Capítulo 3

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   O sol já tinha saído, eu sabia daquilo porque conseguia ouvir as pessoas do outro lado

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   O sol já tinha saído, eu sabia daquilo porque conseguia ouvir as pessoas do outro lado. Eu não havia dormido, como eu poderia?

Pensei em muitas maneiras de fugir, ou até mesmo tirar a minha vida, mas no meu estado, eu não conseguia nem aquilo.

Como foi dito pela suprema sacerdotisa, fui retirada da masmorra pela manhã e levada até o templo, onde seis deuses estavam sentados em suas cadeiras banhadas a ouro, entre eles, deus Morthan.

Quando fui jogada ao chão de joelhos, eu juro que ele parecia gostar da minha situação. Vi no olhar dele e nos demais a satisfação. Algumas pessoas influentes, assim como o rei, estavam ali para assistir, em um modo de mostrar o que acontecia a quem desobedecia um deus. Era a forma de mostrar o poder que eles tinham em todos e tudo.

Eu estava com raiva, não conseguia me manter sã diante daquilo. Mesmo sabendo que eu merecia ser punida, sabendo das leis, eu ainda achava que era um absurdo tudo aquilo.

— Eu odeio ver uma sacerdotisa assim. — disse o deus. — Por mim, viveríamos em harmonia. Mas, eu preciso manter as pessoas cientes e lembrá-las de quem são os deuses aqui. Você entende, não é, Éris?

Olhei para meu redor vendo como todos pareciam não se importarem com aquilo, até mesmo a mulher que criou quem eu era. Eram indiferentes, todos estavam ali para assistir a minha derrota. Eu não conseguia mais ser a sacerdotisa deles, não quando me atiravam pedras por ser correta. Foi um choque saber que as divindades a quem eu mais era fiel estavam agora sentadas e prestes a me castigarem. Era horrível imaginar que eram frios naquele ponto. Eu me sentia irrelevante, diante daquilo tudo e até mesmo estar de joelhos já me deixava enjoada. Eu estava cega todos aqueles anos e eu não sabia mais a que mundo eu fazia parte.

Mas, eu sabia quem eu era. Eu era uma sacerdotisa! E independente do tipo de deus que eu estava servindo, eu jamais ia deixar meus ensinamentos para trás.

Olhei para Morthan, bem nos olhos negros e não poupei minha raiva de sair rasgada nas pròximas palavras que proferi.

— Achei que fosse benevolente, que eu estava servindo a deuses de verdade, mas acho que me enganei. — falei sem hesitar. — Paz? Harmonia? Amor pelos mortais e criaturas? — satirizei. — Mentiram desde o início. Eu fui tola em acreditar nas palavras que me disseram. — olhei para o rei com repúdio. — Você nunca será um rei digno como o seu pai era, e tudo o que você está tentando roubar será a sua maior dor. Você vai ser engolido pela riqueza e sofrerá as consequências. — ele pareceu medonho. Me voltei para Katlemi. — Espero que os pesadelos de ter tomado a decisão errada te persigam por toda a sua miserável existência. — dito aquilo, me voltei para os deuses, possessa por um ódio que jamais achei que teria. — Eu espero que vocês caiam e que sejam engolidos por um deus maior. Que sofram diariamente e que tenham suas almas queimadas pela eternidade! Que caiam, um por um.

— CALE-SE! — Morthan esbravejou e em seguida, o ferrão de sua asa bateu em meu rosto, me jogando ao chão e derramando sangue de mim. — Como ousa, criatura insignificante, dizer tais palavras diante de seus deuses? — ele me agarrou pelo cabelo, me tirando do chão e segurando meu pescoço. — Deveria agradecer que eu não vou matar você aqui. Ingrata! Assim como sua mãe, você terá o mesmo destino dela! Viverá com os porcos!

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