Ela

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Narrador/ Ivete.


A mais velha observava os jovens com atenção, cada novo membro daquela organização. Uns iludidos por uma falsa esperança e outros atormentados por suas dores, todos no final tinham algo em comum, a perda. Em sua loja, ela cuidava deles, do seu jeitinho.

Nesse momento, enquanto arruma algumas suprimentos, seu olhar se prendia na jovem baixinha de laço azul a encarando
Sutilmente.

Desde que aqueles cinco tinham chegado aquela época, ela tomou para si a responsabilidade de cuidar deles, ambos tão perdidos... com um olhar tão quebrado. Doía, principalmente quando se falava dos três mais novos, marcados pela dor.

Inicialmente foi uma verdadeira luta desenvolver algum laço ou confiança, eles repetiam algo como, “vocês podem ser alheios”, mais o que era aquilo? Algum tipo de teoria maluca da conspiração? Estava acostumada a lidar com o paranormal mas... ET’S? Aquilo era realmente sério? Foi um processo demorado até finalmente entenderem do que se tratava, e realmente a vida trás cada surpresa. Aos poucos a explicação veio, mesmo as vezes ela ainda sendo bastante confusa.

De maneira lenta fomos nos conhecendo, os meninos se mostraram mas sociáveis, cada um do seu jeito. Já a Dara, ao seu ver, ela tinha feridas mais profundas e uma muralha gigantesca, sempre na defensiva, afastando-se de todos aqueles que tentavam se aproximar. Para chegar nela precisa saber manejar bem suas emoções, que nem com um gatinho assustado, necessita de cautela. E foi assim, agindo com uma falsa indiferença que a mais velha conseguiu derrubar algumas de suas barreiras, criando algum tipo de confiança nessa relação.

Por causa disso, Ivete, logo percebeu que alguma coisa estava errada.

A moça estava mais quieta que o normal, a senhora sabia da existência da briga de uma semana atrás, Chico tinha contado. Seu estado era de se esperar, ela tinha construído novas barreiras e parecia querer suprimir algo.

O que será?

- Ei guria – Ivete a chama de forma despreocupada.

Dara a olha de volta curiosa, Ivete sem pudor a questiona.

- o que foi menina? Tá toda murcha por que?

A garota a olha meio perdida, como se, a qualquer momento fosse desabar.

- Como assim Dona Ivete? Estou bem...

Dara é interrompida.

- Ora menina, não estou louca, esse teatrinho pode funcionar com os outros... Comigo não — ela para o que estava fazendo e se aproxima da jovem ficando cara a cara. — O que foi filha? — fixava suas íris escuras nas da mais nova.

- Dona Ivete eu... Eu ... — ela tentava ao máximo impedir o que estava por vir, ela não conseguiu mesmo com todo seu esforço, afinal, Dara ainda era uma jovem assustada aprendendo a viver nesse mundo tão maluco.

Seu olhar era frágil e Vulnerável, seus lábios tremiam junto ao seu corpo, às lágrimas começaram a escapar.

- Eu ... Não consigo mais... Por que dói tanto? — ela desaba, e é acolhida pelo abraço da mais velha que afagava seus cabelos enquanto a deixava chorar.

- Por que eles não entendem? Não é por mal... Eu os amo tanto... Só não consigo...

Ela murmurava várias coisas, uma hora com outra sem sentido, seu choro era alto e angustiante, como se estivesse preso a muito tempo...

- Estou aqui Dara, Você não está mais sozinha...

Ivete apenas ficou lá pela menina, a acolhendo e esperando seu choro cessar, sem pressa, tudo no tempo que ela precisava...

Por Sinais, linhas e canções : Nosso amor aconteceu.Onde histórias criam vida. Descubra agora