O Reset

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Eu estava na escuridão... Dentro da minha própria mente... Vazia... Deitado no chão, repleto de água... Não via, ouvia ou sentia nada... Era tranquilo e calmo... Sem questões a resolver.

Afinal... Eu estava vivo?
(❤️)
Qual meu nome mesmo?
(❤️ 🧠)
Pelo que eu lutava?
(❤️ 🧠 🌟)

A escuridão foi dissipando... Lembranças vagas passavam como um flash... Minhas memórias foram se solidificando... O labirinto, a Coisa, eu, Teresa.

- Teresa...

- Hey, didn't you say he wouldn't remember anything?

- Yes, but he doesn't seem to want to forget about... me. Alby, será que você ainda me ama depois de tudo?

Senti uma mão delicada acariciando minha face, seguido de toques... Depois um som agudo.

• ...• • -... -... • ... • - ... - - ... - - - ............................

Acordei na minha cama, fiquei olhando para o teto da cabana por alguns segundos e me perguntando o que tinha acontecido durante aquela noite, nem mesmo sonhei, mas sentia que tinha dormido por muito tempo. Levantei, espreguicei e por instinto passei a mão na nuca, não senti nada além do meu osso.

"Ué..."

Caminhei de um lado para o outro, pensativo, muito pensativo. Olhei para o facão no chão junto às outras coisas, peguei e repensei.

"Isso é uma péssima ideia, mas eu preciso de respostas..."

Fiz um corte na mão e deixei a ferida sangrar a vontade, enquanto isso fui procurar algo para comer.

Poucas horas depois, verifiquei o ferimento e como já esperado, tinha cicatrizado de forma que ficou apenas uma marca suave. Dei um sorriso sarcástico e olhei para o céu.

- Eu sabia que isso não era normal!!!

Me equipei, tomei uma pílula azul e disparei rumo ao labirinto mais uma vez. Eventualmente achei alguns dos símbolos, então os complementei com riscos para sinalizar as vezes que apareceram. Ao fim da primeira região estava estampado na parede o número 2, a próxima não era mais uma questão mental, mas sim física, pois para chegar no próximo corredor haviam diversos obstáculos para saltar, escalar, esgueirar e escorregar. Voltei uns passos atrás e iniciei o percurso saltando a primeira mureta e SURPRESA! Logo abaixo haviam inúmeros espinhos, se eu errasse era morte na certa. Conforme avançava, parecia despertar memórias musculares e, de repente, uma sensação de nostalgia... Aquela situação eu já tinha experienciado de forma mais controlada no laboratório.

"Eles levaram os testes para outro nível... É vida ou morte..."

Agarrado no beiral da parede, me joguei para alcançar a plataforma final, porém um pedaço dela se quebrou. Por causa da pílula e dos treinos, consegui suportar o peso do meu corpo em uma mão por um curto espaço de tempo, foi o suficiente para consegui subir. Olhei para os espinhos abaixo.

- Essa foi... Por pouco.

Continuei correndo. A nova sessão era mais baixa, suas paredes tinham a metade do tamanho da primeira, além de... Buracos? Eu não quis nem saber, mergulhei dentro deles, pareciam ter sido feitos pelas Coisas. Para minha surpresa, do outro lado tinha um grande espaço vago e uma parede com o número 6. Indignado, percorri o perímetro e não tinha nenhuma saída ou continuação do labirinto.

- Ah irmão, tá de sacanagem?! Que prova doentia é essa?

Na parede cheia de buracos atrás de mim, notei uma câmera. Revoltado, peguei uma pedra e joguei com toda a força, destruindo-a. Deitei no chão, cansado, tinha gastado horas e quase toda minha energia para chegar até ali. Olhei para o céu, já estava de tarde, então não tive muita escolha, levantei e fiz o caminho de volta, foi triplamente mais difícil por conta da fadiga. Cheguei ao corredor de entrada com ele já se fechando, me espremi para sair a tempo, caindo no gramado da clareira... O sentimento de alívio era enorme.

Me arrastei até o rio, tomei banho e fui deitar, precisava do merecido descanso, mas estava feliz por ter ido e voltado do final de um desafio.

[Sonho]
Eu e outras crianças estávamos separadas em grupos numerados de 1 à 8 nas nossas costas. O meu e dos demais era 7, enquanto de Teresa e do irmão era 2. A dinâmica da vez era um percurso de obstáculos, todos estavam animados, menos um... O Siggy - na época nem o conhecia. Ele era gordinho e tímido, ninguém tinha contato com ele e ele mesmo também não fazia questão. Vendo-o isolado, me aproximei e questionei sua tristeza.

- Eu vou ser apenas um peso pra todo o grupo, meu... Corpo... Ah, você entendeu, ele não é o mais atlético.

- Relaxa, irmão, não precisa se cobrar tanto, você tem valor, as pessoas só não viram ainda.

Vi seus olhos brilharem e os meus mais ainda quando nas provas vi ele se destacando pela força bruta. Ele estava tão orgulhoso de si.

Acordei no outro dia sorrindo, até. Perceber que fiz a diferença na vida de alguém era a melhor recompensa. Com esse alto astral, entrei no labirinto e conclui a região a qual se identificava com o número 6, assim cheguei no jogo da vez... Queimada! Mas não do jeito que você está pensando. Era um longo e largo corredor com orifícios que disparavam esferas de fogo do tamanho de bolas de futebol.

"Eles levam as 'brincadeiras' muito a sério..."

Cada conjunto tinha um tempo e velocidade de disparo diferente. Esperei o momento perfeito para correr e esquivei de todas, ou foi o que pensei. Tomei uma bolada de raspão nas costas, aquilo ardia de um jeito absurdo e dava pra sentir o cheiro de pele queimada. Caído no chão, urrando de dor, me arrastei dali e permaneci imóvel.

"Não posso parar, não posso..."

Com dificuldade, me ergui e segui em frente. Passei por mais corredores já pensando em como voltaria. Chegando em mais um novo espaço vago, pintado na parede estava o número 4. Pela minha condição, a câmera que me vigiava iria ficar intacta, mas na próxima eu a quebraria com certeza. Voltei como pude, cheguei a cogitar a ideia de arrumar um canto seguro e descansar ali, mas com a mudança do labirinto, eu não gostaria de ser esmagado pelo reajuste da região.

De volta a clareira, atualizei a maquete e me joguei na cama com as costas para cima, a ardência tinha parado, mas provavelmente havia ficado uma cicatriz de ombro a ombro onde a bola passou.

- Eu só quero sair desse inferno...

Maze Runner: O Labirinto (Em Hiato)Onde histórias criam vida. Descubra agora