[A caixa de metal começou a subir]
- ESPERA!
Acordei de sobressalto, coração disparado e todo encharcado. Conforme minhas vistas desembaçavam, vi ao meu redor alguns barris inflamáveis e de água potável, um rolo de corda trançada, tecidos e roupas, além de uma jaula tampada no canto. Curioso me aproximei e puxei o pano, levando um susto de cair para trás com o berro do porco.
- Caramba, irmão!
Num caixote atrás de mim tinham suprimentos, uma bolsa, um colete de couro, um facão, um punhal e cápsulas coloridas, estranhamente, em tudo havia as siglas C.R.U.E.L.
A caixa começou a acelerar rumo ao topo, que eu já conseguia ver por causa das luzes vermelhas, porém ela não diminuía sua velocidade.
- Ei, ei! Socorro! Alguém me ajuda!
Ouvindo meus instintos, deitei no chão e me agarrei as grades, preparando para o impacto. Surpreendentemente ao chegar no fim, parou de maneira brusca, as luzes ficaram verdes e apitou uma sirene. Tudo apagou, a porta se abriu automaticamente e a claridade ofuscou meus olhos, empurrei a grade e sai rastejando. Fiquei extasiado ao ver o que tinha do lado de fora. Era uma área quadrada cercada por um muro com mais de 50 metros de altura com uma floresta pequena ao fundo e laterais; e um vasto campo verde.
- Que lugar é esse?
No primeiro momento tive medo, depois comecei a pensar o por que de estar aqui... Nada. Tentei lembrar dias ou semanas anteriores... Nada. Tentei lembrar da minha família... Nada também. Nem se quer conseguia lembrar o meu próprio nome! Nada restara de quem eu era, mas naquele momento eu entendi que o que importava era quem eu era agora.
Logo de início comecei a explorar toda a área em busca de alguma saída, porém a única era uma abertura no muro, a qual levava à um corredor bifurcado. O local fornecia água de um lago perfeito - até demais - dentro da floresta ao sul e formava um riacho fluindo até uma entrada no muro a leste - fechada com grades de aço, infelizmente.
Chegando o final da tarde, comecei a fazer um abrigo simples debaixo de uma árvore com os materiais que encontrei por aí, contudo algo chamou minha atenção: A abertura no muro começou a se fechar. Os dois blocos enormes de concreto se moviam por grandes engrenagens. Em seguida, barulhos de outras coisas se movimentando mais adentro.
Anoiteceu rápido e me preparando para deitar, ouvi sons que me deram calafrios. Sai já com o facão e o punhal em mãos. Os barulhos vinham de todos os lados atrás daqueles muros, certamente coisas que eu não desejaria estar perto para ver nem para matar minha curiosidade.
- Essa noite vai ser longa...
[Sonho]
Eu estava em um laboratório super tecnológico, ao meu lado estava uma menina mexendo nos computadores, seu cabelo negro ondulado era lindo e isso mexeu comigo, mas não me deixava ver a sua face. Eu estava observando pelo microscópio moléculas de sangue. De repente, estava dentro de um lugar com muita água desesperado para respirar...Acordei assustado por causa da chuva que caia no meu rosto.
- Droga...
Sentei junto a árvore e abracei minhas pernas para me aquecer, além de ficar numa parte que não molhava. Logo amanheceu, a abertura abriu, vesti o colete, embainhei o facão e o punhal e peguei alguns remédios.
- Se aquela é minha única saída então é hora de explorá-la.
Entrei. As paredes tinham um aspecto de serem velhas, cheias de limo e na sua maioria eram quase, se não todas, cobertas por heras e trepadeiras. Os corredores largos me conduziam para caminhos principais que em sua maior parte eram retos, já os estreitos levavam a rotas alternativas cruzando entre as principais e haviam pontos sem saída também... Era um labirinto.
"- Mas por que e para que fizeram esse lugar? Quem e por que me colocaram aqui???" - Pensei.
Corri por vários corredores e ia deixando em cada um, uma marca na parede e seguia memorizando cada lugar, entrada e atalho até que cheguei a uma parede quebrada e consegui subir nela pelas plantas. O que vi foi assombroso... Vários quilômetros de passagens quase sem fim e além do labirinto, um deserto no horizonte avermelhado. Lá de cima tive uma visão quase total de como era o local todo e notei que quanto mais distante do centro, mais novas eram as estruturas. Ao descer, vi que daquelas trepadeiras pendiam cipós bem fortes. Cortei um punhado com certo sacrifício e peguei algumas pedras que chamaram a atenção por serem diferentes das demais.
Ao cair da tarde voltei para o abrigo, bem na hora das paredes se fecharem. Usei as pedras que encontrei para fazer algumas fagulhas e acender uma fogueira com o liquido inflamável para me esquentar na noite fria. Comendo e olhando para a claridade que ela produzia no local, isso me deu uma ideia.
- Clareira... Bom nome para esse lugar.
Depois de comer, dei os restos para o porco - sim, eu não o comi. Lembrei de algo muito importante naquele mesmo segundo, acendi uma tocha e fui até o canto do muro da entrada com o punhal e escrevi "Alby". Finalmente tinha lembrado meu nome, mas o resto ainda permanecia um mistério. Voltei a olhar para a clareira.
- É, por enquanto esse é o meu lar. Amanhã vou ter muito trabalho para fazer!
Junto a fogueira, me deitei e fiquei pensando em como seriam os meus pais, meus irmãos... Se tivesse. Fechei os olhos e logo adormeci.
[Sonho]
Me vejo de novo dentro da caixa, em seguida fui para um corredor cercado de canos, mas eu estava retrocedendo todo o caminho deitado em uma maca flutuante. De repente, as luzes começaram a se apagar e voltei novamente para o laboratório. Avistei aquela menina de antes, seu rosto era turvo e eu estava anestesiado, começando a adormecer. Ouvi uma voz velha de mulher: "Cruel é bom, não pegue leve com ele".≪─━─━─━─━─◈W.C.K.D◈─━─━─━─━─≫
Alby, 17 anos
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Maze Runner: O Labirinto (Em Hiato)
FanfictionÉ uma reimaginação do filme "Maze Runner Correr ou Morrer" e contar a história do primeiro clareano, o Alby. Espero que gostem e deixem seus comentários 👍🏾