Leandro:
O "jantar" na casa da mamãe foi maravilhoso. Conversamos bastante sobre toda a viagem de Paula e o quanto ela mudou durante esses anos estudando medicina na Inglaterra. Minha irmã convidou alguns amigos do tempo do colégio e acabou fazendo a maior festa com diversos tipos de bebidas depois que comemos e conversamos. Como um bom baderneiro que sou, aproveitei bastante até o dia seguinte. Agora estou aqui, olhando para o teto sem vontade de sair da cama e com uma dor de cabeça terrível. Retiro um analgésico do bolso e tomo um pouco de agua que está na mesinha ao lado da cama. Meu celular toca e vejo que é o número de Leticia. Suspiro antes de atender.
- Oi Letícia! -Falo tentando não transparecer minha voz de ressaca do dia anterior.
- Oi meu amorzinho! Como foi a noite com sua irmã? Quer dizer com a minha cunhadinha?
- A noite foi maravilhosa! Você nem imagina o quanto foi e a Paula não é sua cunha... -Tento terminar a frase mais sou interrompido por Letícia.
- Está certo Leandro, eu só queria saber...
- Eu sei Leticia, mas estou atrasado para o trabalho. Preciso desligar. Mais tarde nos encontramos. - Digo a interrompendo.
-Está bem, nos vemos mais tarde!
Assinto desligando o celular e o jogando novamente a mesa ao meu lado. Uma hora depois estou em meu carro indo em direção a minha casa. No meio do caminho percebo que esqueci o meu celular na casa da minha mãe. Dou retorno na avenida e alguns metros depois avisto minha nova estagiaria caminhando na beira da calçada meio desapontada. Abaixo o vidro lhe dando um susto, e enquanto ela se recompõe diz que acabou perdendo o taxi para a faculdade. Certamente lhe dou carona até a universidade e conversamos durante o trajeto. Quando chegamos, nos despedimos e fico ali a observando sumir pelas ruas do campus. Volto minha atenção para a rua em direção a casa da senhora Lizandra.
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- Filho! Você saiu tão cedo que não o vi! -Minha mãe exclama enquanto me abraça.
- Eu estava atrasado mamãe, mas acabei esquecendo meu celular. -Falo me desvencilhando dela.
- Bom, deve estar no quarto. As empregadas ainda não entraram lá para fazer limpeza. Ela diz enquanto assinto subindo as escadas e indo na direção do quarto que eu ocupava a algumas horas atrás.
Ao chegar me deparo com o aparelho na mesma mesa próximo a cama. Pego e me viro para sair dali, mas a sola do meu sapato esbarra em algo duro que está embaixo da cama. Me curvo para pegar e estremeço quando vejo que o objeto e o diário de mamãe. Simplesmente aquele diário... rapidamente me vem a memória as lembranças daquele dia em que o encontrei no seu escritório e o li completamente. Eu tinha apenas quinze anos, e mesmo com a maturidade em construção eu sabia que o que estava escrito ali era algo muito sério. Eu precisava entender melhor...precisava de uma boa explicação... sento na beirada da cama com a intenção de abri-lo, mas ouço passos se aproximarem da porta que está semiaberta e então o jogo dentro da maleta, levantando-me e pegando o celular para sair.
-Leandro, você já vai embora tão cedo irmão? -Minha irmã aparece enrolada em um roupão cheirando a sabonete de rosas.
- Sim irmã, tenho muito trabalho por hoje e eu já estava a caminho quando percebi que tinha esquecido o celular aqui. Voltei para buscar e agora estou completamente atrasado, mas prometo lhe visitar esses dias. - Digo dando um beijo em sua testa.
-Tudo bem, vou te esperar por aqui.
O desapontamento de Paula e evidente ao me ver em pé diante da porta. Ela se afasta caminhando até seu quarto e eu sigo na direção das escadas. Mamãe está próximo a porta enquanto desço as escadas. Ela gesticula algo para os empregados com um sorriso no rosto e quando me observa ir na direção da porta, implora para eu ficar.
- Fique Leandro, vamos tomar café juntos! A Paula já deve estar acordando e...
