou a ruiva, alargando um sorriso como o dos novatos. "Meu nome é Jasmin, prazer. Qual seu?"

"Meu nome é Jong-Su, mas se quiser pode me chamar só de Jong, fica mais fácil."

"E o meu Dalnim, e pode só me chamar de Dalnim." apresentou os dois.

Jasmin estranhou os nomes de primeira e por isso os repetiu mentalmente para os gravar.

Jong-Su, Dalnim e Jeon Han Santos. Trigêmeos de uma família nem um pouco abastada, órfãos solitários que aprenderam muito cedo a lidar com o vazio da morte. Vindos dos subúrbios do Rio de Janeiro, após a morte dos pais por um acidente, ficaram aos cuidados da tia, que para trazer o pão para dentro de casa viajava intensamente por todo o país. Pela situação escassa que viviam, os três começaram a trabalhar antes do tempo, com a realidade árdua caindo sob seus ombros antes da hora.
Após o acidente, vivendo um pouco na cidade em que nasceram, Jong-Su e Dalnim não queriam viver a intensa rotina da tia, por isso resolveram se mudar. Choraram quando souberam que Jeon ficaria, mas a deixaram e foram para Capitólio. Alugaram uma casa e começaram a trabalhar para completar a renda e o dinheiro que a tia lhes dava mensalmente. Sendo garçom ou até lavador de carros, mesmo com as rotinas difíceis, Jong e Dalnim gostavam da companhia um do outro, deixando a vida um pouco mais leve.

𝗢𝗹𝗵𝗮𝗿𝗲𝘀 𝗜𝗺𝗽𝗲𝗿𝘃𝗶𝗮𝗶𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora