Where's My Love

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Narrador/ Xande.

Finalmente o tão aguardado dia da alta tinha chegado. Guizo e os outros estavam radiantes, finalmente o loiro iria sair daquele hospital e voltar para "casa", voltar a estar junto a eles.
A semana tinha tudo para ser perfeita, Xande estava fora daquelas paredes sufocantes, agora, habitava um quarto aconchegante com a companhia de seu melhor amigo, esse que não saiu de seu lado por nenhum momento.
As coisas deveriam voltar ao normal... Certo?

Entretanto, não foi isso que aconteceu.

As coisas sem dúvidas não estavam normais.

Ele tinha saído do hospital mas, o lugar não saiu de si.
Todos os dias alguém chegava para lhe fazer inúmeras terapias e fisioterapias, trocar seus curativos e medicalo.
Mesmo fora daquele lugar, ele não podia fazer quase nada, ninguém deixava, com receio dele se ferir novamente.

Mas como se ferir?
Não tinham mais alheios e muito menos o estrangeiro...

Estava de alta, liberado do hospital.

Deveria poder voltar a fazer coisas básicas como tomar banho sem auxílio...

Agora o rapaz de natureza inquieta se encontrava novamente preso em outra cama.

Olhava pela janela as pessoas passando, vivendo suas vidas, crianças correndo, adolescentes andando de skate...

Skate, como sentia saudades de andar pelas ruas desgovernadamente sem rumo enquanto Guizo o seguia com a câmera a todo vapor... Bons tempos.

Quando lembrava do passado não tão distante embora sim, sentia uma dorzinha nascer em seu peito.

Sentia falta de sua mãe, que agora nem dele deve se recordar...

Falta de seus amigos...
Como eles estariam?

Quanto tempo havia levado para esquece-lo?

Suspira para si, mente borbulhando.

Desde o dia que veio para sua nova casa, fica aguardando esperançoso pela visita da mais velha...

Queria tanto vê-la...

Senhor Arthur tinha dito a si que ela apenas não se sentia bem em vê-lo naquele estado, cheio de fios e preso naquele lugar...

Senhor Arthur tinha mentido para si, agora estava mais claro que nunca.

Não estava mas no hospital, estava em casa.

Dara não o visitou.
Aquilo o destruía...

Ele sabia que a mais velha estava lá, podia escutar sua voz em tom baixo ecoando pela casa, não entendi o que falava.

O que tinha acontecido com ela?

Sua voz sempre alegre, antes podia ser escutada a quarteirões (okay, talvez esteja exagerando), agora, nem dentro de uma pequena casa podia ser compreendida...

Algo estava muito errado e ele iria descobrir mesmo que aquilo cause um aperto no peito.

Umas semanas se passaram desde sua volta, sete no total.
Ainda não tinha a encontrado mas pelo menos, agora ele podia sair de seu quarto e explorar a nova residência.

Dona Ivete tinha contado a ele que Dara estava trabalhando com ela, por isso, não a encontrava.

Mais nesse dia as coisas seriam diferentes...

Os meninos tinham pegado uma virose desconhecida pelos seus corpos, como não tinham imunidade para tal, foi uma grande catástrofe.

Com medo que Xande ficasse doente e isso fragilizasse  sua saúde, Dante os levou para sua casa para serem cuidados por ele e Arthur.

Nesse espaço de tempo, como não tinha mais quem ficasse com o garoto, Dona Ivete achou prudente deixá-lo aos cuidados da baixinha, que a contra gosto concordou.

Seu plano de passar tempo com ela estava dando certo...

"Estava".

Pois ao contrário do que ele achou que seria, ela fugia de si.
Mesmo estando apenas eles dois naquela pequena casa...

Não que ela não cuidasse de si, ela o fazia com maestria.

Porém, toda a vez que o loiro tentava puxando algum assunto ela apenas se levantava sem dá explicações e saía.

O deixando alí.

Aos poucos essa repetição foi causando uma ferida que nem ele sabia que tinha...

Ela não via?

Não conseguia enxergar o quanto estava fazendo ele sangrar?

Não conseguia ver, que ao ignorar seus olhos, cravava uma espada em seu peito...

Seus olhos se enchiam e transbordavam toda a vez que ela partia...

Por Sinais, linhas e canções : Nosso amor aconteceu.Onde histórias criam vida. Descubra agora