- Acabei de falar com a Paula mamãe. Eu adoraria ficar, mas estou muito atrasado para o trabalho e ainda tenho uma reunião pela tarde. -Digo interrompendo-a antes que me obrigue.
- Bom, se cheio de compromissos vá! No entanto, não deixe de aparecer por aqui.
-Está bem, mamãe. - Lhe dou um abraço e sigo para o carro.
Enquanto sigo para o escritório, recebo uma ligação do meu mais novo cliente. Ele está com um grande problema familiar e vai me contratar para defende-lo na justiça mês que vem. Marcamos nossa reunião online as 14 horas e como são quase 11 horas acelero o carro para chegar o quanto antes. Quando chego Karla já está na recepção.
- Bom dia, senhor Seaton! Acabei de receber duas ligações de dois números diferentes. Já encaminhei para o seu e...
- Bom dia Karla, não quero ser incomodado hoje! A menos que seja por alguém que tenha o número salvo na lista de contatos. Essas duas chamadas vou retornar. Entretanto, com as próximas não farei isso! - Advirto e sigo na direção da porta.
Ela assente enquanto adentro minha sala. Jogo minha mala na bancada da biblioteca e começo folheando uns papeis para Anny organizar enquanto me preparo para a reunião que está quase começando. As 14 horas abro meu notebook e início a reunião com Eduard. Permanecemos ali até as 18 horas quando chegamos a um acordo sobre o seu caso. Fecho o notebook e enquanto arrumo minha mesa na expectativa de voltar para casa, Karla adentra a sala.
- Senhor Seaton, já estou de saída. Já organizei tudo para amanhã e a chave está em cima da mesa.
- Tudo bem Karla, já estou indo também. - Assinto.
Ela se vira para ir embora, mas parece lembrar de algo e então retorna.
- Ah senhor, a nova estagiaria não compareceu hoje...
- Anny? Mas ela confirmou presença hoje e...
- Bom, talvez ela tenha tido algum imprevisto. Estou um pouco atrasada então já vou indo.
- Está bem Karla. Obrigado por avisar. - Falo e ela vai embora.
Fico ali imóvel, olhando para o celular sem saber se ligo ou não para Anny. Talvez Karla esteja certa e ela tenha tido algum imprevisto. Então hesito em mandar uma mensagem para ela e vou embora para casa.
No dia seguinte marco outras reuniões e então passo o dia ocupado. No final do expediente Karla avisa que Anny não veio novamente que no dia anterior ligaram de um numero desconhecido pelo menos umas cinco vezes.
- Você disse que não queria ser incomodado então decidi recusar as ligações.
- Verdade. Eu deveria deixar pelo menos você atender, mas obrigado, vou retornar essas ligações.
Karla vai embora e imediatamente retorno as ligações. Na primeira tentativa a ligação cai, mas na segunda uma voz feminina surge.
-Alo.
-Alo, sou Leandro. Esse número está ligando para mim desde ontem. Posso ajudar com algo?
- Oi, sou katy, amiga da Anny. Eu só queria avisar que...
- Ah bom, eu queria muito falar com ela, já tem dois dias que ela falta no trabalho e...
- A Anny sofreu um grave acidente ontem. Ela está na UTI e encontra-se inconsciente.
- MEU DEUS! COMO ASSIM? EM QUE HOSPITAL ELA ESTÁ? - As palavras saem em desespero.
Passo a mão nos cabelos aflito. Anoto o endereço e corro para o carro seguindo para o hospital sem ao menos agradecer Katy. No caminho fico pensando no que realmente aconteceu com ela. Será que foi no momento da saída do campus? Ou na vinda para o escritório? Por fim, arfo sem saber as respostas...
Espero que esteja tudo bem Anny, espero que esteja tudo bem...
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O Melhor De Nós
Romance[EM REVISÃO] Anny Copper, uma jovem estudante, é despejada de seu trabalho atual. Recomendada por seu ex-patrão ela começa a trabalhar como estagiária para Leandro Seaton ,um advogado atraente que possui segredos intrigantes... Uma paixão avassala...