Maze Runner: O Labirinto (Em Hiato)

O Caleidoscópio

No dia seguinte, fizemos uma faxina em casa, pegando qualquer coisa que fosse servir naquela fechadura estranha e, para minha surpresa, Siggy tinha encontrado a antiga etiqueta que veio na minha mochila.

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• C.R.U.E.L. Ltda. •
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• EXP098LAB024-MA •
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- De onde é isso?

- Estava costurado na parte de dentro da mochila que veio comigo.

- Sabe o que significa?

- Tenho minhas suspeitas. "Exp" é de experimento 98, "Lab" de labirinto 24 e "MA" deve ser... Sei lá, local? Não sei te responder com certeza.

- E as barrinhas?

- Indicam a ordem do labirinto "7, 3, 1, 5, 8, 2, 6 e 4"

- Acho que tem mais coisa aqui, além do óbvio, Carranca.

Certamente tinha, mas eu não fazia ideia, então continuamos a busca até nos deparar com a perna mecânica do Verdugo. Nos entreolhamos e entendemos o que o outro estava pensando. Preparados, fomos para o labirinto.

Mesmo com algumas mudanças no percurso, chegamos no desafio ao qual ficava dentro de um corredor coberto.

- Me dê a mão e olhe pro chão, é fácil se perder lá dentro.

Ao entrar, Siggy ficou impressionado com os corredores espelhados e ilusões que mexiam com sua cabeça. Fui guiando-o, no entanto algo estava errado - ou melhor, alterado - mais uma vez fui enganado pelo meu excesso de confiança e acabamos perdidos. Ao pararmos, ele me questionou:

- Estamos perdidos, né?

- ... Sim, eles realmente mudaram tudo.

Comecei a suar, estava nervoso ou era apenas o sol do meio dia aquecendo aquele lugar fechado? Poderia ser as duas coisas. Apenas sabia que, se não saísse dali iria ter um ataque nervoso. Prosseguindo, fomos empurrando os espelhos em busca de passagens ocultas - assim como da última vez que passei por ali. Quanto mais para dentro, tudo ficava mais escuro e isso era um problema... Nada de bom vem das trevas.

- Eles elevaram o nível do desafio.

- Deve ter sido por isso que esconderam as sessões abaixo do solo, Alby.

Infelizmente tinha que concordar. Topamos com várias ilusões assustadoras, porém a que mais me espantou foi a de um Verdugo com olhos vermelhos, carapaça armadurada e patas metálicas adaptativas. Eu me aproximei melhor para ver através do espelho e a imagem fez o mesmo, no entanto mais agressiva... Isso não era normal.

- Credo, pelo jeito que você descreveu eu pensei que ele era menos asqueroso.

- Modificaram ele também e ficou pior.

A imagem rugiu ofendida e perfurou o vidro com sua pata, foi aí que me dei conta do real perigo que estávamos correndo. Sem tempo a perder, partimos imediatamente e a criatura veio logo atrás, estilhaçando tudo que estava em seu caminho. Não havia tempo para pensar, apenas seguimos nossos instintos rumo a saída - seja lá qual lado fosse. Entrando, saindo, se esgueirando e cruzando os espelhos acabei perdendo Siggy no segundo que ele soltou a minha mão. Quando virei para vê-lo, dei de cara com o vidro.

- Alby, me ajuda!

- Eu tô tentando! Espera, tive uma ideia.

Puxei o suporte de pano improvisado nas costas e tirei a perna de metal, fincando-a no espelho e destruindo o mesmo. No entanto, ele não estava lá de verdade. Comecei a me odiar por tê-lo trazido e temia que a criatura o matasse.

"Vamos lá, se concentra... Como podemos sair daqui? Eu tinha deixado riscos até a saída, mas eles foram apagados... Só me resta..."

Um silêncio estranho tomou aquele lugar sombrio, sorrateiramente atravessei os espelhos e o ambiente começou a ficar mais claro, finalmente estava saindo daquele cubículo. Contudo, próximo da saída consegui ver Siggy do outro lado do espelho e feliz, chamei por ele. Ele pediu que eu fizesse silêncio, porém já era tarde... Dois verdugos nos acharam e correram com o rabo de agulha já pronto para a aplicação. Disparamos o mais rápido possível rumo a luz, constantemente olhava para meu amigo e ele fazia o mesmo - compartilhavamos do mesmo desespero. Quase fora, dei uma olhada rápida para trás e depois para Siggy, naquele instante fui capaz de ver a besta enfiar a injeção em suas costas e eu percebi... O que me perseguia era apenas um holograma, pois não senti a agulha me perfurando.

- NÃÃÃOOO!!!

Desesperado, quebrei o vidro com a pata do Verdugo e rapidamente enfiei a mesma em sua barriga exposta fora da carapaça, empurrando-o para o lado. Retirando forças não sei de onde, puxei meu melhor amigo para fora e enfim, saímos. Deixei-o encostado na parede e corri para longe. Assim que a besta saiu furiosa comigo, chamei sua atenção e ela veio cega de ódio. Eu tinha apenas minha faca, mas me sobrava coragem. Ao se aproximar, Siggy foi mais ágil e deu um só corte na criatura, separando sua cabeça e rabo ao meio. Sai da frente dos restos mortais que rolaram pelo chão, pegando de volta o que era meu por direito.

Ao passar a adrenalina, Caçarola caiu de joelhos e sem pensar duas vezes fui ajudá-lo.

- Irmão! O que você está sentindo?

- Dor.

- ... (Isso é hora de brincadeira?!)

- É sério.

Quando ele tirou a camiseta, vi suas costas e surpreendeu o fato da agulha não perfurar profundamente sua pele, mas o Verdugo tinha conseguido aplicar o líquido verde no machucado. Nenhum de nós sabia os resultados daquilo, então limpei a ferida com água e cortei a mão pra espalhar um pouco do meu sangue na ferida - me chame de burro agora, mas foi a única opção naquele momento.

- Consegue continuar?

- Sim... Vamos até o fim disso.

Chegando no final da zona e direto abrimos o compartimento secreto para analisar melhor a fechadura, notamos que a telinha tinha um scanner por dentro que emitia aqueles feixes vermelhos. Siggy tirou do bolso a etiqueta e colocou de frente das luzes que reconheceram as barrinhas desenhadas, abrindo instantaneamente um buraco largo de encaixe. Me dei conta do que precisava, então coloquei a ponta da pata do Verdugo e as luzes ficaram verdes. Na sequência, a parede com o número estremeceu e se abriu para nós.

- Conseguimos! - Dissemos.

Não sabíamos o que iríamos encontrar lá dentro, porém iríamos enfrentar de peito aberto e armados.