𝟐𝟎 | 𝐂𝐄𝐍𝐀 𝐃𝐎 𝐂𝐑𝐈𝐌𝐄

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𝙹𝚄𝙻𝙸𝙰𝟶𝟸/𝟷𝟸/𝟸𝟶𝟸𝟸𝙳𝙾𝙷𝙰/𝚀𝙰𝚃𝙰𝚁

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— FOI AQUI — aponto para a porta ainda manchada com o meu sangue. Há um buraco perfurando a madeira, o buraco da bala que atravessou minha barriga e ficou presa ali. Meu corpo desacelerou a bala, fazendo com que não atravessasse a madeira. — Que ele atirou pela primeira vez.

O quarto está cheio de gente. Policiais, peritas criminais. Eles observam a cena do crime com olhos grandes e curiosos, tiram fotos, sussurram entre eles, anotam na pranchetinha e vão conversando e coletando vestígios enquanto eu digo exatamente o que aconteceu.

— E o que levou o acusado a atirar? — pergunta a perita que está ouvindo a minha declaração sobre o caso enquanto os outros fazem o procedimento do corpo de delito. — Você pode me detalhar o que lembra da conversa?

— Bom... — limpo a garganta e ajeito a postura.

Estou em pé. Não devia, mas estou. Não achei certo explicar o que aconteceu sentada numa cadeira de rodas.

— Ele disse que não aceitaria ser trocado, que... — forço minha mente a pensar e a lembrar exatamente das palavras daquele desgraçado. — Disse que não aceitaria ser abandonado e que sentia falta da menininha submissa.

A perita franze o cenho, mas faz um gesto de cabeça para que eu continue.

— Antes de atirar, ele disse: "se eu não posso te ter, ninguém mais poderá". Aí ele berrou.

— Berrou?

— É — confirmo com a cabeça. — Como se não conseguisse atirar. Ele olhava pra arma e gritava. Mas só durou alguns segundos porque... ele conseguiu.

— Hum — a mulher olha para seu companheiro ao lado. Eles trocam olhares que eu não entendo porra nenhuma, mas logo ela volta atenção para mim. — Depois do tiro você caiu no chão, imagino.

— Sim — concordo e aponto para onde eu cai. Hoje está limpo, mas acredito que na noite do ocorrido havia muito sangue aqui nesse chão. — Eu cai de costas bem aqui e ele ficou por cima de mim. Chorando. Parecia arrependido. Não dava pra decifrar o que ele sentia.

— Mas ele parecia arrependido? — ela pergunta e eu ouço alguém bufar, olho para o lado só para ver um Richarlison de braços cruzados revirando os olhos para a reação da mulher.

Richarlison veio como meu acompanhante já que também é uma das testemunhas e eu não posso estar sozinha, não nesse estado onde ainda estou fraca e medicada. Não era nem para eu ter saído do hospital, só sai porque insisti muito. Queria dar a minha palavra pra polícia e me livrar de um fardo.

— Acho que sim — é o que consigo responder ao olhar para ela de novo.

— Por que ele parecia arrependido, Senhorita Bachi?

MAGNATA ━ richarlison (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora